Publicado em 18 de dezembro de 2019 às 19:17
O presidente Jair Bolsonaro vetou nesta quarta-feira (18) a autorização para que universidades privadas apliquem o Revalida, exame para revalidar o diploma de médicos estrangeiros e de formados no exterior. >
A permissão para que instituições privadas aplicassem a avaliação fazia parte de projeto de lei, aprovado pelo Poder Legislativo, que altera as regras da prova. Ele tramitou em paralelo à medida provisória do novo Mais Médicos, que foi sancionada também nesta quarta-feira (18) em cerimônia no Palácio do Planalto.>
O projeto de lei estabelecia que instituições públicas e privadas com notas 4 e 5 (as mais altas) no Sinaes (Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior) poderiam aplicar o exame nacional. A mudança tinha o apoio do ministro da Educação, Abraham Weintraub.>
Questionado, o MEC (Ministério da Educação) informou que não vai comentar a decisão do presidente. Weintraub defendeu a inclusão de instituições privadas como forma de agilizar o processo e o veto enfraquece sua posição dentro do governo.>
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Weintraub tem tido uma relação estreita com o setor privado de ensino superior. Sua permanência na pasta no próximo ano é vista com desconfiança por aliados e integrantes do governo -Bolsonaro nega, entretanto, que planeje promover alterações no comando do ministério.>
Com o veto, que era defendido por entidades médicas, será mantida a atual regra de que apenas as universidades públicas poderão aplicar a avaliação. Além dele, o presidente impôs mais dois vetos, que, segundo ele, foram feitos para corrigir redundâncias no texto.>
"O presidente, escutando a categoria médica e entendendo que isso deve ser dever do estado, decidiu pelo veto no capítulo que diz respeito à validação do diploma por faculdades particulares. A ideia é que as faculdades públicas o façam", explicou o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta,>
Entidades médicas, como a Associação Médica Brasileira, se posicionaram contra a medida por temerem a criação de uma indústria da revalidação de diplomas.>
Em vídeo divulgado nas redes sociais, Bolsonaro disse esperar que o Congresso compreenda o veto no trecho das universidades federais. "Estamos vetando uma coisa que é normal, espero que o Congresso mantenha os vetos que foram analisados oportunamente", disse.>
Ao todo, são previstas 18 mil vagas no novo Mais Médicos em todo o país, priorizando municípios pequenos e distantes dos grandes centros urbanos. A expectativa é de que o primeiro edital seja lançado em fevereiro e que os primeiros profissionais sejam enviados em abril a municípios que participarem do programa federal.>
"A ideia é lançar um edital amplo para que se possa chamar progressivamente", disse o ministro. "Na simulação que fizemos, devemos chegar a 13.800 no Norte e no Nordeste, nas áreas de mais difícil provimento", acrescentou.>
O ministro estima que o Mais Médicos, que ainda não foi encerrado e segue em vigor, deva se estender por mais um ou dois anos até que sejam contratados, pelo novo programa, profissionais suficientes que atendam às áreas carentes.>
Segundo ele, os 2.000 médicos cubanos que ainda atuam no Brasil serão reincorporados ao Mais Médicos por um prazo improrrogável de dois anos. O ministro explicou que, nesse período, eles terão de revalidar seus diplomas. Caso não sejam incorporados ao sistema convencional brasileiro, serão desligados da iniciativa.>
Atualmente, médicos estrangeiros podem buscar a revalidação dos diplomas de duas formas. A primeira é por meio do Revalida, composto de duas fases: uma teórica, com questões objetivas, e outra prática, de habilidades clínicas.>
Um segundo modelo é feito diretamente em algumas universidades públicas, por meio de editais próprios e processo que inclui análise de disciplinas cursadas no exterior, verificação de conteúdos e complementação curricular.>
A medida provisória permitiu ainda a criação da Agência para o Desenvolvimento da Atenção Primária à Saúde, que passa a comandar o Médicos pelo Brasil. Os partidos de oposição eram contra a iniciativa por se tratar de uma associação de direito privado sem fins lucrativos.>
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