Publicado em 23 de agosto de 2021 às 11:25
BRASÍLIA - O presidente Jair Bolsonaro voltou a insistir nesta segunda-feira (23) na defesa do voto impresso, mesmo depois de a Câmara dos Deputados ter derrotado a proposta. >
"O que que é a alma da democracia? É o voto. O povo quer que você, ao votar, você tenha a certeza que o teu voto vai para o João ou para a Maria. Não quer que, num quartinho secreto, meia dúzia de pessoas conte os seus votos", disse o presidente nesta manhã, em entrevista à Rádio Regional, de Eldorado (SP). >
O presidente da República insistiu ainda em falar de um suposto ataque de hackers ao sistema do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em 2018, motivo pelo qual já é investigado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por vazamento de informações sigilosas. >
"A gente espera que tenhamos eleições limpas, democráticas e com contagem pública de votos no ano que vem. Não podemos conviver com essa suspeição", continuou. O presidente disse de novo que participará das manifestações de 7 de setembro em São Paulo e em Brasília. >
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Bolsonaro chegou a prometer reduzir a pressão pela mudança no sistema eleitoral, segundo o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), o que não ocorreu. Lira, por sua vez, foi cobrado por aliados por ter confiado na promessa do presidente. >
Mesmo depois de a PEC (proposta de emenda à Constituição) ter sido reprovada na comissão especial, o presidente da Câmara levou-a para o plenário. >
Lá também foi derrotada, mas trouxe grande desgaste a deputados. Para ser aprovada, a PEC precisava do apoio de 308 parlamentares. Teve 229 favoráveis e 218 contrários. >
A investigação de Bolsonaro pelo suposto vazamento do caso de hackers foi determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, que acolheu acolheu a notícia-crime do TSE. >
Moraes já havia decidido incluir o presidente como investigado devido à transmissão de uma live em que prometia comprovar supostas fraudes nas urnas eletrônicas, mas, ao final, apresentou apenas um compilado de relatos já desmentidos anteriormente pelo TSE. >
Após uma série de ataques à Suprema Corte, Bolsonaro apresentou na sexta-feira passada (20) pedido de impeachment do ministro Alexandre de Moraes. Ele promete ainda pedir afastamento, nesta semana, do presidente do TSE, Luís Roberto Barroso. >
Na entrevista desta manhã, Bolsonaro citou "caça às bruxas" ao criticar ainda prisões decretadas por Moraes a aliados, como o deputado afastado Daniel Silveira (PTB-RJ), o blogueiro Oswaldo Eustáquio e, mais recentemente, o presidente do PTB, Roberto Jefferson. >
Todas as prisões foram determinadas por Moraes, por ser relator dos inquéritos de fake news e dos atos antidemocráticos --este último, acabou extinto, se transformando numa nova linha de investigação de notícias falsas. >
"A gente não pode aceitar passivamente isso dizendo 'ah, não é comigo'. Vai bater na sua porta", disse o presidente nesta manhã, sem detalhar o que seria "aceitar passivamente". >
Antes de ser preso, Jefferson esteve dez dias antes no Palácio do Planalto com Bolsonaro. O encontro, no último dia 3, foi registrado na agenda oficial de Bolsonaro e contou com a presença de representantes de entidades conservadoras >
O presidente vinha sendo cobrado pela militância para reagir às operações contra aliados. Quando Silveira foi preso, não disse nada. >
Mas o pedido de impeachment de Moraes, segundo aliados do Planalto, foi "acelerado" por Bolsonaro como resposta à operação da Polícia Federal que teve como alvo, na sexta-feira, o cantor sertanejo Sérgio Reis e o deputado federal Otoni de Paula (PSC-RJ). Ambos são aliados de Bolsonaro. >
As medidas foram solicitadas pela Procuradoria-Geral da República e autorizadas pelo ministro Alexandre de Moraes. >
Ao pedir as buscas contra Sérgio Reis, a PGR afirma que o cantor quis "afrontar e intimidar os poderes constituídos" ao ameaçar parar o país por 72 horas como forma de pressionar o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), a aceitar pedido de impeachment contra ministros do STF.>
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