Cerca de 34 milhões de brasileiros não têm acesso a qualquer informação jornalística sobre o lugar onde vivem. Eles fazem parte da população de 3.280 municípios que são considerados desertos de notícias. Seis em cada dez municípios no Brasil estão nessa situação. O dado é parte dos resultados obtidos na quarta edição do Atlas da Notícia, iniciativa anual do Projor patrocinada desde 2018 pelo Facebook Journalism Project (FJP) e o maior e mais completo levantamento sobre a presença do jornalismo local no país.
Realizada em parceria institucional com a Abraji e Intercom, a quarta edição contou com a colaboração de 219 voluntários de 74 organizações, como escolas de jornalismo. O relatório detalhado da pesquisa será divulgado nesta quarta-feira, 3 de fevereiro, pelo Observatório da Imprensa.
A nova edição inclui um pacote de dados na linguagem R que visa facilitar o acesso aos dados por parte de pesquisadores, jornalistas e programadores. O front de pesquisa, análise e mapeamento do Atlas está a cargo da agência Volt Data Lab, liderada pelo jornalista Sérgio Spagnuolo. Já a coordenação da equipe de pesquisadores e da redação dos resultados da pesquisa é de responsabilidade do jornalista Sérgio Lüdtke.
O Atlas da Notícia mapeou 13.092 veículos jornalísticos em atividade em 2020. O levantamento também apontou o fechamento de 272 veículos e incorporou à base 1.170 novos veículos nativos digitais, a maior parte deles na região nordeste do país. O registro desses novos meios digitais levou à redução do número de desertos em cerca de 5,9% em relação à terceira edição da pesquisa.
“O Atlas da Notícia é uma espécie de censo da imprensa local brasileira", diz Francisco Belda, presidente do Projor. "Além do mapeamento geográfico, a pesquisa gera também dados importantes como o tipo de conteúdo publicado e o fechamento de veículos. São informações essenciais para iniciativas focadas no aprimoramento do jornalismo local brasileiro."
"Como em qualquer 'censo', os dados precisam de tempo e de constante atualização para começar a refletir mudanças importantes," diz Sérgio Spagnuolo, coordenador de dados do projeto. "Em levantamentos anteriores, os dados mostravam o impresso ainda muito presente. Agora, com a ampliação das nossas bases e aprofundamento da pesquisa, conseguimos ver a expansão do jornalismo online."
"Nesta quarta edição, dividimos nossos esforços em duas frentes", diz Sérgio Lüdtke, coordenador da equipe de pesquisadores. "Por um lado, procuramos qualificar a base do Atlas, atualizando e agregando mais informações aos veículos que já constavam dela; E, por outro lado, nos focamos nas áreas que apareciam como desertos nas pesquisas anteriores". Para isso, os pesquisadores usaram softwares como CrowdTangle para identificar novos veículos e os colaboradores passaram a coletar também dados de outros estados".
"O Facebook está comprometido em criar parcerias e investir no ecossistema de notícias locais para apoiar a imprensa em toda a região. Desde 2018, patrocinamos o Atlas da Notícia com o objetivo de colaborar com a indústria de notícias para entender suas necessidades e trazer recursos relevantes aos veículos e às suas comunidades." afirma a gerente de Programas para Veículos de Notícias da América Latina do Facebook, Dulce Ramos.
Realizada localmente nas cinco regiões brasileiras, a pesquisa do Atlas conta com os seguintes pesquisadores regionais: Angela Werdemberg (Centro-Oeste), Dubes Sônego (Sudeste), Jéssica Botelho (Norte), Marcelo Fontoura (Sul) e Mariama Correia (Nordeste).
A equipe do Atlas da Notícia agradece à Associação Nacional de Jornalismo (ANJ) e às seguintes escolas de jornalismo pela colaboração decisiva de seus alunos, além de colaboradores individuais, na catalogação de veículos:
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