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Ataque de pistoleiros em MS deixa um indígena morto e ao menos 4 feridos

Ataque de pistoleiros em MS deixa um indígena morto e ao menos 4 feridos

O MPI afirmou que instituiu no início do mês um grupo de trabalho com foco na elaboração de subsídios técnicos para a mediação de conflitos fundiários envolvendo os povos indígenas no sul de Mato Grosso do Sul

Publicado em 17 de novembro de 2025 às 09:55

Cartuchos recolhidos pela comunidade indígena
Cartuchos recolhidos pela comunidade indígena Crédito: Reprodução/g1 MS/Comunidade de Takoha Pyelito Kue

Um indígena morreu e ao menos outros quatro ficaram feridos após um ataque de pistoleiros na comunidade de Pyelito Kue, da etnia guarani kaiowá, em Iguatemi (MS), na madrugada do último domingo (16). O território é alvo de conflitos fundiários e passou por um processo recente de retomada (reocupação) por parte dos guaranis kaiowá.

De acordo com o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), Vicente Fernandes Vilhalva Kaiowá e Guarani, 36, foi assassinado com um tiro na cabeça após o ataque na terra indígena (TI) Iguatemipeguá I. Outros quatro indígenas, sendo dois adolescentes e uma mulher, foram atingidos por disparos nos braços e no abdômen, sendo que três dos feridos foram atingidos por balas de borracha.

Em nota, a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) afirmou que atua na situação em conjunto com o Ministério dos Povos Indígenas (MPI) e que acionou os órgãos de segurança pública estaduais e federais. A autarquia disse que é necessária uma investigação rigorosa e uma ação conjunta para combater os grupos de pistoleiros que atuam na região.

O MPI afirmou que instituiu no início do mês um grupo de trabalho com foco na elaboração de subsídios técnicos para a mediação de conflitos fundiários envolvendo os povos indígenas no sul de Mato Grosso do Sul. "Todas as mortes são inaceitáveis e essa acontece ao mesmo tempo em que o mundo discute e já percebe a importância dos povos indígenas para a mitigação da crise climática debatida na COP30, infelizmente mostrando que não existe trégua na perseguição aos defensores do clima", afirmou a ministra Sonia Guajajara.

De acordo com a Funai, as retomadas dos indígenas guaranis kaiowás na região do ataque deste domingo se intensificaram nos últimos meses com o objetivo de "frear a pulverização de agrotóxicos, que vem causando adoecimento e gerando insegurança hídrica e alimentar", afirmou a entidade. Os povos indígenas Guarani e Kaiowá Aty Guasu afirmaram que Vicente era uma liderança na comunidade e reforçou o pedido de apoio a órgãos governamentais para garantir a segurança das famílias em Iguatemi.

"Não aceitamos mais ser tratados como invasores em nossas próprias terras. A Constituição Federal garante nossos direitos, e o Estado brasileiro tem o dever de proteger nossos povos". Procuradas, a Secretaria Estadual de Segurança Pública, a Polícia Civil e a Polícia Federal não responderam até a publicação da reportagem.

O relatório anual de violência do Cimi divulgado em julho deste ano apontou que o número de indígenas assassinados em todo o Brasil subiu pelo terceiro ano consecutivo em 2024, quando chegou a 211. Mato Grosso do Sul foi o terceiro estado que registrou mais mortes (33), atrás de Roraima (57) e Amazonas (45).

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