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É facilitadora de gestão de finanças e pessoas e especialista em Educação do Ailos

Quando o dinheiro acaba, o amor se vai com ele?

Nosso bem-estar emocional, nossas relações, nossas experiências e nossos afetos são todos diretamente envolvidos e impactados quando nossa vida financeira não vai bem

  • Querli Tolfo É facilitadora de gestão de finanças e pessoas e especialista em Educação do Ailos
Publicado em 23/06/2023 às 14h32

Eu achava que não, até entender que a insônia por não pagar as contas em dia ou não saber o que fazer para prover as necessidades da família carregava esse medo.

E isso acontecia muito antes do fim do mês.

Sei que não estou sozinha – muitas famílias brasileiras vivem ou já viveram essa situação. O último levantamento do Serasa, com o mapa do endividamento do brasileiro, trouxe os seguintes dados para uma reflexão: 33,8% dos brasileiros estão em situação de inadimplência e as faixas etárias com as maiores fatias da população com nome restrito são de 24 a 40 anos e 41 a 60 anos, cada uma delas representando 34,8% do total dos inadimplentes.

Essas são faixas etárias que geram renda, então faz sentido. O levantamento aponta, ainda, que entre 24 e 40 anos é quando estamos adquirindo bens e conhecimento (casa, carro, estudos – nossos e dos filhos); e dos 41 aos 60 anos já deveríamos ou poderíamos, em tese, estar mais organizados, nos preparando para a aposentadoria. Entretanto, os números mostram também que grande parte da população, no período que compreende a vida adulta, está lutando para sobreviver financeiramente.

E o que isso tem a ver com a parte afetiva da história?

Simples: nosso bem-estar emocional, nossas relações, nossas experiências e nossos afetos são todos diretamente envolvidos e impactados quando nossa vida financeira não vai bem.

O endividamento financeiro, segundo o artigo “The impact of debt on mental health: a systematic review” (O impacto da dívida na saúde mental: uma avaliação sistemática, em livre tradução), publicado no Jornaul of Mental Health em 2018, concluiu que há evidências de que o endividamento está associado a um aumento no risco de problemas de saúde mental, aumentando a ansiedade, depressão e problemas de saúde mental graves, além de aspectos físicos, como doenças cardiovasculares. E tudo isso, obviamente, interfere nas relações interpessoais.

No fim do dia – ou do mês –, não é o dinheiro ou a falta dele que faz o amor sair pela janela. E, sim, a insegurança do amanhã que afeta as relações. Por isso, convido você a usar parte do seu tempo para estudar sobre educação financeira. Eu sei (sei de verdade!) que pode parecer chato preencher planilhas e controlar os gastos, mas, acredite, é um treino que logo se torna hábito. Em pouco tempo você nem perceberá e isso fará parte da sua rotina. Você conseguirá ter noção da situação e se organizar aos poucos.

Não tenha medo de dar esse passo. As noites bem dormidas voltarão, e a certeza da comida na mesa e das contas em dia deixarão tudo mais leve e feliz.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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