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O poder da agroindústria capixaba: como avançar mais?

Os números são expressivos, mas ainda há muito o que ser feito. Muitas famílias ainda enfrentam diversos desafios, tais como adequação das instalações, cumprimento da legislação sanitária, acesso ao crédito, aquisição de equipamentos e comercialização

  • Romildo Antonio Fardin É fundador da Doces Fardin
Publicado em 20/04/2025 às 10h00

Em uma ida ao supermercado, encontramos diversos doces, bebidas, conservas, queijos, embutidos, carnes defumadas, etc. Muito presentes no nosso dia a dia, tais itens são produzidos em agroindústrias de diversas regiões capixabas e brasileiras.

A agroindustrialização é a transformação das matérias-primas da agricultura, pecuária, pesca, aquicultura e silvicultura em alimentos, cosméticos, roupas, sapatos e até mesmo biocombustíveis. De acordo com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), vinculada ao Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), a agroindústria corresponde a 5,9% do Produto Interno Brasileiro (PIB).

O Censo Agropecuário 2017, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apontou que o Brasil tinha 1.527.056 agroindústrias distribuídas, e certamente esses números cresceram significativamente ao longo dos últimos anos.

Produção de queijo é destaque na agroindústria de Linhares
Produção de cachaça é destaque na agroindústria de Linhares. Crédito: Álvaro Queiroz / TV Gazeta

No passado, por volta da década de 1990, a atividade foi o caminho encontrado por muitas famílias de zonas rurais para uma fonte de renda ou apenas uma complementação. Isso porque muitas pessoas tinham dificuldade para conseguir um trabalho formal, devido a diversos fatores sociais, tais como falta de escolaridade, distância das áreas urbanas, etc., e buscaram sustento na própria região onde viviam.

Surgiram, assim, as agroindústrias familiares, que são classificadas como individuais, quando só um núcleo familiar está envolvido no beneficiamento da matéria-prima, ou coletiva, quando há a união de diferentes famílias para a realização do processo.

E o que começou como questão de sobrevivência ganhou e continua ganhando força. O Espírito Santo, por exemplo, conta com 4.148 agroindústrias familiares, de acordo com dados de 2017 do IBGE. Juntas, geram aproximadamente 16 mil empregos diretos e um faturamento mensal de mais de R$ 75 milhões.

De acordo com o Diagnóstico da Agroindústria Familiar no Espírito Santo, conduzido pelo Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), em 75 municípios capixabas em 2018, a média do faturamento das agroindústrias capixabas, individuais e coletivas, foi de mais de R$ 18 mil mensais. Segundo a pesquisa, a atividade agroindustrial é a principal fonte geradora de renda para 48,3% das famílias.

O levantamento também apontou que mais de 90% dos estabelecimentos estão localizados em áreas rurais. Além disso, mais de 84% foram instaladas nas próprias propriedades das famílias. As principais matérias-primas utilizadas são a farinha de trigo, frutas como banana, abacaxi e mamão, leite, café, carne e mandioca.

Os números são expressivos, mas ainda há muito o que ser feito. Muitas famílias ainda enfrentam diversos desafios, tais como adequação das instalações, cumprimento da legislação sanitária, acesso ao crédito, aquisição de equipamentos, comercialização de produtos, etc. É preciso um trabalho conjunto para que os itens produzidos nas agroindústrias capixabas sejam ainda mais reconhecidos e comercializados no Espírito Santo, no Brasil e no mundo.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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