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Logística, localização e café de qualidade atraem agroindústrias ao ES

Logística, localização e café de qualidade atraem agroindústrias ao ES

Espírito Santo, que já se notabiliza pela produção do grão, especialmente o conilon, atrai investimentos no setor de beneficiamento voltado à exportação

Publicado em 3 de setembro de 2023 às 01:25

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Aroma Capixaba
O Espírito Santo deu um salto na produção do café solúvel após a modernização e chegada de agroindústrias nos últimos anos. (Ulrike Leone/Pixabay)
Autor - Michelli Angeli
Michelli Angeli
Analista de Distribuição / [email protected]

O Brasil é o maior produtor e exportador de café do mundo. E nos últimos anos o Espírito Santo, segundo dados da Secretaria de Estado de Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca (Seag), é destaque nacional na exportação de café solúvel, tendo as agroindústrias do Estado chegado a 122% de crescimento no último ano. Com localização geográfica estratégica e um café de qualidade, o ES recebe cada vez mais empresas do ramo e incentivos para manter a produção.

Em comparação com o restante do país, o ES vê sua participação e produção de café crescer a cada ciclo. Ainda de acordo com dados da Seag, Paraná e São Paulo, principais exportadores do grão, tiveram quedas no volume de exportação de -19,3% e -3,4%, respectivamente, enquanto o Espírito Santo registrou aumento significativo de 63,4%. Esse crescimento é reflexo de investimentos em indústrias.

Aroma capixaba - Pauta 11
A Cacique se instalou em Linhares, no Norte do Estado, onde produz café solúvel para exportação. (Cacique/Divulgação)

Uma das maiores exportadoras de café solúvel do Brasil, a Cacique, se instalou no Estado em 2021. A agroindústria localizada em Linhares, no Norte do Espírito Santo, conta com um espaço de 500 mil metros quadrados e produção média de 12 mil toneladas de café solúvel por ano. A fábrica também está presente no Paraná e em São Paulo, mas decidiu vir para o Estado pela qualidade do café, proximidade com a matéria-prima, logística e estrutura portuária, como explica o CEO da empresa, Sergio Pereira.

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A Cacique compra café do ES também para a produção da fábrica que fica localizada em Londrina, onde temos a produção interna, e foi instalada no Espírito Santo exclusivamente para a produção de exportação. O ES ainda é o maior produtor de robusta (conilon) no país, atrás apenas do Vietnã. Então foi uma decisão estratégica e eu diria até lógica migrarmos com uma unidade industrial para o Espírito Santo

Sergio Pereira
CEO da Cacique de Café Solúvel
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Geração de empregos

Um dos pontos importantes tratados pela Cacique também é a geração de empregos. A unidade de Linhares conta com toda a mão de obra local, com cerca de 250 empregos diretos. “Começamos com 200, tivemos uma pequena expansão, e já estamos com 250 empregos diretos, fora os indiretos que proporcionamos à região. Nós compramos muitos materiais na área de Linhares e até Aracruz”, destaca Valderi Cristiano, diretor industrial da Cacique.

Outros protagonistas no cenário das agroindústrias são os produtores. Cristiano traduz o dado de produção - em que a empresa exporta cerca de 12 mil toneladas de café solúvel - em sacas. A produção, segundo o diretor industrial, recebe de 550 mil a 600 mil sacas de café por ano e vai além, descrevendo toda a relação da indústria com os agricultores capixabas.

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Estar no Espírito Santo, tão próximo dos produtores capixabas, sempre foi um desejo da Cacique, já que temos uma relação de longa data com essa região. Nós fomos uma das primeiras empresas a começar a utilizar o café do Espírito Santo, de produtores capixabas, na produção de café solúvel no Brasil

Valderi Cristiano
Diretor industrial da Cacique de Café Solúvel
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No ponto de vista econômico, o CEO afirma que o Estado torna-se mais atrativo, visto que não é necessário realizar o transporte do café verde capixaba até Londrina, para depois voltar com o produto ao porto, estando, assim, no centro da matéria-prima.

Atração de investimentos

Tratando-se sobre a importância da instalação de grandes agroindústrias do setor no Estado, o secretário de Estado de Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca, Enio Bergoli, afirma que nenhuma outra região cafeicultora do Brasil tem atraído tantos investimentos na indústria quanto o ES.

Enio Bergoli, secretário de agricultura durante evento Tecnoagro em LInhares
Enio Bergoli, secretário estadual de Agricultura aponta que o ES tem atraído agroindústrias voltadas para o segmento do café. (Vitor Jubini)

Com matéria-prima próxima, logística e estruturação, além de localização geograficamente estratégica, a região atrai o mercado e anima investidores. Com produção de café solúvel já sendo exportado, o Estado caminha para se tornar o maior polo de exportação do produto do Brasil.

“Essas agroindústrias vão impactar muito no nosso mercado. Elas se instalaram porque a matéria-prima está aqui, 70% do conilon do Brasil está aqui. E a chegada é muito importante para o Estado, afinal gera emprego e renda, oportunidade de exportarmos com valor agregado maior. Daqui a três anos, o Espírito Santo deve ser o maior exportador de solúvel do Brasil”, descreve o secretário.

Trabalho cooperado

Na linha de frente da produção estão as cooperativas, que lidam diretamente com a ponta do setor produtivo, nas áreas de representação do mercado. O analista de mercado do sistema de Organização das Cooperativas Brasileiras do Espírito Santo (Sistema OCB/ES), Alexandre Ferreira, diz que a chegada das indústrias de café ao Estado é benéfica também para o cooperativismo, e que garante melhores negócios para os produtores, tão importantes para os resultados de mercado.

Exportações de café Café Solúvel no ES mais que dobram.
A instalação impactante de indústrias focadas na produção dos cafés solúveis traz benefícios aos cafeicultores capixabas. (Unsplash/María Sainz Cabezalí)

“A chegada das agroindústrias de café é positiva ao cooperativismo, pois permitirá gerar melhores negócios para os produtores cooperados, por meio de um relacionamento mais estreito entre as cooperativas e a indústria. Outra vantagem criada por essa proximidade é que as indústrias poderão conhecer a fundo as necessidades do setor produtivo, especialmente as das cooperativas, e a partir disso estabelecer estratégias e parcerias que contribuirão para o fortalecimento de toda a cadeia produtiva do café no Estado”, explica o analista.

Ainda na visão do setor cooperativista, o presidente da Cooabriel, de São Gabriel da Palha, Luiz Carlos Bastianello, considera os investimentos positivos para o desenvolvimento econômico e social do Estado, gerando empregos e renda nas regiões das plantas industriais, além de representar o fortalecimento de parcerias comerciais já existentes.

Produção de café predomina nas lavouras capixabas, sendo o principal produto em 61 das 78 cidades
Os produtores de conilon do ES se beneficiam da instalação de agroindústrias de cafés, visto que a variedade é dominante na produção da bebida na forma solúvel. (Incaper/Divulgação)

Para ele, ainda, é fundamental que haja diálogo contínuo entre indústria e cooperativa, para alinhar expectativas e gerar inclusão de todos os elos da cadeia produtiva.

“Esses novos investimentos podem representar o fortalecimento de parcerias comerciais, bem como a abertura de novos mercados, o que pode representar crescimento da cadeia produtiva. E para a consolidação desses benefícios, é fundamental que haja diálogo e alinhamento de expectativas, a fim de que os diversos elos dessa cadeia possam ser incluídos e, por consequência, beneficiados e fortalecidos”, afirma.

Destaque para o ES

O gerente-executivo do negócio do café da Nater Coop, Giliarde Cardoso, afirma que a importância do cenário das agroindústrias no ES é fazer o mercado enxergar cada vez mais o Estado.

A cooperativa vê com bons olhos a instalação de mais projetos, sendo necessário sempre evoluir quando se trata do agro. Já para o produtor, a importância é o valor agregado pela industrialização e é neste momento em que a cooperativa se torna também muito importante no diálogo entre as duas pontas produtivas, descrita pelo gerente como uma “via de mão-dupla”.

Cantinho do café
O café é uma das bebidas mais consumidas em todo o mundo e o Espírito Santo é referência na produção do grão. (Shutterstock)

“E o que pode melhorar é o suporte para o produtor entender o que pode evoluir e o que a indústria demanda, desde certificações e iniciativas que podem fazer sentido para o setor. É uma via de mão-dupla, em que produtor, cooperativa e indústria precisam unir forças e tenho certeza que estamos no caminho certo”, conclui Cardoso.

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