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Museu do Louvre: como ainda erramos o básico em segurança de dados

O episódio, ainda que em um contexto físico, dialoga diretamente com os desafios da segurança na era digital: não se trata apenas de tecnologia avançada, mas de processos e cultura

  • Eduardo Glazar É CSO da Globalsys
Publicado em 07/11/2025 às 16h05

Em plena era da hiperconectividade, em que a inteligência artificial reorganiza processos e a automação já faz parte do cotidiano das empresas, ainda nos surpreendemos com falhas básicas de segurança. Recentemente, o roubo de obras no Museu do Louvre repercutiu no mundo inteiro.

Um dos pontos mais discutidos foi como um dos acervos mais valiosos do planeta sofreu uma vulnerabilidade operacional tão elementar. O episódio, ainda que em um contexto físico, dialoga diretamente com os desafios da segurança na era digital: não se trata apenas de tecnologia avançada, mas de processos e cultura.

A privacidade de dados segue o mesmo caminho. Hoje, qualquer organização — de uma startup a uma grande corporação — lida com informações sensíveis. Ainda assim, vemos incidentes decorrentes de senhas simples, acessos sem controle, ausência de dupla autenticação e falta de monitoramento. São erros evitáveis, mas que continuam acontecendo porque a segurança, muitas vezes, é tratada como algo secundário ou burocrático.

Quando falamos de segurança da informação, há três pilares fundamentais: tecnologia, processos e pessoas. E é justamente no equilíbrio entre eles que as empresas falham. Podemos ter a melhor estrutura tecnológica, com sistemas modernos e ferramentas robustas, mas se um colaborador não souber identificar um e-mail de phishing, ou se não houver políticas claras de acesso, a vulnerabilidade permanece.

A tecnologia existe para nos proteger, mas ela precisa ser acompanhada de educação contínua. Não basta implementar um sistema de proteção se as equipes não entendem por que ele está ali. Não basta criptografar dados se as rotinas de auditoria não são realizadas. Segurança não pode ser um projeto com início e fim, deve ser permanente.

Outro ponto importante é compreender que o investimento em segurança não é gasto, é prevenção. Assim como no Louvre, proteger um patrimônio exige antecipação, e não reação. No universo digital, essa lógica é ainda mais crítica: um vazamento pode destruir reputações, comprometer relações estratégicas e gerar prejuízos financeiros irreparáveis.

Defendemos uma cultura em que segurança é parte do negócio. Isso significa treinar pessoas, revisar processos e aplicar tecnologia com inteligência. Significa olhar para a privacidade como valor e não apenas como obrigação legal. E significa reconhecer que pequenas falhas, quando negligenciadas, podem se tornar grandes crises.

Se vivemos uma era em que a tecnologia avança de forma exponencial, é preciso que nossa responsabilidade com ela avance na mesma proporção. O futuro será cada vez mais digital — e ele precisa ser, acima de tudo, seguro.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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