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É biólogo, analista ambiental e mestrando em Biologia Animal pela Ufes

Microplásticos: os pequenos grandes vilões do meio ambiente global

Além de poluir os mares e matar milhares de animais, partículas minúsculas de plástico também contamina diariamente os seres humanos, seja por meio de alimentos, seja pelo ar que respiramos

  • Daniel Gosser Motta É biólogo, analista ambiental e mestrando em Biologia Animal pela Ufes
Publicado em 24/07/2021 às 14h00
Estudo canadense estimou que uma pessoa ingere de 75 a 120 mil partículas de microplástico por ano
Estudo canadense estimou que uma pessoa ingere de 75 a 120 mil partículas de microplástico por ano. Crédito: @5gyres

A grande parte dos plásticos são descartados de forma inapropriada, sendo eles carreados para os rios, chegando aos mares e oceanos. Com isso, tornam-se o tipo de lixo mais frequente no ambiente marinho, sendo os microplásticos os principais poluentes dos oceanos.

Os microplásticos (MPs), como o próprio nome diz, são pequenas partículas de plásticos com tamanho inferior a 5 milímetros, e apresentam duas origens. Os de origem primária já são fabricados em forma de MPs e são chamados de pellets, amplamente utilizados na fabricação de tecidos sintéticos, esfoliantes, gliters e produtos de higiene bucal. Já os de origem secundária são provenientes da degradação dos milhões de plásticos que estão à deriva nos oceanos, que por influência das ondas, variações de temperatura, radiação solar e microrganismos, liberam aos poucos pequenos fragmentos ou filamentos de plásticos ao meio ambiente.

Devido ao seu pequeno tamanho, os MPs podem ser facilmente assimilados por diferentes tipos de seres vivos e podem ser encontrados em todos os ambientes possíveis, como no ar que respiramos, no topo do Everest, na neve da Antártica e na Fossa das Marianas, que possui 11 km de profundidade e está localizada no Oceano Atlântico.

Os MPs vêm causando danos imensuráveis ao meio ambiente global, sendo possível destacar o acúmulo deles no trato digestivo de animais, que poderão morrer por intoxicação e/ou inanição, ou seja, pela falta de alimentos. Além disso, os MPs têm a capacidade de absorver agrotóxicos, metais pesados e outros produtos tóxicos encontrados na água, aumentando ainda mais a sua capacidade de intoxicação.

Outra questão que chama a atenção é que os seres vivos da base da cadeia alimentar, como plânctons, moluscos e crustáceos, que são os primeiros a assimilarem os MPs, podem acabar acumulando essas partículas nos tecidos. O que ocorre então é que esses seres vivos são predados por animais que também se contaminarão e servirão de presas para outros, e assim sucessivamente. Dessa forma, toda a cadeia alimentar será contaminada e os animais que estiverem nos topos das cadeias acumularão as maiores quantidades de MPs.

Entre os animais que estão no topo, nós, seres humanos, somos contaminados diariamente por microplásticos provenientes dos alimentos que ingerimos, bem como pelo ar que respiramos, ao passo que já foram encontrados MPs em órgãos como intestino, placenta e pulmões. Um estudo canadense estimou que nós ingerimos de 75 a 120 mil partículas de MPs por ano, enquanto um estudo norte-americano mostrou que cada cidadão consome 6 metros de fita de plástico anualmente.

Diante dessas informações preocupantes, vale ser repensado o consumo excessivo de plástico e o descarte correto dele, pois muitas pessoas ainda jogam todo tipo de lixo no meio ambiente. Além disso, atenção: o que não vai para o lixo acaba no mar!

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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