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É presidente da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes)

Concessão da Codesa é primeiro passo para transformar logística do ES e do Brasil

A oportunidade que se abre neste momento com a desestatização da Codesa é imensa. Estamos sendo modelo para o Brasil e poderemos avançar em modernidade e eficiência no Porto de Vitória e explorar todo o potencial de Barra do Riacho

  • Cris Samorini É presidente da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes)
Publicado em 04/04/2022 às 14h00
Complexo Portuário de Vitória, Companhia Docas do Espirito Santo, (Codesa)
Companhia Docas do Espirito Santo, (Codesa)Companhia Docas do Espirito Santo, (Codesa). Crédito: Fernando MadeiraFernando Madeira

O resultado do leilão da Codesa – arrematada nesta quarta-feira (30) pela Quadra Capital - é um verdadeiro sopro de ânimo para a infraestrutura do Espírito Santo e do país. Aliás, mais do que isso, é um indicativo de que estamos rompendo barreiras que há décadas nos acompanham e que minam diariamente a capacidade produtiva e competitiva dos nossos negócios.

A desestatização dos Portos de Vitória e Barra do Riacho dá a largada para o Espírito Santo potencializar toda a sua vocação logística, uma vantagem histórica que perdeu fôlego ao longo dos anos diante da falta de capacidade do poder público de investir em infraestrutura.

Não custa lembrar que, apenas para fazer a dragagem do Porto de Vitória e garantir uma profundidade maior foram cerca de 20 anos. Estamos falando de duas décadas perdendo a chance de movimentar navios com maior calado e, portanto, deixando de importar e exportar mais mercadorias pelo terminal capixaba, deixando de gerar receitas, emprego e renda.

Um exemplo claro do dinamismo que a nossa economia perdeu e ainda perde com as amarras de um sistema burocrático, engessado e com grande influência política é a redução do número de rotas diretas internacionais e a necessidade de empresas – a exemplo das dos setores de rochas e café - terem que fazer o transbordo de cargas para terminais como os do Rio de Janeiro e de São Paulo.

Essa dinâmica encarece o custo do frete em até 30% e aumenta o tempo de transporte das mercadorias em cerca de 15 dias. Ou seja, cria para as nossas indústrias e empresas de forma geral uma grande desvantagem competitiva, fazendo com que o Espírito Santo perca protagonismo no comércio exterior. Isso é inadmissível!

Hoje somos o 9º Estado que mais exporta e o 10º que mais importa, de acordo com dados de 2021 do governo federal. Já estivemos no 5º e no 6º lugar no ranking nacional, respectivamente. Não podemos nos conformar com essa perda de posições. Aliás, nosso empenho – e a Findes trabalha firme nessa direção - deve ser no sentido de nos consolidarmos como hub logístico para o Brasil e para o mundo.

A oportunidade, portanto, que se abre neste momento com a desestatização da Codesa é imensa. Estamos sendo modelo para o Brasil e poderemos avançar em modernidade e eficiência no Porto de Vitória e explorar todo o potencial do Porto de Barra de Riacho, em Aracruz, cidade inclusive que foi incluída na área da Sudene em 2021 e deve despontar na atração de projetos nos próximos anos.

Esta é uma chance para o Estado dar um salto de desenvolvimento, especialmente se esse processo vier acompanhado da estruturação de mais modais logísticos. Além dos portos concedidos à iniciativa privada nesta quarta-feira, temos os terminais da Imetame, o Porto Central e da Petrocity como opções para consolidar a infraestrutura portuária.

Esperamos que a cabotagem ganhe robustez, por meio do programa BR do Mar, que a BR 262 seja licitada neste ano, que a EF-118 saia do papel, e que o governo federal destine recursos para a Ferrovia Centro Atlântica (FCA), de modo a consolidar o Corredor Centro-Leste, ramal ferroviário que liga o centro do país ao litoral capixaba e que vai ser determinante para tornar o Espírito Santo uma referência de corredor verde para o Brasil e para o mundo.

Opções de como transformar a economia local e nacional não faltam. Basta que essa agenda de infraestrutura seja bem planejada e executada. Até porque uma localização estratégica sem um projeto de desenvolvimento claro e bem articulado não é suficiente para mudar o curso de desenvolvimento de uma região.

Estamos diante de um momento em que esse curso começa a ser transformado. A privatização da Codesa é uma sinalização de mudança da histórica paralisia do Estado. Rompemos a primeira etapa. Que ela seja a primeira de muitas!

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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