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É gestora do Sebrae Delas no Espírito Santo

Empreendedorismo feminino: como as mulheres capixabas vencem as desigualdades

Refletindo os esforços da mobilização feminina, um levantamento do Sebrae contabiliza 10,4 milhões de mulheres donas de negócio no Brasil. No Espírito Santo, são mais de 198 mil empreendedoras

  • Suzana Fernandes É gestora do Sebrae Delas no Espírito Santo
Publicado em 19/11/2025 às 10h00

Neste 19 de novembro, Dia Internacional do Empreendedorismo Feminino, temos a certeza de que esse movimento não cresce apenas em números, mas em vínculos. No Espírito Santo, as mulheres têm encontrado força, apoio e direção em iniciativas coletivas que aproximam trajetórias, encurtam caminhos e transformam realidades.

Em comunidades urbanas, rurais, periféricas, indígenas e quilombolas, elas têm criado espaços próprios de troca, acolhimento e colaboração, fortalecendo umas às outras para empreender com mais segurança, autonomia e propósito.

Coletivos como o Conectando Mulheres, em Vitória, que reúne empreendedoras de periferias para debater ideias, compartilhar conhecimentos e abrir portas para novas oportunidades; e o R5, da Grande Terra Vermelha, em Vila Velha, que promove apoio financeiro e intelectual para donas de negócio da região por meio do Marketing de Comunidade, mostram que, quando as mulheres se organizam, o impacto se multiplica.

Esse movimento também pulsa com força entre mulheres indígenas e quilombolas do Estado: em Aracruz, artesãs indígenas transformam saberes ancestrais em geração de renda por meio do artesanato; já em São Mateus e Conceição da Barra, grupos quilombolas mantêm viva a tradição do beiju, iguaria à base da goma e da massa da mandioca, mostrando que empreendedorismo é também preservação cultural.

Refletindo os esforços da mobilização feminina, um levantamento do Sebrae contabiliza 10,4 milhões de mulheres donas de negócio no Brasil. No Espírito Santo, são mais de 198 mil empreendedoras, sendo que a maioria – 55% - é de mulheres negras. Apesar de se organizarem em coletivos e redes de apoio, elas ainda enfrentam disparidade salarial, recebendo cerca de 20% a menos que os homens donos de negócio.

A pesquisa demonstra que as mulheres dedicam cerca de seis horas a menos por semana às próprias empresas que os homens, justamente pela sobrecarga com os serviços domésticos e cuidados com os filhos. 73% das empreendedoras capixabas são mães e 48% são chefes de família, responsáveis pela maior parte da renda do lar - um cenário que evidencia os maiores desafios enfrentados por elas.

As desigualdades persistem, mas estão diminuindo com o passar do tempo. Em 2012, a diferença de renda entre mulheres e homens empreendedores era de 30,3%; hoje, caiu para 24,4%, reflexo da resiliência das empreendedoras e do incentivo ao protagonismo, aprendizagem e oportunidades.

O projeto Todas Elas, da Rede Gazeta, por exemplo, tem o objetivo de encorajar as mulheres capixabas na busca por seus direitos, questionando desigualdades e apoiando denúncias de violências sofridas. Já o programa Sebrae Delas oferta capacitações, networking e consultorias exclusivas para negócios liderados por mulheres.

É nesse contexto que iniciativas de grande porte ganham ainda mais sentido. No Dia Internacional do Empreendedorismo Feminino o Espírito Santo se torna palco de um dos eventos mais representativos desse movimento: o EMPODERAdonas. Mais que um encontro, o evento é um grande ponto de convergência da energia criativa, profissional e afetiva que move as empreendedoras capixabas.

Veja um resumo do que rolou no EmpoderaDONAS
EMPODERAdonas. Crédito: Rodrigo Gavini

Reconhecido como o maior evento de empreendedorismo feminino do Espírito Santo, o EMPODERAdonas é uma oportunidade para que milhares de mulheres — sim, são esperadas mais de 3 mil pessoas durante todo o dia de programação — discutam temas como representatividade, autocuidado, diversidade, inovação, criatividade, além de conhecer jornadas inspiradoras de empreendedoras de sucesso como Giovanna Antonelli Natalia Beauty, por exemplo. A potência do empreendedorismo afro também é pauta imprescindível, e será tratada por Negra Li.

Iniciativas como essa, dedicadas às donas de negócios e àquelas que sonham em empreender, mostram que o caminho para ter êxito com um pequeno negócio pode ser longo, mas que vale a pena. Esses são espaços para encontrar outras mulheres reais, compartilhar realidades, trocar experiências, fazer parcerias, assimilar novos conhecimentos, reconhecer-se como empreendedora e, verdadeiramente, empoderar-se.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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