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Em tempos de Covid-19, epidemia de obesidade também se alastra

É preciso autoconhecimento para aliar desejo e identidade corporal como consequência de saúde. Corpo saudável é um exercício contínuo de reeducação

  • Carlos Arruza
Publicado em 03/03/2021 às 14h00
Pesquisas investigam se obesidade é fator de risco
Pesquisas investigam se obesidade é fator de risco. Crédito: Pixabay

No Brasil, a obesidade atinge um em cada cinco habitantes, sendo que mais da metade da população está acima do peso normal. Também é considerada uma epidemia pela Organização Mundial da Saúde (OMS). É uma doença crônica, progressiva e recorrente, atingindo 600 milhões de adultos e 100 milhões de crianças no mundo, causando 4 milhões de mortes por ano.

Em tempos de isolamento pelo Covid-19, a epidemia de obesidade vem se agravando, produzido mais ansiedade e outros sintomas que costumam nos levar a mais consumo calórico, seja pelo isolamento que ainda nos dificulta na queima de calorias, seja mesmo pelas questões psicológicas, como compulsão ou fuga da realidade.

Quero aqui afirmar o meu respeito pelas escolhas e não cair na tal ditadura da magreza ou controle estético. O que podemos esclarecer é que, respeitando cada processo individual e diferenciado de cada organismo, ainda podemos nos servir de conhecimentos que apresentam procedimentos eficazes na busca do combate à obesidade. Segundo essa lógica, podemos aderir a dietas e exercícios ou, em alguns casos, ao uso de medicamentos e, em casos mais extremos, a uma intervenção cirúrgica, reafirmando nosso poder de decisão quanto a permanecermos obesos ou não.

O cuidado que devemos ter é que, a possível influência dos padrões estéticos pode nos levar à incerteza do que realmente queremos para o nosso corpo, por sermos atravessados pela cultura do corpo ideal, que aquece o comércio de especialistas em estética e até mesmo as academias.

Essa cultura parece levar a outro movimento oposto e radical, a exemplo do “Body Free”, que desconsidera a obesidade como fator de risco, afirmando ser uma opção saudável até como protesto à ditadura da “boa forma”. Vários fatores aumentam o risco de pessoas com obesidade diante do novo coronavírus. O excesso de peso tem grande relação com outras doenças metabólicas, como diabetes tipo 2 e hipertensão arterial, ambas muito frequentes entre pacientes com a forma mais grave de Covid-19.

Para este momento, quero registrar a importância de localizarmos individualmente nossas necessidades e desejos. Uma busca de autoconhecimento para sairmos dessa guerra de conceitos externos e descobrirmos qual o método que melhor nos identificamos para a construção de um corpo saudável, aliando desejo e identidade corporal como consequência de saúde. Lembrando sempre que não existe um fim ou um resultado final, mas um exercício contínuo no processo de uma reeducação, viabilizando ao nosso organismo e necessidades a busca de qualidade de vida para este momento tão delicado e urgente.

O autor é psicólogo, registrado no Conselho Regional de Psicologia do Rio de Janeiro

* Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta

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