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É conselheiro municipal de Educação, diretor da Escola América e autor do blog @onovoensinomedio

Como surgiram os adolescentes de 30 anos

Cada vez mais nossos filhos possuem vidas mais seguras, com muito conforto e sem sofrimento, em grande parte cheia de prazeres materiais disponíveis sem qualquer esforço ou merecimento

  • Juliano Campana É conselheiro municipal de Educação, diretor da Escola América e autor do blog @onovoensinomedio
Publicado em 19/04/2022 às 02h00

Já percebeu que os sinais de amadurecimento do seu filho não aparecem na mesma idade que aconteceram com você? Sabe por que isso acontece? Prepare-se, vou contar para você.

Há pelo menos três gerações, temos visto um fenômeno acontecer que pode estar no centro dessa resposta. Cada vez mais nossos filhos possuem vidas mais seguras, com muito conforto e sem sofrimento, em grande parte cheia de prazeres materiais disponíveis sem qualquer esforço ou merecimento.

Na verdade, trabalhamos muito duro para isso, certo? Para oferecer tudo que não tivemos em nossa infância e muito mais. Mas isso é um problema? Não, não é um problema, é “o” problema.

O processo de amadurecimento, invariavelmente, vai gerar sofrimento. E esse é o maior medo dos pais, deixar seus filhos sofrerem. E nesse processo de protegê-los de todos os sofrimentos possíveis, a vida dos seus filhos simplesmente acontece, o tempo passa, mas eles não crescem, não amadurecem.

O resultado da superproteção oferecida pela maioria dos pais atualmente é uma geração que possui um atraso de 4 a 6 anos no seu amadurecimento em relação à sua idade cronológica. Adolescentes de 15 anos se comportam e agem como crianças de 9 ou 10 anos de idade.

Em alguns casos vemos adolescentes com 30 anos de idade, ou mais, que ainda vivem na casa dos seus pais, sem a menor condição de decidir sobre seu futuro, ou sequer com possibilidade de arcar com seu próprio sustento.

Imagino que agora, na sua mente, aparece a seguinte pergunta: Como meu filho será com 30 anos de idade?

Bom, se a vida do seu filho for um caminho totalmente reto, sem curvas, sem subidas ou descidas, sem peso algum para carregar, sem fome ou sede, sem calor excessivo ou frio intenso, se sua caminhada for totalmente preparada por você para que seja “perfeita”, sem esforços, obstáculos ou dificuldades que lhe permitam crescer, fortalecer e amadurecer, a partir de suas próprias vitórias e derrotas, ele será um adulto fraco.

O processo de educação dos filhos é muito difícil, pois partimos do princípio de que temos que prepará-los para tudo, com algumas muitas doses de sofrimento, bem dosadas, com cuidado, nunca com superproteção, e poucos pais estão dispostos a assumir o seu papel.

O processo de educação da criança pode e deve ser trabalhado em parceria com a escola, que precisa entender sua importância no amadurecimento das crianças, mas o protagonismo é seu,  pai, mãe, ou qualquer outro responsável pela criação e educação de uma criança.

Inclusive, cabe a você escolher o perfil da escola que vai ser seu parceiro nesse processo, identificando a proposta pedagógica na qual o apoio ao processo amadurecimento está claramente definido, tanto na atuação direta com a criança, quanto na atuação e preparação direta dos próprios pais.

Cabe à escola oferecer, para pais e filhos, a oportunidade de entender esse processo, e assim criarem juntos um caminho de crescimento constante em busca da felicidade plena que só é alcançada com a liberdade interior proporcionada pelo seu amadurecimento pleno.

Boa sorte na sua caminhada.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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