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Como as mulheres da série "Vikings: Valhalla", da Netflix, podem nos inspirar

Correntes históricas apontam que, mesmo sob a autoridade de pais ou maridos, as vikings tinham mais direitos se comparadas a mulheres de outras sociedades da Idade Média

  • Nicolle Expósito É jornalista
Publicado em 09/03/2022 às 16h18
Série
Série "Vikings: Valhalla" estreou recentemente na Netflix. Crédito: Divulgação/Netflix

A recém-lançada série "Vikings: Valhalla", da Netflix, relata as batalhas travadas entre os povos nórdicos da Escandinávia e os ingleses. Como resposta ao histórico massacre do Dia de São Brice - em 13 de novembro de 1002, ordenado pelo rei inglês Ethelred contra os dinamarqueses - os vikings organizam seus clãs na busca por vingança.

Chama atenção na série escrita por Jeb Stuart, baseada em eventos históricos reais, o protagonismo atribuído às mulheres. Seja na figura da destemida guerreira Freydís; da habilidosa estrategista, rainha Emma da Normandia; ou da carismática e progressista governante de Kattegat, Jarl Haakon.

Ainda que haja controvérsias sobre o papel e os direitos das mulheres na era viking, que se estendeu do século VIII ao XI, é salutar que a ficção exalte personagens femininas em um contexto dominado pela testosterona. Correntes históricas apontam que, mesmo sob a autoridade de pais ou maridos, as vikings tinham mais direitos se comparadas a mulheres de outras sociedades da Idade Média. Ainda que sua esfera de influência estivesse no âmbito doméstico, elas poderiam ter propriedade de terra, iniciar processo de divórcio e comandar um negócio.

É provável que esse histórico tenha reflexos nos indicadores atuais de igualdade de gênero, liderados pelos países nórdicos. O último relatório sobre o assunto produzido pelo Fórum Econômico Mundial, divulgado em 2021, tem Islândia, Noruega, Suécia e Finlândia entre os cinco países com menor disparidade entre homens e mulheres. O ranking leva em conta quatro dimensões: participação econômica e oportunidade; nível educacional; saúde e sobrevivência; e empoderamento político.

Os países nórdicos são considerados referência nas medidas de equidade. A Islândia, que aparece em primeiro lugar no relatório há 12 anos, é considerada um exemplo quando o assunto é igualdade de gênero. O país foi o primeiro a ter uma mulher eleita presidente democraticamente no mundo. Vigdís Finnbogadóttir foi levada ao cargo em 1980. Atualmente, o país também tem como primeira-ministra uma mulher, Katrín Jakobsdóttir. Noruega, Finlândia e Suécia também são liderados por mulheres.

No mesmo ranking sobre igualdade de gênero, o Brasil aparece em 93º lugar entre 156 países. A pesquisa “Indicadores Sociais das Mulheres no Brasil”, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e divulgada em 2021, dá sinais de onde precisamos avançar.

Por aqui, as mulheres recebem quase 23% menos que os homens e ocupam apenas 37,4% dos cargos gerenciais em empresas. Isso apesar de serem mais instruídas, uma vez que 19,4% das mulheres com 25 anos ou mais têm ensino superior, frente a 15,1% dos homens na mesma faixa etária. Na política a desigualdade é gritante: em 2020, apenas 14,8% das cadeiras dos parlamentos eram ocupadas por mulheres.

Resguardadas as relevantes diferenças culturais, históricas e políticas, é válido ter os países nórdicos, que caminham na direção do progresso, como referência. Se considerados os índices de qualidade de vida por lá, é de se inferir que a equidade de gênero anda lado a lado com o avanço nos indicadores sociais.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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