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É arquiteto urbanista e conselheiro do IAB-ES

Censo 2022: a quem cabe a árdua tarefa de organizar a Grande Vitória?

Quando o olhar foca as concentrações urbanas, leia-se regiões metropolitanas, a Grande Vitória encontra-se na 14ª posição do país, com 1.756.187 habitantes, ou seja, 45,8% da população do Estado reside nesse território

  • Eduardo Pasquinelli Rocio É arquiteto urbanista e conselheiro do IAB-ES
Publicado em 06/07/2023 às 11h59
Semana começa com tempo encoberto na Grande Vitória
Praia do Canto, em Vitória. Crédito: Fernando Madeira

O recente Censo Demográfico 2010/2022 do IBGE apresenta resultados importantes em dados estatísticos para o Planejamento Urbano e Territorial do país. O Espírito Santo apresenta uma população residente de 3.833.486 habitantes em um território de 46.074 km2, algo em torno de 83,2 habitantes/km2.

Quando o olhar foca as concentrações urbanas, leia-se Regiões Metropolitanas, a Grande Vitória encontra-se na 14ª posição do país, com 1.756.187 habitantes, ou seja, 45,8% da população do Estado do Espírito Santo reside nesse território.

Esse dado reflete em números todo o contexto de ocupação urbana da região, dos fluxos de deslocamento e demandas de serviços. Aqui começa o entendimento do nível de complexidade na qual nos deparamos: demandas de deslocamento, moradia, segurança, expansão e revitalização urbana, tudo transpassado nas diferentes realidades dos municípios que estão ali, do outro lado da Baía ou depois dessa ou daquela avenida.

Em paralelo, cada município de olho nos seus tributos, nos territórios e nos ganhos políticos que se apresentam. Para a população, cabe entender as regras de cada prefeitura e mesmo do momento em que o táxi gira a bandeira 2, por conta do trajeto em outro lugar que não o seu de origem. Nesse caso, um "salve” para o aplicativo que desatou pelo menos esse nó. Mas outros tantos ainda estão presentes em nosso dia a dia.

Enquanto isso, ficamos no aguardo de uma agilidade maior do poder público para minimizar os problemas latentes de uma metrópole brasileira. Mas a quem cabe essa árdua tarefa de organizar o território da Região Metropolitana? Vamos lá, caso o caminho seja por uma administração coletiva entre poderes municipais, teríamos uma gama sem fim de interesses conflitantes.

Depois, quem teria a palavra final? Uma disputa sem fim, motivo pelo qual até o momento não há sinal de luz nesse túnel. Por falar em sistema viário, hoje o tratamento da Região Metropolitana cabe na agenda de algumas secretarias de governo, mas com ações focadas na mobilidade, leia-se principalmente na ampliação das faixas da Terceira Ponte, Sistema Aquaviário, transporte e controle dos terminais de ônibus intermunicipais.

A Região Metropolitana de Vitória, nomeada assim por tratarmos da Capital do Estado, precisa mais do que nunca de ações que extrapolem as decisões internas de cada gestão municipal, precisamos de leis integradas, de novos eixos de desenvolvimento, mais conexões e resultados. Faz-se urgente tratar o território de forma integrada, dispor os estudos já elaborados ou em fase de planejamento, para que de forma democrática possam ser conhecidos e debatidos pelas entidades civis organizadas.

Uma nova secretaria de governo poderia assumir a tarefa, aliada a um conselho decisório constituído e com recursos e fundos de investimento com aportes de todos, inclusive do governo federal, leia-se BNDES. A democracia do conhecimento é a força da decisão governamental.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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