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É gerente de Administração do Contrato de Concessão da Ecovias 101

BR 101: ES ganha contrato moderno e viável, com garantia de investimentos

Essa modernização atende ao interesse público e está plenamente alinhada à política de ampliar os investimentos em infraestrutura nos próximos três a cinco anos

  • Aline Fraga É gerente de Administração do Contrato de Concessão da Ecovias 101
Publicado em 12/06/2025 às 10h30

Contratos de concessão, aqueles em que governos transferem para empresas privadas a prestação de um serviço público, são firmados por prazos longos, a fim de garantir o retorno financeiro dos investimentos realizados pela concessionária, como os que envolvem a construção de infraestruturas.

A história do contrato de concessão da BR 101/ES/BA, assinado em 2013, revela a complexidade de tais iniciativas. A partir da crise econômica iniciada em 2014, o setor de concessões de rodovias foi impactado negativamente, atingindo principalmente as concessionárias que firmaram contratos próximo ao período. Elas foram expostas a diversos desafios, que dificultaram o cumprimento regular das cláusulas dispostas.

Embora as projeções da Ecovias 101 apontassem para um cenário otimista em função das perspectivas de crescimento econômico no momento da assinatura do contrato, a performance foi afetada pela crise, com a elevação da taxa básica de juros: entre o segundo trimestre de 2013 e outubro de 2016, a Selic passou de 7,25% para 14,25%.

Além disso, houve a queda de 3,8% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2015 e de 3,6% em 2016. Considerando o início da recessão em 2014, o país acumulou redução de 9%, a pior já registrada pela série, que começa em 1947, segundo a Fundação Getúlio Vargas. Vale relembrar, ainda, o impacto da pandemia do coronavírus, decretada em 2020, sobre a economia.

Todos os problemas apontaram para a inviabilidade econômico-financeira da continuidade do contrato, fazendo com que a concessionária solicitasse, em 2022, a devolução amigável da concessão e continuasse gerenciando os ativos rodoviários apenas até a realização de um novo leilão e a definição de uma nova empresa para operar o trecho.

Na melhor das hipóteses, um novo leilão levaria no mínimo dois anos para ser concluído, e as obras de duplicação demorariam até três anos para serem iniciadas. Em um cenário otimista, a retomada das principais obras ocorreria em, no mínimo, cinco anos.

eco 101
BR 101. Crédito: Mosaico Imagem

Por se tratar de uma das rodovias mais importantes do Espírito Santo, essa espera representaria uma enorme perda para os capixabas. Por isso, renegociar e redesenhar o contrato tornou-se a melhor solução para o interesse público. Esse processo foi viabilizado com a participação da concessionária Ecovias 101, da Agência Nacional de Transporte Terrestre (ANTT) e do Ministério dos Transportes (MT), e acordado por meio de solução consensual aprovada pelo Tribunal de Contas da União (TCU).

O novo modelo contratual representa um marco inédito no setor de concessões rodoviárias no Brasil, promovendo mais eficiência e sustentabilidade para as concessões. Com estrutura jurídica e regulatória sólida, uma das vantagens desse instrumento público é permitir atualizar contratos antigos, que já não refletem mais as condições atuais do país, do setor e das necessidades dos usuários. Além disso, há previsão de retomada imediata de investimentos e entrega de obras.

A Ecovias 101 foi a primeira concessão a ter seu processo de repactuação aprovado. Por meio de leilão público, marcado para ocorrer em junho de 2025, a rodovia BR-101/ES/BA terá o seu contrato modernizado, com base na nova política pública de outorgas, lançada em 2023. Isso ocorrerá independentemente de qual concessionária for escolhida para assumir o contrato.

Estão previstos R$ 7,06 bilhões em investimentos, sendo que R$ 1,8 bilhão serão aplicados nos três primeiros anos. O projeto inclui 170 quilômetros de duplicações, 41 quilômetros de faixas adicionais, 35 quilômetros de vias marginais, dois contornos urbanos, dois Pontos de Parada e Descanso (PPD) para caminhoneiros, adicional de 40 passarelas, entre outras melhorias.

São benefícios da modernização do contrato de concessão: o efeito multiplicador da renda, uma vez que investimentos geram ampliação da demanda e aumento do PIB; o efeito de encadeamento dinâmico, pois resulta em impacto sobre a produção em diversos setores; a geração de renda, empregos e arrecadação tributária; a redução do tempo de transporte de cargas, o que leva à queda do custo Brasil; a diminuição no tempo de viagem; o menor índice de acidentes, a preservação da vida e os menores custos ao setor público.

Por fim, essa modernização atende ao interesse público e está plenamente alinhada à política de ampliar os investimentos em infraestrutura nos próximos três a cinco anos. É um instrumento para lidar com contratos administrativos de longo prazo, principalmente em um país economicamente instável como o Brasil. Os capixabas ganham um contrato moderno, viável e a garantia de investimentos na rodovia de forma rápida e sustentável.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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