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Publicado em 3 de novembro de 2021 às 15:44
Para conter a propagação da Covid-19 no auge da pandemia, o ensino a distância foi totalmente incorporado à realidade acadêmica. Professores e alunos que eram habituados à educação presencial passaram por um período de adaptação, já que trabalhar e estudar de casa se tornou uma realidade de todos. Dessa forma, consolidada como modalidade de ensino, a educação a distância tem ganhado ainda mais espaço.>
Para o doutor Helber Barcellos da Costa, assessor acadêmico do Grupo Multivix, o segredo da educação é que cada um se adapte ao que considera a melhor forma de aprender. De acordo com ele, houve um avanço significativo na educação a distância como um todo e que na Multivix não foi diferente. O aumento no número de matrículas e ampliação do portfólio de cursos a distância são provas disso. >
Segundo o especialista, o que antes representava resistência por alguns, tornou-se uma realidade palpável, mesmo para cursos que antes se acreditava que não funcionariam a distância.>
"Há público para todo tipo de ensino, seja remoto, seja híbrido, seja presencial. A resistência vem muito mais das pessoas que não se adaptam a aprender a distância do que efetivamente a modalidade de ensino em si. Mas agora os alunos já se adaptaram ao novo formato e os professores estão totalmente treinados e cientes de que a educação e a forma de aprender mudaram, assim como a forma de ensinar", explica.>
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Segundo o professor Marcos Garcia Neira, diretor da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP), é necessário, no entanto, fazer a distinção entre o que é de fato um curso a distância e o que é a proposta remota trazida pela excepcionalidade da pandemia. >
"A educação a distância é uma modalidade de ensino que demanda tramitação no Conselho Federal de Educação ou autorização nos conselhos estaduais. Exige a contratação de tutores, criação de polos, materiais didáticos específicos, algumas aulas presenciais (ensino híbrido). Já o ensino remoto emergencial é uma alternativa adotada na pandemia para suprir uma excepcionalidade. Não tivemos a transformação de cursos presenciais em cursos a distância, porque isso implica um outro formato. Houve uma adaptação para o modo remoto", afirma Neira.
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Para Neira, antes mesmo de fevereiro e março de 2020, no início da pandemia, a educação a distância vinha crescendo dentro e fora do Brasil. "Muitas instituições, sobretudo as privadas, ampliaram em uma progressão geométrica a quantidade de matrículas graças à educação a distância. Esta modalidade tem sido vista como uma maneira de suprir a carência de oferta de vagas, alcançando um número maior de pessoas que estão impossibilitadas de manter uma rotina de estudo presencial, muitas vezes por questões de trabalho", observa.>
Ainda de acordo com o especialista, a educação a distância não é um ensino de menor qualidade, mas é uma forma de desenvolver a formação bem diferente da presencial. "Geralmente é adotada pelos cursos que têm carga de teoria maior, dificilmente pelos cursos que demandam exigências de laboratórios e atividades práticas frequentes.">
Para o professor Elie Ghanem, da Faculdade de Educação da USP, a pandemia acentuou uma tendência, sendo que o ensino superior a distância já havia atingido 52% do total de matriculados em 2019. "Em março de 2020, só havia 152 casos de Covid-19 conhecidos no país e as escolas e universidades suspenderam as atividades presenciais em São Paulo. De 2020 a meados deste ano, os polos que oferecem este tipo de ensino aumentaram em 14% no país. Então o ensino a distância ganhou força na pandemia", ressalta. >
Segundo Ghanem, as instituições públicas vinham implementando gradativamente o modelo a distância, ao passo que as faculdades privadas vinham implantando de forma intensa. >
"Esse expediente se disseminou aceleradamente com a pandemia e, com meios virtuais, colocam até 350 alunos na mesma aula. Uma portaria permitiu que as escolas passassem a oferecer 'carga horária na modalidade de EaD na organização pedagógica e curricular de seus cursos de graduação presenciais até o limite de 40% da carga horária total do curso'. O limite anterior era de 20%", acrescenta o professor da USP.>
O especialista afirma que a educação a distância passa por entraves, como a indisponibilidade de equipamentos informatizados e conexão para uma quantidade significativa de pessoas. Outro desafio é a falta de familiaridade de docentes e estudantes com o uso dos recursos tecnológicos de informação e comunicação, além da ausência do convívio social presencial. >
Na Multivix, por exemplo, Helber Barcellos da Costa observa que o principal obstáculo está ligado ao acesso dos alunos à internet, mais do que efetivamente ao modelo de ensino. >
Helber Barcellos da Costa
Assessor acadêmico do grupo MultivixOutro obstáculo, de acordo com o assessor acadêmico da instituição, são as aulas práticas. "Estas não podem ser substituídas em nenhuma hipótese, devido à complexidade e por requererem a assimilação de habilidades profissionais. Sendo assim, o aluno deve comparecer à instituição", completa, reforçando a relevância do ensino híbrido.>
A discussão que envolve o ensino remoto ficou em evidência nos últimos dois anos devido à pandemia. No entanto, o professor Elie Ghanem, reforça que esta modalidade de ensino na educação superior no Brasil já é crescente há cerca de 10 anos. Inclusive, segundo o especialista, a intensificação dessa tendência deve continuar mesmo com o retorno às aulas presenciais.>
"A procura por EaD subiu 9,8% no primeiro semestre de 2021 enquanto as matrículas em cursos presenciais no ensino superior privado caíram em 8,9% no Brasil", pontua o especialista. >
Para o assessor acadêmico da Multivix, esse cenário de crescimento já era previsto e a pandemia só acelerou. "Vivemos uma nova era na educação e podemos considerar que o que era previsto nos próximos 5 a 10 anos de avanços, aconteceu em quase dois anos, quando nos vimos obrigados, em março de 2020, a abandonar o que conhecíamos", finaliza Helber Barcellos da Costa.>
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