Publicado em 31 de março de 2022 às 07:55
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou durante evento no Rio de Janeiro que o papel dos militares não é puxar o saco de Jair Bolsonaro (PL), seu adversário nas próximas eleições.>
"Não tem que ficar puxando saco de presidente, nem de Lula, nem de Bolsonaro. Tem que estar acima das brigas políticas. Não pode ficar o Bolsonaro dizendo 'ah meus militares'", disse Lula a uma multidão na Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), no fim da tarde desta quarta-feira (30).>
Lula também afirmou que Bolsonaro se apropriou da bandeira do Brasil e da camisa da seleção. "Ele é tão frágil, tão boçal, que como não tem partido político, o partido não tem hino, programa, ele pegou a bandeira e a camisa da seleção para dizer que era dele. Vamos dizer para ele que a bandeira e as cores verde e amarelo não são desse fascista.">
O ex-presidente participou nesta tarde do evento Democracia e Igualdade, organizado pela Uerj e pelo Grupo de Puebla. O encontro lotou a Concha Acústica Marielle Franco, no campus do Maracanã, na zona norte da cidade.>
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Com Lula no palco, estavam aliados e lideranças latino-americanas e hispânicas. Sentaram-se ao seu lado a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) e o presidente da Assembleia Legislativa do Rio, deputado André Ceciliano (PT). O parlamentar é pré-candidato ao Senado na chapa ao governo encabeçada pelo deputado federal Marcelo Freixo (PSB), ungida por Lula. Freixo também estava no palco e adentrou o local junto ao ex-presidente.>
Um dos objetivos da viagem de Lula ao Rio é unificar o partido em torno da candidatura de Freixo ao Palácio Guanabara. O ex-presidente, Ceciliano e o pessebista jantaram na noite de domingo (27) para selar a composição da chapa.>
Ainda há, porém, um obstáculo com o PSB, que tem o deputado federal Alessandro Molon como candidato a senador. Defendendo o lugar de Ceciliano na chapa, o PT informou ao PSB que não aceita lançar uma candidatura avulsa ao Senado para que Molon mantenha a sua. No evento desta quarta-feira, enquanto Ceciliano sentou-se ao lado de Lula, Molon não subiu ao palco, ficando nas primeiras fileiras, reservadas a aliados políticos e lideranças de movimentos sociais.>
Ao longo do encontro, Lula e aliados ironizaram a proibição da propaganda eleitoral antecipada. Na terça-feira (29), a Justiça negou pedido do deputado estadual Alexandre Freitas (Podemos) para suspender o evento. No início de seu discurso, o ex-presidente afirmou que havia dois dias vinha sendo orientado a não falar sobre eleição. "Vim para cá pensando em colocar uma mordaça, porque não poderia falar, só fazer gesto", disse. Ao fim de sua fala, porém, Lula prometeu aos apoiadores: "Esperem que nós vamos voltar".>
O mesmo fez a ex-presidente Dilma, que também disse que não falaria a respeito das eleições. "Vou falar do que eu disse quando saí da Presidência, em 31 de agosto de 2016. Eu disse que nós voltaríamos. Quero dizer a vocês que nós voltamos. Vamos estar nas ruas defendendo a reconstrução do Brasil", afirmou.>
O ex-ministro Aloizio Mercadante foi mais direto: afirmou que não poderia falar sobre eleições, mas disse que esperava rever todos os presentes em 1° de janeiro, na praça dos Três Poderes, em Brasília.>
O encontro foi realizado com o apoio direto do reitor Ricardo Lodi, filiado ao PT, que anunciou durante o evento sua renúncia ao cargo. Ele deve se candidatar a deputado. Lula usou boa parte de sua fala para tratar da geopolítica, acenando para os líderes latino-americanos e lembrando que, em suas gestões, priorizou as relações com esses países. "Os Estados Unidos nunca admitiram outra referência na América Latina que não eles", disse.>
"O Brasil começou a virar protagonista internacional. A gente respeitava as pessoas e elas respeitavam a gente. A gente tratava todo mundo com o mesmo respeito.">
O ex-presidente também lamentou a guerra na Ucrânia e disse que o povo não quer morte. Brincou que, se a guerra fosse no Brasil, seria resolvida numa mesa, tomando cerveja. "Se não na primeira, na segunda", disse.>
Lula também voltou a falar sobre a necessidade de reduzir a desigualdade e a fome, e criticou a alta do preço da gasolina e do gás.>
Aproveitou, ainda, para cutucar Ciro Gomes (PDT), seu ex-ministro e virtual adversário na corrida pela Presidência. No segundo turno da eleição de 2018, da qual Bolsonaro saiu vitorioso, Ciro viajou a Paris em vez de apoiar o petista Fernando Haddad.>
Lula falava sobre o medo do fracasso que sentia quando assumiu o governo, em 2003. Disse que sabia que não poderia errar, e temia não se reeleger. Como não fala outras línguas, o ex-presidente afirmou que não tinha outra saída que não ficar no Brasil. "Não posso perder as eleições e ir para Paris", disse, aplaudido pelos presentes.>
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