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Especialistas preveem 'boom' de gambás em Vitória a partir de agosto

Especialistas preveem 'boom' de gambás em Vitória a partir de agosto

De 300, registrados no ano passado, passarão para aproximadamente 500 neste ano, segundo a estimativa do Projeto Marsupiais

Publicado em 27 de julho de 2020 às 18:46

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O período de reprodução dos gambás começa em agosto
O período de reprodução dos gambás começa em agosto. (Leonardo Merçon/Instituto Últimos Refúgios)

Por conta do período de reprodução, que tem início do mês de agosto, há uma previsão pelos ambientalistas de que a população de gambás aumente em Vitória. De 300, registrados no ano passado, passarão para aproximadamente 500 neste ano, segundo a estimativa do Projeto Marsupiais, do Instituto Últimos Refúgios. Os animais já são encontrados nos parques da Capital, mas também habitam as ruas por conta da oferta de alimento para eles. 

De acordo com a bióloga Iasmin Macêdo, coordenadora do Projeto Marsupiais, do Instituto Últimos Refúgios — que atua desde 2011 na divulgação e sensibilização ambiental com foco na fotografia e produção de conteúdo audiovisual relacionado ao meio ambiente — devem haver mais aparições dos gambás em Vitória entre agosto e setembro, por conta do período reprodutivo dos animais. Iasmin ainda explicou que há uma hostilidade da população em relação aos gambás, o que é uma injustiça, já que eles são benéficos aos seres humanos.

Os gambás ajudam no controle de algumas pragas, como informou Iasmin. Segundo a bióloga, eles se alimentam de animais como baratas, ratos, cobras, escorpiões e caramujos-africanos. 

"Eles são muito benéficos para os humanos, se alimentam de baratas, ratos, cobras, escorpiões e caramujos-africanos, podem comer até 4 mil carrapatos em uma semana. Não temos comprovação de que gambás transmite doenças para seres humanos, mas nesse trabalho que vamos fazer com o Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas), uma das propostas é o estudo das doenças desses animais e se alguma delas poderia ser transmitida para os seres humanos", alegou.

"As pessoas acabam atacando os gambás achando que são pragas. No ano passado, recebemos mais de 300 gambás no Cetas, sempre recebemos esse número grande e estamos com essa previsão de que chegarão mais animais para nós cuidarmos. Eu acredito que neste ano vamos ter um acréscimo, de 400 a 500. Vamos trabalhar diretamente com o Cetas e o Ibama", disse.

Iasmin contou que os animais, durante a pandemia do coronavírus, são soltos no Parque da Fonte Grande, que é o único que está aberto durante esse período. Mas os gambás podem ser vistos em vários lugares da cidade, principalmente perto de áreas verdes e de parques.

"Tivemos dois resgates recentes, um deles na Praça dos Namorados. Ele saiu da Chácara Von Schilgen, na Praia do Canto, atravessou a rua e quase foi atropelado. O outro foi também nessa região, não participamos do resgate em si, mas ajudamos na soltura. Os dois foram levados para o Parque Fonte Grande, que é o único que está aberto no momento. Como são animais que a gente resgata e vê que está bem, tentamos ficar o mínimo de tempo possível com ele, para não prejudicá-lo de alguma forma", explicou.

Os animais resgatados pelo instituto são alimentados e soltos na natureza, mas, quando é necessário um cuidado médico, o animal é levado para o Cetas, onde recebe tratamento e são catalogados. Iasmin alegou que antes da pandemia havia uma microchipagem para monitoramento dos animais, mas as atividades foram restritas por conta do vírus.

O QUE FAZER SE ENCONTRAR UM GAMBÁ

  • Para qualquer situação com animais silvestres, a indicação é entrar em contato com os órgãos ambientais, como o Ibama, Polícia Ambiental e Prefeituras
  • No caso de marsupiais, entrar em contato com o @projetomarsupiais pelas redes sociais ou pelo número (27) 99810-5848
  • NÃO mexer com o animal, pois ele pode se sentir ameaçado ou atacado
  • Caso haja algum animal doméstico por perto, como gatos ou cachorros, é indicado prendê-los, para que não ataquem o gambá

Muitos animais silvestres são encontrados em Vitória por conta da grande área verde da Capital
Muitos animais silvestres são encontrados em Vitória por conta da grande área verde da Capital. (Reprodução/Semmam)

JIBOIAS, SAGUIS, CAPIVARAS E JACARÉS PELA CAPITAL

Em Vitória há também relatos de aparecimento de outros animais silvestres, principalmente jiboias, saguis e capivaras e até recentemente uma lontra, em um parque de Jardim Camburi. O secretário de Meio Ambiente de Vitória, Ademir Filho, explicou que um dos fatores que permite o surgimento desses bichos é a grande área verde da Capital.

"Estamos preservando espécies nativas daqui, que, por conta do crescimento da cidade, são espremidas nos parques. 45% da área de Vitória são de áreas ambientalmente protegidas. Parques urbanos, parques naturais, áreas verdes, são 6,6 milhões de metros quadrados de área verde. Isso favorece o aparecimento de animais silvestres", contou.

Segundo Ademir, porém, não é possível afirmar que a pandemia favoreceu o aparecimentos dos bichos. Isso porquê ainda não há dados suficientes para garantir essa tese, mas, segundo o secretário, a hipótese de que menos barulho, poluição e presença de pessoas nas ruas auxilia os animais faz sentido.

Muitos animais silvestres são encontrados em Vitória por conta da grande área verde da Capital
Muitos animais silvestres são encontrados em Vitória por conta da grande área verde da Capital. (Reprodução/Semmam)

"É difícil afirmar sem estudos científicos. Não tenho dados estatísticos para dizer que, no momento de pandemia, tiveram mais relatos de aparecimento de animais silvestres, mas isso faz sentido, pois há menos gente na rua, menos barulho e a probabilidade dos animais se sentirem mais à vontade para aparecer é maior", alegou.

Um dos locais onde há a presença das capivaras é no Aeroporto de Vitória. Em nota, a empresa que administra o aeroporto alegou que faz o monitoramento da fauna presente em sua área operacional e que há muitos registros do surgimento das capivaras. 

A nota afirma ainda que o aeroporto possui uma equipe técnica de biólogos dedicada exclusivamente para o monitoramento dos animais, possuindo um Plano de Gerenciamento do Risco de Fauna aprovado junto à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), ao qual constam diretrizes que garantem a segurança operacional do aeroporto.

Além disso, a nota afirma que o aeroporto está em fase final de aprovação do Plano de Manejo da Fauna, que autoriza a captura e destinação das capivaras para locais licenciados e distantes da área operacional do aeroporto.

Há também relatos de aparecimento de Jacarés em pontos de Vitória. O projeto Caiman realiza o acompanhamento desses animais, principalmente do Jacaré-de-Papo-Amarelo, espécie símbolo da Mata Atlântica. O coordenador do projeto, Yhuri Nóbrega afirmou que, por ser símbolo da biodiversidade Capixaba, é um animal com um valor cultural para o Estado.

"Tem um importância ecológica sem precedentes, porque ele é realmente fundamental para o equilíbrio do contexto da cadeia alimentar e da biodiversidade animal nas regiões da Mata Atlântica", disse.

Yhuri Nóbrega aponta que, ao se deparar com um jacaré, é importante ligar para a Polícia Militar Ambiental e para o Projeto Caiman. Desta forma, uma equipe especializada vai ao local zelar pela saúde e bem-estar do animal.

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O Projeto Caiman pode ser acionado pelo telefone (27) 98827-2334 e por meio das redes sociais @projetocaiman. A população também pode ligar para o Centro Integrado Operacional de Defesa Social (Ciodes) no número 190 que a ligação é encaminhada para o setor especializado.

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