Publicado em 5 de julho de 2019 às 22:54

FERIADO MAIS DO QUE MERECIDO>
Rafael Favatto é deputado estadual>
Esta semana, o governo do Estado sancionou a Lei do Feriado Estadual de Nossa Senhora da Penha. O projeto foi pensando dada a importância da representação católica, que possui 65% da população do Estado e que anseia em participar da Festa da Penha. Hoje, ela é a terceira maior festa mariana do país.>
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O turismo social e religioso tornou-se um fenômeno mundial, segundo estatísticas da Organização Mundial do Turismo (OMT). Dados apontam ainda que 5% das viagens domésticas dentro do Brasil são movidas pela fé e, por que não, esse turista vir para o Espírito Santo?>
Sabemos que a Virgem Maria tem devotos em todos os cantos do Estado, do país e do mundo. E porque não dar a oportunidade ao morador do Estado de vir ao Convento participar da festa mariana em comemoração à Nossa Mãe Santíssima?>
O livre exercício do culto é um dos mais importantes direitos individuais presentes na Constituição Federal, conforme disposto no artigo 5º, VI. A liberdade de cultuar a divindade compreende a de expressar-se na igreja, no lar ou em público conforme as tradições religiosas.>
A cada ano, a Festa da Penha atrai um número maior de romeiros, reunindo, gente de todos os cantos. Só este ano, a festa recebeu mais de 2,5 milhões de pessoas. São sete dias de romarias, incluindo a dos Homens (a maior e mais tradicional da Festa da Penha), e em todas elas o trajeto é feito junto da imagem de Nossa Senhora. Todos os anos, devotos fazem diversas manifestações de fé, além de enfeitar as ruas e casas em homenagem à Santa na Prainha de Vila Velha.>
Claro que não podemos esquecer a importância do Convento da Penha para a nossa história. O Convento da Penha é hoje o monumento religioso mais importante da arquitetura capixaba, sendo tombado como patrimônio histórico cultural pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), em 1943.>
Com a visitação, ganha a rede hoteleira, ganha os comerciantes locais. Sabemos que afluência de peregrinos, romeiros e turistas de todo o Estado e do Brasil, gerará renda, pois investir em turismo é fonte de arrecadação para o erário.>
Temos a certeza que o comércio e a indústria criarão alternativas para compensar sua arrecadação nesse dia, pois terão novos consumidores, sejam eles peregrinos, romeiros ou turistas, que irão aumentar nesses dias no Estado. Todos ganham, a rede hoteleira, o transporte, os restaurantes, enfim, todo o setor de serviço será impactado positivamente ao oferecer serviços de qualidade.>
Sabemos que discussões sobre o tema sempre existirão, mas o importante é que com o feriado ganha a economia capixaba, ganha o turismo, ganham os próprios capixabas. Ganham os romeiros. Ganhamos por ter a bênção de uma Nossa Senhora da Penha, para chamar de nossa.>
QUANTO CUSTA UM FERIADO?>
Fernando Otávio Campos Da Silva é empresário e presidente do Conselho Temático de Relações do Trabalho da Findes (Consurt)>
Em comparação com outros países, o Brasil é uma das nações que mais tem feriados ao longo do ano. Embora bem-vindos pela maior parte da população, essas datas, por vezes, representam um sério problema de produtividade para as indústrias.>
Diante dos prejuízos causados pela grande quantidade de dias paralisados, alguns países têm reduzido o número de feriados para aumentar a produtividade econômica. Em 2008, a China reformulou seu calendário, diminuindo o número de feriados nacionais. A mesma medida foi tomada por Portugal, em 2011, quando quatro feriados nacionais, dois religiosos e dois civis, foram eliminados do calendário do país.>
Segundo levantamento da Federação das Indústrias do Estado do Rio (Firjan), os feriados ou pontos facultativos em dias úteis de 2017, quatro deles com a possibilidade de enforcamento de outros dias, geraram perdas que correspondem a 4,4% do PIB industrial do país, com um prejuízo que chegou perto dos R$ 68 bilhões.>
No Espírito Santo, para este ano, são 12 feriados, que podem gerar perdas bilionárias à indústria capixaba.>
Nas contas do Instituto de Desenvolvimento Educacional e Industrial do Espírito Santo (Ideies), em 2016, último dado disponível, a perda da indústria com os 12 dias de feriados daquele ano alcançou 4,7% do valor total da indústria (R$ 22,6 bilhões), o que corresponde a R$ 1,07 bilhão.>
Ainda que alguns segmentos industriais não paralisem nos feriados, como a siderurgia e petrolífera, há um custo adicional com encargos e mão de obra nessas datas, além de um comprometimento relevante no desempenho das empresas e aumento nos custos operacionais, comprometendo a produtividade.>
Um projeto de Lei da Assembleia Legislativa do Espírito Santo, para tornar o Dia de Nossa Senhora da Penha um feriado estadual, foi sancionado na última quinta-feira, 4, pelo governador Renato Casagrande.>
Embora haja um consenso acerca da relevância da data, por que não rever o calendário, da mesma forma que fizeram alguns países desenvolvidos? Precisamos de uma agenda de feriados construída e debatida com os empregadores, contribuindo assim, para uma sociedade competitiva.>
Ainda enfrentamos diferentes desafios previsíveis ou não que influenciam no desempenho dos indicadores econômicos do Estado. Vencemos a recessão, entretanto, as perspectivas mais otimistas apontam um crescimento pouco significativo de 1% do PIB. Aceleramos pouco e a crise ainda pode ser vista pelo retrovisor.>
Nossa meta é contribuir para a transformação do perfil econômico do Espírito Santo. Para isso, precisamos promover ações que se conectem à construção de uma indústria mais moderna, produtiva e eficiente. Se desejamos um futuro de oportunidades, empregos e desenvolvimento, precisamos preservar a produtividade da indústria capixaba.>
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