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Por que Vitória tem o maior percentual de ricos entre as capitais no país

Por que Vitória tem o maior percentual de ricos entre as capitais no país

Especialistas apontam fatores que contribuem para capital capixaba ter 9,5% da população com renda mensal acima de R$ 25 mil, segundo pesquisa da Prefeitura do Rio de Janeiro,

Publicado em 30 de maio de 2025 às 17:48

Praia do Canto
Vista aérea da Praia do Canto, em Vitória Crédito: Ricardo Medeiros

O município de Vitória chamou a atenção no cenário nacional. Segundo o estudo “Classes de Renda no Rio”, realizado pela Prefeitura do Rio de Janeiro com base nos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a cidade capixaba é a capital brasileira com o maior percentual de pessoas na Classe A, com 9,5% da população tendo ganhos mensais acima de R$ 25 mil, seguida por Brasília (8,8%) e Rio de Janeiro (8,3%).

Mas quais fatores fizeram a relação de ricos na cidade se tornar destaque no país? A resposta envolve fatores econômicos, históricos e geográficos, de acordo com especialistas ouvidos pela reportagem de A Gazeta.

Crescimento acima da média nacional

“O Espírito Santo vive um momento histórico em sua economia”, afirma Pablo Lira, diretor-geral do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN). Ele cita o equilíbrio fiscal do Estado, o maior volume de investimento público proporcional do país (20% da receita) e uma das menores taxas de desemprego entre os Estados (3,4%), segundo dados da Secretaria do Tesouro Nacional.

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Por que Vitória tem o maior percentual de ricos entre as capitais no país

Além disso, Lira afirma que o Espírito Santo apresenta uma renda média acima da nacional, ultrapassando R$ 3,2 mil, proporcionada por grandes empresas dos setores de celulose, petróleo e agronegócio. “Executivos e diretores dessas empresas acabam optando por residir em Vitória, o que eleva a concentração de renda na Capital”, explica.

Polo residencial da elite

Segundo o economista Ricardo Paixão, Vitória funciona como um “dormitório de alto padrão”. “Muitos empresários e profissionais com renda elevada preferem morar em Vitória, mesmo que trabalhem em cidades vizinhas como Serra ou Vila Velha”, afirma.

Paixão lembra que a cidade oferece bairros valorizados, como Praia do Canto, Mata da Praia e Jardim Camburi, além de melhor infraestrutura urbana e proximidade com os centros estratégicos administrativos do Estado, como o Tribunal de Justiça e a Assembleia Legislativa, o que contribui para que servidores públicos de alto escalão também estejam entre os moradores.

Essa realidade, segundo Pablo Lira, é fruto de décadas de planejamento urbano. “Bairros como Bento Ferreira e Santa Lúcia foram projetados há mais de 100 anos. Essa organização urbana atrai moradores de alta renda”, diz o diretor-geral do IJSN.

Desigualdade é resultado?

Apesar dos indicadores positivos, os especialistas fazem um alerta: a concentração de renda em Vitória camufla desigualdades. “Você tem condomínios onde a renda chega a 40 salários mínimos e, a poucos quilômetros dali, bairros onde as pessoas vivem com menos de um salário”, explica Lira.

O presidente do IJSN, porém, observa uma migração de parte da classe A para outras cidades da Grande Vitória, como Vila Velha e Serra. “Fatores como expansão imobiliária e qualidade ambiental estão levando famílias ricas para bairros como a Praia da Costa e para condomínios fechados, como os existentes na Serra”, explica Lira.

Distribuição de classes na capital

Com um olhar geral da pesquisa, Vitória também se destaca na distribuição das demais classes sociais. Além dos 9,5% da Classe A (cerca de 34.675 pessoas), a Classe B (com renda mensal de R$ 8 mil a R$ 25 mil) também chama a atenção, com 30% da população nessa faixa de renda. Esse índice correspondente a 109.500 pessoas, a 3ª maior proporção entre as capitais, atrás de Florianópolis (40,8%) e Porto Alegre (31,7%).

A Classe C é onde se concentra a maior faixa percentual de habitantes em Vitória, quase 116.800 pessoas (33,6%), um valor próximo ao da média nacional (33,5%). Já 26,9% da população na cidade (um pouco mais de 98 mil pessoas) estão nas classes D/E, o que a posiciona como a 4ª capital com menor percentual nessa faixa, atrás de Florianópolis (16,5%), Curitiba (25,1%) e Porto Alegre (28,6%).

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