Estagiário / andre.oliveira@redegazeta.com.br
Publicado em 30 de maio de 2025 às 17:48
O município de Vitória chamou a atenção no cenário nacional. Segundo o estudo “Classes de Renda no Rio”, realizado pela Prefeitura do Rio de Janeiro com base nos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a cidade capixaba é a capital brasileira com o maior percentual de pessoas na Classe A, com 9,5% da população tendo ganhos mensais acima de R$ 25 mil, seguida por Brasília (8,8%) e Rio de Janeiro (8,3%).
Mas quais fatores fizeram a relação de ricos na cidade se tornar destaque no país? A resposta envolve fatores econômicos, históricos e geográficos, de acordo com especialistas ouvidos pela reportagem de A Gazeta.
“O Espírito Santo vive um momento histórico em sua economia”, afirma Pablo Lira, diretor-geral do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN). Ele cita o equilíbrio fiscal do Estado, o maior volume de investimento público proporcional do país (20% da receita) e uma das menores taxas de desemprego entre os Estados (3,4%), segundo dados da Secretaria do Tesouro Nacional.
Além disso, Lira afirma que o Espírito Santo apresenta uma renda média acima da nacional, ultrapassando R$ 3,2 mil, proporcionada por grandes empresas dos setores de celulose, petróleo e agronegócio. “Executivos e diretores dessas empresas acabam optando por residir em Vitória, o que eleva a concentração de renda na Capital”, explica.
Segundo o economista Ricardo Paixão, Vitória funciona como um “dormitório de alto padrão”. “Muitos empresários e profissionais com renda elevada preferem morar em Vitória, mesmo que trabalhem em cidades vizinhas como Serra ou Vila Velha”, afirma.
Paixão lembra que a cidade oferece bairros valorizados, como Praia do Canto, Mata da Praia e Jardim Camburi, além de melhor infraestrutura urbana e proximidade com os centros estratégicos administrativos do Estado, como o Tribunal de Justiça e a Assembleia Legislativa, o que contribui para que servidores públicos de alto escalão também estejam entre os moradores.
Essa realidade, segundo Pablo Lira, é fruto de décadas de planejamento urbano. “Bairros como Bento Ferreira e Santa Lúcia foram projetados há mais de 100 anos. Essa organização urbana atrai moradores de alta renda”, diz o diretor-geral do IJSN.
Não à toa, Vitória encerrou 2024 como a capital com o preço médio do metro quadrado mais alto do país, segundo o índice FipeZap.
Apesar dos indicadores positivos, os especialistas fazem um alerta: a concentração de renda em Vitória camufla desigualdades. “Você tem condomínios onde a renda chega a 40 salários mínimos e, a poucos quilômetros dali, bairros onde as pessoas vivem com menos de um salário”, explica Lira.
O presidente do IJSN, porém, observa uma migração de parte da classe A para outras cidades da Grande Vitória, como Vila Velha e Serra. “Fatores como expansão imobiliária e qualidade ambiental estão levando famílias ricas para bairros como a Praia da Costa e para condomínios fechados, como os existentes na Serra”, explica Lira.
Com um olhar geral da pesquisa, Vitória também se destaca na distribuição das demais classes sociais. Além dos 9,5% da Classe A (cerca de 34.675 pessoas), a Classe B (com renda mensal de R$ 8 mil a R$ 25 mil) também chama a atenção, com 30% da população nessa faixa de renda. Esse índice correspondente a 109.500 pessoas, a 3ª maior proporção entre as capitais, atrás de Florianópolis (40,8%) e Porto Alegre (31,7%).
A Classe C é onde se concentra a maior faixa percentual de habitantes em Vitória, quase 116.800 pessoas (33,6%), um valor próximo ao da média nacional (33,5%). Já 26,9% da população na cidade (um pouco mais de 98 mil pessoas) estão nas classes D/E, o que a posiciona como a 4ª capital com menor percentual nessa faixa, atrás de Florianópolis (16,5%), Curitiba (25,1%) e Porto Alegre (28,6%).
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