Administrador de Empresas (UERJ), pós-graduado em Engenharia Econômica (UERJ), certificado CFP® e Ancord. 21 anos de carreira no mercado financeiro, com passagens pelo atendimento Private, Alta Renda, Gestora de Recursos, Tesouraria e Educadoria Corporativa. Desde 2018, sócio da Pedra Azul Investimentos, escritório de assessoria de investimentos sediado em Vitória-ES.

Como é calculado o preço de uma criptomoeda e como acreditar nesse mercado?

Com as recentes quedas na cotação do Bitcoin, os investidores sempre se perguntam se há alguma razão para confiar nas moedas digitais

Quando, em outubro de 2008, foi divulgada a ideia do Bitcoin, criado por Satoshi Nakamoto — pseudônimo que até hoje esconde a verdadeira identidade da pessoa ou grupo responsável pelo feito — ninguém poderia prever a proporção que esse mercado tomaria, hoje avaliado em mais de 3 trilhões de dólares, e que atrai desde pequenos investidores até grandes agentes institucionais, como bancos, fundos e até governos. No entanto, é um mercado que, apesar de ganhos históricos estratosféricos, possui elevada volatilidade, e é sempre alvo de desconfiança de importantes nomes do mercado financeiro.

Afinal, o que faz o preço do Bitcoin e de outras criptomoedas? Quais são os seus fundamentos?

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Criptomoedas: expansão desse mercado cria oportunidades, mas também traz dúvidas. Crédito: dulezidar / Getty Images

Talvez a grande evolução tecnológica trazida pelo Bitcoin seja o registro descentralizado, através da Blockchain, o que permite que as transações sejam registradas e certificadas sem a presença de um agente público centralizador. E dessa forma, não existe um garantidor da moeda, como um Banco Central, ou um Governo, que tradicionalmente são emissores de moeda e responsáveis por uma política monetária que proteja o seu valor.

Portanto, o que faz o preço das criptomoedas, ou criptos, é a livre oferta e demanda, o que é uma das explicações para tamanha volatilidade. No entanto, a crescente demanda pelo Bitcoin foi que levou a moeda ao atual valor de cerca de 40 mil dólares, e isso tem os seus motivos, ou os seus possíveis fundamentos.

1) UTILIDADE

O primeiro deles é a utilidade. Quando o Bitcoin foi criado, muita gente se perguntava pra quê isso servia. E no decorrer do tempo, as criptomoedas demontraram a capacidade de ofertarem trocas e transações muito rápidas, que não conhecem fronteiras, línguas ou países, inicialmente sem a limitação imposta pela regulação legal.

A utilidade das criptomoedas para o fechamento de transações rápidas e confiáveis é muito conhecida. Mas ainda assim, as criptos diferem entre si nesse aspecto, pois algumas servem a tipos de trocas específicas, como os empréstimos e financiamentos digitais e os NFTs, tão falados nos últimos tempos. De qualquer forma, é um fato que as criptomoedas se tornaram muito úteis para os mais diversos agentes, e para os mais diversos propósitos.

2) TECNOLOGIA

O segundo fundamento é a tecnologia. O valor tecnológico de cada criptomoeda está na rapidez, no registro simplificado e seguro, no consumo de energia necessário para a mineração (processo de validação das transações pelo qual se recebe uma recompensa), na facilidade do uso do protocolo, da diversidade de usos possíveis, e na leveza e fluidez na operacionalização.

Moedas mais rápidas, simples e confiáveis ganham pontos nesse aspecto.

3) REPUTAÇÃO

O terceiro fundamento é a reputação. Neste caso, o Bitcoin leva vantagem sendo a primeira, mais conhecida e procurada criptomoeda. Para muitas pessoas, Bitcoin e criptomoeda são sinônimos. A adesão de diversos investidores de grande porte, como Banco e fundos, a existência de derivativos em Bolsas, a extensa liquidez e aceitação geral ajuda a fazer a reputação das criptos e seu preço no mercado.

A segunda moeda com melhor reputação, e também com grande utilidade e capacidade tecnológica, é o sistema Ethereum, não por outro motivo a segunda moeda mais valorizada em termos de preço.

Portanto, este é um mercado em que se vê muito potencial, porque a utilidade, o desenvolvimento tecnológico e a reputação das criptomoedas continua em alta. Por ser um mercado descentralizado, e cuja demanda e oferta são livres e desprovidas de um lastro governamental ou institucional, sofrem com notícias, declarações de personalidades influentes e movimentos das chamadas “baleias”, os grande detentores de posições de criptomoedas.

Se uma grande empresa passa a aceitar Bitcoins para que se comprem carros, cresce a utilidade e a reputação, fazendo o preço subir. Se o consumo de energia em mineração incomoda Governos e provoca restrições legais, a tecnologia deixa uma fragilidade que pode ser uma ameaça para o preço.

A própria prevalência do Bitcoin, ou seja, o fato de que esta é a principal criptomoeda, traz benefícios (a máxima reputação pelo mercado) e ameaças (a perda da prevalência para outra criptomoeda), o que poderia fazer o preço do Bitcoin cair.

Sendo um ativo de essência tecnológica, a substituição de qualquer criptomoeda importante é um tanto difícil, mas plenamente possível. E por isso, é importante saber que o preço do Bitcoin é sempre baseado naquilo que alguém está disposto a pagar, e existem fundamentos para isso, mesmo que sejam um pouco diferentes como diferente é o mercado de criptomoedas.

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