Administrador de Empresas (UERJ), pós-graduado em Engenharia Econômica (UERJ), certificado CFP® e Ancord. 21 anos de carreira no mercado financeiro, com passagens pelo atendimento Private, Alta Renda, Gestora de Recursos, Tesouraria e Educadoria Corporativa. Desde 2018, sócio da Pedra Azul Investimentos, escritório de assessoria de investimentos sediado em Vitória-ES.

Carro novo: comprar ou alugar? Hora de fazer as contas

Pra entender o que compensa mais, é importante saber o que considerar na lista de custos que envolvem as duas opções

Vitória
Publicado em 19/05/2022 às 10h33

Entre comprar ou alugar um carro zero, há diferenças marcantes na experiência do consumidor. Quem compra tem a posse e fica com mais riscos. Quem aluga sente que está comprando um serviço, e não um bem, mas conta com maior previsibilidade no custo projetado. Há prós e contras em cada alternativa. E na hora de fazer as contas para comparar a proposta financeira, é importante saber o que considerar.

Antes de fechar negócio (compra ou aluguel) é possível projetar os custos, mas o resultado final dependerá do que vai ocorrer ao longo do tempo de contrato (ou de posse do bem), com variáveis que podem oscilar, como taxa de juros, preço dos carros, depreciação, e custos de manutenção. Por isso, o certo a se fazer é procurar efetuar a melhor projeção possível, com as informações que temos à mão.

A primeira premissa é ajustar os parâmetros para que se compare produtos iguais em prazos iguais. É correto comparar um contrato de aluguel de 24 meses com uma compra e venda pelo mesmo período, de modelos zero quilômetro de mesma marca e modelo. Comparar utilizando prazos diferentes, ou entre um carro zero (alugado) e outro usado (comprado), irá causar a distorção dos números.

CUSTOS DA COMPRA

Os principais custos da compra são a depreciação (o quanto o veículo adquirido vai desvalorizar no prazo analisado) e o custo de oportunidade (em outras palavras, os juros que abrimos mão por imobilizar o dinheiro que pagamos por um carro, e que poderíamos obter em uma aplicação financeira).

Para apurar a depreciação, o ideal é atribuir um percentual de desvalorização conforme o mercado. A dica é abrir a tabela FIPE  e pesquisar quanto o modelo pretendido desvaloriza no prazo escolhido.

Na falta de informações mais precisas, caso o modelo seja recém-lançado ou tenha tido alterações significativas de uma geração para outra, procure observar outros modelos da mesma marca ou da mesma categoria. Mesmo assim, por ser uma projeção, a desvalorização final dependerá das condições de mercado.

Nos últimos anos, há veículos que até valorizaram por conta da crise da pandemia. Neste caso, o resultado financeiro dessa valorização, se for acima da inflação, virá a favor de quem comprou. Procure calcular a depreciação, portanto, por um percentual apurado pelo estudo de mercado e da tabela FIPE, considerando o prazo pretendido de contrato.

Quando ao custo de oportunidade, o melhor é considerar a taxa futura que corresponde ao esperado para 100% do CDI no período, dentro do prazo médio da operação. Se for uma operação de 2 anos, pode ser considerada a taxa futura de 1 ano como taxa média.

É importante lembrar que quando alugamos um veículo pagamos a mensalidade antecipadamente. Portanto, o custo de oportunidade se calcula descontando as mensalidades pagas do valor total que custaria o veículo. A cada mês adiciona-se os juros correspondentes, e desconta-se do saldo a prestação de aluguel para cálculo do custo de oportunidade. É uma conta mais complicada de se fazer, precisando ser colocada em uma planilha para que tenha maior precisão.

Uma alternativa mais simples é considerar taxa de juros média e saldo médio, para fazer uma aproximação razoável. Exemplo: para um carro que custa 100 mil, em um contrato de aluguel que custará 30 mil por 2 anos, utilizamos 85 mil como saldo médio, com taxa de juros correspondente ao prazo médio da operação. E obtemos os juros com uma conta linear, por cada um dos 24 meses.

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Antes de fechar negócio (compra ou aluguel) é possível projetar os custos. Crédito: Freepik

Não esqueça que o custo de oportunidade pode ser maior se o aluguel for uma alternativa para quem precisaria financiar o carro. Neste caso, a taxa de juros para cálculo do custo de oportunidade tem que levar em consideração a taxa de juros do financiamento pelo valor a ser financiado, o que encarece demais a opção de compra.

Outras variáveis são o seguro de automóvel, as revisões obrigatórias, o IPVA e eventuais manutenções fora de garantia.

O valor do seguro pode ser consultado com corretores de seguros ou seguradoras, até porque, decidindo-se pela compra, esse será um item indispensável.

Para efeito de comparação, é importante conhecer os parâmetros do seguro do carro alugado: geralmente a franquia junto à locadora é majorada, para baratear a prestação. Mesmo que você prefira franquia normal ou reduzida, na hora de comparar é preciso deixar esses parâmetros ajustados.

O IPVA pode ser projetado de acordo com as regras de cada Estado brasileiro (primeiro ano pelo valor do carro zero, segundo ano pelo bem usado).

As revisões geralmente tem preços fixos, é necessário entender quantas revisões deverão ser feitas no prazo do aluguel pretendido, o que depende da quilometragem a ser percorrida e do prazo.

Há um custo que poucas pessoas consideram, mas que sempre bate à porta do comprador, principalmente na hora da venda: a comissão ou spread de venda, algo que pode se manifestar de diversas formas. A principal delas é o valor de desvalorização do veículo frente à tabela FIPE por ocasião da negociação da troca por outro carro novo.

Esse valor pode variar muito, e em alguns casos pode ser muito significativo. No aluguel, convenhamos que esse valor não existe, porque você simplesmente devolve o carro ao final do contrato, sem qualquer resíduo sobre o valor do carro, seja de valorização ou desvalorização.

É importante entender que o custo de comprar não é o preço do carro ou o valor inicial desembolsado, mas sim a perda de resultado financeiro em juros sobre o valor do carro e a desvalorização do bem, que é a diferença de valor após o prazo pretendido. Em outras palavras, o custo do dinheiro é sempre valor através do tempo.

CUSTOS DO ALUGUEL

Basicamente, os custos do aluguel são a soma das parcelas mensais. Mas há outros possíveis eventos, como por exemplo, a obrigatoriedade de executar serviços de reparação em oficina credenciada da locadora, o que pode ter um custo maior.

Além disso, algumas locadoras pedem pagamento antecipado e mensal, mas podem demorar alguns meses para entregar o veículo, penalizando a conta de custo de oportunidade.

A multa por desistência do contrato de aluguel de forma antecipada pode ser significativa e dificulta o cálculo, por ser a desistência um evento imprevisível e incerto, mas de qualquer forma, convenhamos que desistir muito cedo do carro zero que você tenha comprado também não será bom do ponto de vista financeiro, na hora em que decidir vendê-lo de forma muito precoce.

Algumas pessoas fazem a conta do aluguel e, em alguns casos, chegam a questionar onde está o lucro da locadora. Mas não esqueça que a empresa tem isenção de alguns impostos na compra do bem, antes de alugar para você, e isso faz toda a diferença.

Nos últimos tempos, no entanto, a elevação da Selic tem aumentado muito o custo de oportunidade. O valor dos veículos também subiu, e de uma forma geral o aluguel está mais caro.

Agora cabe a você, que tem interesse em comparar as duas alternativas, ajustar parâmetros, estudar as variáveis e projetar da melhor maneira os custos. Sem esquecer que a experiência como consumidor é diferente, e é necessário entender a sua percepção de valor sobre cada uma das opções.

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