Publicado em 6 de setembro de 2025 às 09:00
Estar internado em um hospital, seja por alguns dias ou por longos períodos, costuma trazer sentimentos de medo, insegurança e solidão. Para muitos pacientes, a rotina médica se mistura a um ambiente rígido e distante da vida fora dali. >
No entanto, diferentes iniciativas realizadas em hospitais da Grande Vitória têm mostrado que o carinho, a espiritualidade, a arte e as brincadeiras podem transformar esse cenário, tornando o ambiente mais humano e acolhedor. As ações dos grupos voluntários mostram que o cuidado com os pacientes vai além da medicina. Brincadeiras, orações, músicas e gestos de carinho não substituem o tratamento, mas atuam como aliados poderosos, trazendo leveza a uma rotina marcada por desafios.>
Essas iniciativas refletem uma mudança importante na forma como entendemos a saúde, cuidar não é apenas tratar a doença, mas olhar para a pessoa como um todo, valorizando sua história, seus sentimentos e sua necessidade de pertencimento. >
Com 11 anos de atuação, o Instituto GAP nasceu com um propósito simples: ajudar pessoas em situação de rua. Aos poucos, as ações foram se ampliando e hoje o grupo também leva sorrisos e acolhimento para dentro dos hospitais. >
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Atualmente são cerca de 30 voluntários que acolhem a todos sem distinção, mas sempre com amor e respeito. As visitas começam e terminam com uma oração, reforçando o clima de união entre voluntários e pacientes. >
Saindo de um objetivo mais social e fantástico, outra frente importante no cuidado com pacientes hospitalizados é a espiritualidade e a fé. Amanda Moraes Facini Mairink, que atua como líder do grupo voluntário Capelania da Fonte de vida, explica que a fé é um instrumento poderoso no processo de recuperação. >
Há mais de 8 anos em atividade, ela atua em orfanatos, asilos, presídios e em destaque, nos hospitais da Grande Vitória, oferecendo apoio espiritual, emocional e amor tanto a pacientes quanto a familiares. “Muitas pessoas não têm acompanhantes, e nosso papel é mostrar que elas não estão sozinhas. A fé dá força, esperança e ajuda a enfrentar os desafios do tratamento”, explica. >
O trabalho, segundo ela, vai além da religião: trata-se de oferecer acolhimento e presença, especialmente para aqueles que enfrentam a internação sem familiares por perto.>
A psicóloga Luiza de Souza Colonna destaca que as atividades recreativas têm papel essencial na humanização dos hospitais. Para ela, iniciativas como essas transformam a experiência da internação. “O hospital ainda é visto como sinônimo de dor e incertezas”. >
Luiza de Souza Colonna
PsicólogaSegundo Luiza, os benefícios aparecem em todas as idades. Para as crianças, brincar, pintar ou ouvir histórias ajuda a trazer de volta a sensação de carinho da rotina de casa, além de estimular a imaginação. Isso torna o hospital um lugar mais acolhedor. Já para os adultos, atividades em grupo, músicas e jogos diminuem a solidão e fortalecem a sensação de apoio e pertencimento. “Essas atividades também fazem o corpo liberar substâncias que trazem bem-estar, relaxamento e felicidade”, explica.>
A psicóloga ressalta que, além do aspecto emocional, esses fatores também colaboram no tratamento físico. “Essas iniciativas impactam diretamente na melhora psicossocial e fisiológica. O paciente que se sente visto e acolhido responde melhor ao tratamento”, conta. >
Esse impacto positivo também é percebido por Marta Priscila Dantas, enfermeira e integrante do projeto Plantão Só Riso. Há seis anos atuando com 'palhaçoterapia' em hospitais, ela reforça que o trabalho exige preparo e sensibilidade. “Para se tornar palhaço humanitário é preciso mais do que vestir a fantasia. Passamos por oficinas que abordam segurança, cuidado e, principalmente, o resgate da criança interior e do amor ao próximo”, conta. >
O grupo atua no Hospital Universitário Cassiano Antônio Moraes (Hucam) todos os domingos, das 14h às 16h, nos setores de pediatria, clínica médica e urologia. As intervenções alcançam tanto crianças quanto adultos, muitas vezes longe de casa e sem receber visitas. “Os pacientes nos dizem que faz tempo que não recebem ninguém. Quando chegamos, eles afirmam que o dia se tornou melhor, e que conseguimos arrancar um sorriso, mesmo em momentos difíceis”, relata.>
Ela também explica que lidar com crianças requer dedicação especial. Muitas delas estão internadas há bastante tempo, o que torna necessário um esforço maior para incentivá-las a brincar e se soltar. “É um desafio, mas também é gratificante ver como conseguimos transformar aquele ambiente em algo mais leve”, acrescenta.>
No fim, cada sorriso arrancado em um leito hospitalar se traduz em esperança, tanto para os pacientes quanto para os voluntários que dedicam parte de seu tempo a essa missão.>
** Este conteúdo é uma produção do 28º Curso de Residência em Jornalismo. A reportagem teve orientação e edição do editor Guilherme Sillva. >
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