Repórter do HZ / gusilva@redegazeta.com.br
Publicado em 2 de abril de 2024 às 09:57
Novas tecnologias têm ajudado a salvar vidas. E neste ano acaba de chegar ao Brasil o robô Mazor, tecnologia que revoluciona a maneira de realizar cirurgias da coluna por meio da cirurgia robótica minimamente invasiva.
A novidade foi apresentada durante o Mind 360, em São Paulo, no fim de março, e reuniu 150 médicos do Brasil e América Latina que debateram inovações na cirurgia robótica, oncológica, bariátrica e metabólica. O #SeCuida esteve no evento e conheceu o lançamento.
A cirurgia vai contar com a assistência de um robô, equipado como um cirurgião. Com a ajuda de um software, o médico planeja o procedimento cirúrgico na estação de trabalho do robô, no ambiente intraoperatório ou de maneira pré-operatória em seu computador pessoal.
O médico Alexandre Fogaça, especialista em Cirurgia de Coluna e professor do Departamento de Ortopedia e Traumatologia do HC-FMUSP, explica que o próprio sistema analisa e combina imagens radiográficas pré-cirúrgicas e intraoperatória dos diferentes planos anatômicos do paciente, permitindo ampla visibilidade da coluna vertebral do paciente e garantindo previsibilidade ao procedimento. "Em seguida, o mesmo software guia o braço robótico conforme a estratégia médica previamente definida pelo cirurgião, promovendo uma abordagem com alta precisão segundo o plano pré-definido".
A plataforma tridimensional Mazor permite que os cirurgiões visualizem rapidamente a anatomia e as estruturas da coluna vertebral em relação umas às outras. Isso fornece aos cirurgiões acesso para planejar e simular estruturas espinhais e parafusos com antecedência, com o objetivo de aumentar a eficiência e a precisão cirúrgica. A cirurgia é realizada normalmente, mas na hora de colocar os implantes, primeiro obtemos uma imagem 3D da coluna.
Alexandre Fogaça
Médico especialista em Cirurgia de ColunaCom todos esses recursos, são reduzidas as chances de complicações e a recuperação do paciente no pós-operatório é mais rápida, levando a um menor tempo de internação. "As cirurgias com navegação e robótica podem ajudar em muito a diminuição de complicações relacionadas ao mau posicionamento de implantes. Esta nova tecnologia ajuda também em cirurgias bastante delicadas que envolvem osteotomias vertebrais, aumentando a precisão dos procedimentos".
Também pode auxiliar em cirurgias minimamente invasivas com menores incisões e dano tecidual. "Já há vasta literatura mostrando o aumento da acurácia no posicionamento de implantes em cirurgias de coluna com diminuição das taxas de cirurgias de revisão, principalmente, em cirurgias de deformidade da coluna", explica o Alexandre Fogaça.
O uso do novo robô é indicado para tratar doenças da coluna vertebral que não respondem a terapias conservadoras e que requerem controle e intervenção, pois afetam a saúde e a qualidade de vida do paciente. É indicado para deformidades da coluna, como a escoliose, doenças degenerativas dos discos, como as hérnias de disco, e traumatismos, como as fraturas.
Uma das vantagens do uso do robô e a possibilidade de fazer um planejamento apurado, trazendo maior segurança e eficácia para o trabalho da equipe médica responsável. "O uso do robô diferencia-se pela alta precisão em procedimentos de reconstrução da coluna vertebral e a capacidade de visualização da progressão dos implantes em tempo real com a navegação integrada. Com todos esses recursos, são reduzidas as chances de complicações e a recuperação do paciente no pós-operatório é mais rápida, levando a um menor tempo de internação", comenta o cirurgião.
A previsibilidade na colocação de implantes é de 98,7% sem desvios, conforme os estudos realizados.
Até hoje, já foram realizadas 14 mil cirurgias com o robô, que já está em uso em países, como Estados Unidos, Canadá, Chile, Porto Rico, países da Europa, Japão, China e Índia. No Brasil, por enquanto, o Mazor está disponível apenas num hospital particular de São Paulo. O médico explica o desafio de fazer as cirurgias robóticas, que continuam restritas aos hospitais privados, chegarem ao Sistema Único de Saúde (SUS).
"No Brasil esta tecnologia é nova. Já temos estes equipamentos em poucos hospitais privados, mas em alguns deles temos conseguido utilizar esta tecnologia inclusive nas cirurgias do SUS. Um dos desafios é a necessidade de técnicos bem treinados. Outro problema é o custo elevado desta tecnologia para a realidade brasileira", finaliza Alexandre Fogaça.
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