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Ministério da Saúde passa a recomendar mamografia a partir dos 40 anos

Ministério da Saúde passa a recomendar mamografia a partir dos 40 anos

Outra medida é a ampliação da faixa etária para rastreamento ativo, quando a mamografia deve ser solicitada de forma preventiva a cada dois anos

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Guilherme Sillva

Editor do Se Cuida / [email protected]

Publicado em 24 de setembro de 2025 às 15:06

Mamografia
A recomendação para as mulheres a partir dos 40 anos é que o exame seja feito sob demanda, em decisão com o profissional de saúde Crédito: Shutterstock

O Ministério da Saúde divulgou novas recomendações para a realização da mamografia como parte da prevenção e do diagnóstico precoce do câncer de mama. Pela primeira vez, o exame passa a ser recomendado para mulheres de 40 a 49 anos, mesmo que elas não apresentem sinais ou sintomas de câncer. Essa faixa etária concentra 23% dos casos da doença e a detecção precoce aumenta as chances de cura.

A recomendação para as mulheres a partir dos 40 anos é que o exame seja feito sob demanda, em decisão com o profissional de saúde. A paciente deve ser orientada sobre os benefícios e desvantagens de fazer o rastreamento. Mulheres nesta idade tinham dificuldade com o exame na rede pública de saúde em função da avaliação de histórico familiar ou necessidade de já apresentar sintomas. Anteriormente, o protocolo oficial do Sistema Único de Saúde (SUS) orientava a mamografia apenas para mulheres de 50 a 69 anos, a cada dois anos, mesmo sem sinais ou sintomas.

Outra medida é a ampliação da faixa etária para rastreamento ativo, quando a mamografia deve ser solicitada de forma preventiva a cada dois anos. A idade limite, que até então era de 69 anos, passará a ser de até 74 anos. Quase 60% dos casos da doença estão concentrados dos 50 aos 74 anos e o envelhecimento é um fator de risco.

Com mais de 73 mil novos casos estimados anualmente no Brasil, segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), o câncer de mama é a doença oncológica mais incidente entre as mulheres, tornando a informação e o acesso a exames essenciais para salvar vidas.

Além da conscientização, é fundamental que mulheres tenham acesso a orientação clara sobre diagnóstico, tratamento e acompanhamento, sabendo o que esperar em cada etapa da jornada. Entender a função de exames como a mamografia, ultrassom e ressonância, conhecer as opções de reconstrução mamária, os efeitos colaterais e as estratégias de suporte psicológico ajuda a reduzir a ansiedade e promove mais segurança para enfrentar a doença.

Entenda a importância do exame

A mamografia é um exame simples e tem como propósito rastrear o câncer de mama por meio da identificação de nódulos nos seios, antes mesmo de serem palpáveis. Por meio dela, é possível identificar microcalcificações precocemente e, quanto mais cedo o câncer for descoberto, maiores são as chances de cura.

Segundo o Inca, esse tipo de câncer representa cerca de 30% de todos os diagnósticos de tumores em mulheres, o que reforça a importância do rastreamento regular. No entanto, como todo exame, a mamografia pode ter limitações.

O oncologista Daniel Gimenes, da Oncoclínicas, diz que mulheres com mamas densas, por exemplo, podem apresentar resultados menos conclusivos. Nesses casos, o médico pode indicar exames complementares, como o ultrassom, que ajuda a diferenciar nódulos sólidos de cistos, ou a ressonância magnética, geralmente reservada para situações de maior risco ou para investigar achados específicos. “A mamografia é o ponto de partida, mas nem sempre responde a todas as perguntas. O uso de outros exames, quando necessário, garante maior precisão no diagnóstico”, explica.

Quando há suspeita maior, a biópsia é fundamental para confirmar ou descartar a presença de células malignas. Esse procedimento é o único capaz de dar o diagnóstico definitivo e orientar o tratamento adequado.

A mastologista Karolline Coutinho Abreu Vilela diz que a mamografia é o principal exame de imagem utilizado tanto para o rastreamento quanto para o diagnóstico do câncer de mama. "Ela utiliza baixas doses de radiação para produzir imagens detalhadas do tecido mamário, capazes de revelar nódulos, calcificações ou outras alterações, muitas vezes antes de serem percebidas ao toque".

Com base no impacto comprovado da mamografia anual na redução da mortalidade por câncer de mama, as principais sociedades médicas — como o Colégio Brasileiro de Radiologia (CBR), a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) e a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO) — já recomendavam que mulheres assintomáticas e com risco habitual fizessem o exame a partir dos 40 anos. Trata-se da estratégia de rastreamento mais eficaz disponível atualmente para essa população. "Estudos comprovam que fazer mamografia anualmente a partir dos 40 anos reduz a mortalidade por câncer de mama", diz a mastologista.

O exame permite identificar lesões em estágios iniciais, o que muitas vezes possibilita cirurgias menores e mais conservadoras, além de reduzir a necessidade de tratamentos com a quimioterapia

Karolline Coutinho Abreu Vilela

Mastologista

Durante a mamografia, o seio é colocado entre as duas placas do mamógrafo, que comprimem as mamas e emitem raios-X para produzir as imagens. O processo pode ser desconfortável devido a compressão, e algumas mulheres podem sentir dor pontualmente, principalmente se estiverem no período menstrual. "Para obtermos imagens de boa qualidade, precisamos comprimir as mamas durante o exame, o que pode gerar algum desconforto. Porém, na maioria dos casos, a dor é leve e suportável, durando apenas alguns segundos", explica a médica. Mediante prescrição médica, a mamografia é oferecida gratuitamente pelo SUS.

A mastologista Rovena Scardini de Léo ressalta que o autoexame é uma opção que pode ajudar as mulheres a perceberem mudanças nas mamas, mas ele não substitui a mamografia. "O exame de imagem é capaz de detectar alterações muito pequenas, ainda não palpáveis, e por isso é essencial como método de rastreamento".

Mesmo em mulheres com mamas densas, ela continua sendo o exame de referência (padrão ouro) para a detecção precoce da doença. "Pacientes com mamas densas poderão se beneficiar ao complementarem o rastreamento com outros métodos de imagem, como a ultrassonografia ou a ressonância magnética, conforme o perfil de risco individual", diz a médica.

Ela ressalta que a mamografia não impede que o câncer apareça, mas permite identificá-la ainda em fases iniciais, o que aumenta as chances de um tratamento eficaz e de cura. 

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