Publicado em 24 de fevereiro de 2024 às 09:21
Febre alta, manchas vermelhas pelo corpo e dor nas articulações e atrás dos olhos. Esses são os sintomas mais conhecidos da dengue, que quando evolui para um quadro grave, apresenta riscos de lesões no fígado e hemorragias. Porém, os perigos da doença podem se manifestar de forma neurológica tempos depois, ou ainda sem que tenha havido necessariamente manifestação clínica dos sintomas clássicos. >
Segundo especialistas ouvidos pela reportagem, entre 1% e 5% dos pacientes infectados pela dengue podem desenvolver encefalite, mielite, neuropatia, meningite e até Guillain-Barré - um distúrbio autoimune que provoca redução ou ausência de reflexos.>
O mosquito Aedes aegypti pode causar problemas neurológicos tanto diretamente quanto indiretamente, explica o Augusto Penalva, supervisor da Equipe Médica da Neurologia do Instituto de Infectologia Emílio Ribas. O médico aponta três tipos de comprometimento que podem ocorrer:>
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As razões pelas quais a dengue pode afetar neurologicamente algumas pessoas mais do que outras ainda não é exato, mas há algumas pistas.>
O coordenador da Neurologia do Hospital Japonês Santa Cruz, Flávio Augusto Sallem, explica que há quatro sorotipos de dengue (1, 2, 3 e 4) e que as pessoas infectadas pelos sorotipos 2 e 3 costumam apresentar mais riscos de problemas neurológicos.>
"Essas alterações neurológicas também são muito mais comuns em crianças e adolescentes, mas também podem acontecer em pacientes adultos e têm sido descritas mesmo em pacientes acima de 80 anos. Isso pode estar relacionado à juventude do sistema imunológico ou à falta de uma experiência do sistema imunológico", diz.>
Já o neurologista Augusto Penalva esclarece que problemas no sistema nervoso podem acontecer com quem já teve uma sensibilização antigênica, ou seja, já teve outras arboviroses, como zika, chikungunya, febre amarela e a própria dengue (reinfecção).>
"O sistema nervoso costuma ser mais comprometido nos quadros mais graves de dengue, mas isso não significa que pacientes assintomáticos não possam desenvolver questões neurológicas", diz Penalva.>
Os neurologistas afirmam que, assim como a própria dengue, possíveis consequências neurológicas não têm um tratamento específico. Isso dependerá do quadro e da evolução de cada paciente.>
O tratamento das consequências neurológicas, após a dengue ser curada, pode ser feito com corticóide ou imunoglobulina, a depender do tipo de complicação que a pessoa apresentar, diz Sallem. O médico também menciona a importância de se ter um acompanhamento médico e buscar sempre um hospital em caso de complicações.>
Ambos os especialistas dizem que, além das medidas de controle de vetor, há um item fundamental para prevenir esses casos: a vacina.>
Ainda indisponível em larga escala no país, a vacina contra a dengue começou a ser aplicada pelo SUS (Sistema Único de Saúde) em crianças de 10 a 14 anos em municípios selecionados. Alguns laboratórios particulares e drogarias também vendem o imunizante.>
A vacina faz com que o teu sistema imune fique mais adequado, diminuindo a chance de casos graves e complicações neurológicas, mesmo ainda com processo inflamatório da dengue ocorrendo, conta o Coordenador da Neurologia do Hospital Japonês Santa Cruz.>
"A vacina é uma grande solução" diz Penalva. "Muitos quadros de arboviroses (como febre amarela) foram controlados com vacina.">
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