Publicado em 11 de julho de 2025 às 09:00
Quando as temperaturas caem, a frequência de espirros, tosses e nariz escorrendo sobe — e junto com esses sintomas, aumenta também a confusão: estou com uma gripe, um resfriado ou é “só uma alergia”?
Especialistas alertam para os riscos de ignorar ou minimizar as alergias respiratórias, especialmente no inverno. A estação mais fria do ano, além de nos manter mais tempo em ambientes fechados, também agrava a exposição a alérgenos como poeira, mofo e pelos de animais — e, claro, à poluição, que costuma disparar nas cidades brasileiras nesse período.
“No consultório, o que mais vemos no inverno são casos de rinite alérgica, asma, alergia a pelos de animais e mofo, além de reações causadas por ácaros”, explica Cristiane Passos Dias Levy, otorrinolaringologista e especialista em alergias respiratórias do Hospital Paulista.
Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 400 milhões de pessoas no mundo sofrem de rinite alérgica e cerca de 300 milhões têm asma. No Brasil, de acordo com a Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI), cerca de 30% da população tem algum tipo de alergia respiratória — um índice que cresce a cada ano, especialmente nas grandes cidades.
Distinguir uma crise alérgica de uma infecção respiratória, como um resfriado ou gripe, pode parecer difícil, mas é essencial para evitar tratamentos errados. Um erro comum é recorrer a antibióticos ou anti-inflamatórios sem prescrição — o que pode mascarar sintomas e causar efeitos colaterais desnecessários.
“A alergia costuma começar de forma súbita, com espirros, coriza clara, coceira nos olhos e nariz, mas sem febre. Já uma infecção geralmente vem acompanhada de febre, dor no corpo, mal-estar geral e tosse com secreção”, diferencia a especialista.
O resfriado comum é uma infecção viral do trato respiratório superior. Os sintomas incluem coriza, espirros, dor de garganta e tosse, e geralmente são mais leves e duram menos tempo do que a gripe. Resfriados geralmente duram de 7 a 10 dias, enquanto alergias podem persistir por semanas ou meses, especialmente se causadas por alérgenos ambientais como pólen ou poeira.
Além disso, os sintomas alérgicos podem variar conforme o ambiente. Se pioram em casa, no carro ou perto de animais, por exemplo, é um forte indicativo de alergia — e não de infecção.
O controle das alergias respiratórias passa por uma série de cuidados práticos no ambiente doméstico e de trabalho. Veja algumas orientações para respirar melhor neste inverno:
Em casa
Não trate alergia como algo menor ou inofensivo. Tomar medicamentos por conta própria pode trazer riscos, inclusive de reações graves. “A automedicação pode mascarar sintomas ou, pior, provocar efeitos colaterais e até levar a crises mais graves, como a anafilaxia”, alerta Cristiane. “É fundamental procurar um especialista para identificar a causa e adotar o tratamento mais adequado".
O diagnóstico correto permite personalizar o tratamento, usar medicamentos apropriados (como antialérgicos ou corticoides, quando necessários) e orientar mudanças de rotina que realmente fazem diferença.
As alergias respiratórias não têm cura definitiva, mas com cuidado, informação e acompanhamento médico, é possível manter os sintomas sob controle e ter mais qualidade de vida.
Então, se neste inverno você se pegar espirrando sem parar, com nariz entupido e olhos vermelhos, pare e pense: pode ser mais do que “tempo seco”. Pode ser alergia — e merece atenção.
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