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Veja atitudes para viver a Páscoa o ano inteiro

Veja atitudes para viver a Páscoa o ano inteiro

Inspire-se nesta data para buscar a renovação, a fé, a superação

Publicado em 31 de março de 2018 às 23:45

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Para cristãos do mundo todo, a Páscoa é recheada de simbolismos. Remete à fé, esperança, renovação, superação, solidariedade, alegria, perdão, amor... Mas se essa época é tão inspiradora assim, por que não tentar fazê-la durar o ano inteiro?

Será que dá para levar isso para o dia e dia e não deixar que esses bons sentimentos acabem junto com o último ovo de chocolate?

Laís Resende enfrentou um câncer e tenta ver a vida de forma positiva. (Ricardo Medeiros )

“É possível sim. A Páscoa está relacionada com a transformação. Uma data que tem esse poder incrível de trazer simbologia para a vida. E muita gente aproveita esta época para refletir sobre a própria vida e usa a Páscoa como gatilho para uma mudança”, afirma a psicóloga Milena Careta.

O padre Vandaike Costa Araújo concorda que a Páscoa é um convite à mudança. “A palavra, em hebraico, significa ‘passagem’. É uma época que celebramos com uma grande festa, quando somos chamados a viver uma nova vida a partir da ressurreição de Cristo. E devemos viver esse despertar a cada dia”, diz ele, que é fundador da Comunidade Missionária Mensageiros da Boa Nova, em Vitória.

No limite

Muitas vezes, essa evolução, toda essa transformação interior vem quando a vida é testada no seu limite. Como aconteceu com Lais Resende Costa, de 33 anos, que lembra como se fosse hoje quando descobriu que tinha leucemia, no final de 2014. “Eu tinha 27 anos, era professora de Artes. Dos mais de 20 tipos de leucemia, o que tive foi o mai agressivo, que leva metade das pessoas à morte”, conta ela, aposentada desde o ano passado.

Desde então, Lais já passou muita coisa, incluindo um transplante de medula, que recebeu da própria irmã, e ainda luta contra várias complicações de saúde que prejudicaram sua mobilidade e sua chance de ser mãe.

“Claro que a gente questiona. Tem dias em que fico triste. Já mandei meu marido embora umas três vezes. Mas vou fazer o quê? Ficar chorando? Resolvi não ficar procurando culpado, encarar de frente e pensar sempre que amanhã é outro dia”, diz.

Lais fez da doença uma oportunidade de crescimento: “Tem gente que diz que o câncer é uma doença maldita. Eu acho essa palavra muito pesada. Muitas vezes, o mal vem para o bem. Comigo foi assim. Cresci muito espiritualmente, aprendi a ver as coisas de outra maneira, a me colocar mais no lugar do próximo. Problemas assim servem para a gente dar uma parada, reavaliar toda a nossa vida e enxergar uma segunda chance para viver de forma diferente, como uma pessoa melhor”.

Traumas

Médico, acostumado a lidar com pessoas entre a vida e a morte, Manoel Rocha pensa que o ideal seria não deixar que traumas assim, a exemplo do de Lais, sejam o caminho para a mudança interna. “Muitas vezes, a pessoa muda depois de ter a experiência de ver a morte de perto, como no caso de uma doença, um acidente, um assalto ou sequestro. Ela fica fragilizada e repensa: ‘o que estou fazendo da minha vida?’. Pensa na família, em como poderia dar mais atenção aos filhos, por exemplo”, observa ele, que também escreve numa coluna na Revista AG.

Por isso, para Manoel, o significado da Páscoa é tão valioso e inspirador. “Páscoa é vida, renascimento. Mas deveríamos celebrar isso todos os dias, e não só nesta data. É preciso enxergar isso naturalmente, sem precisar passar nenhum sufoco”.

O sapateiro Cristiano Rangel acredita que a fé o curou da esclerose múltipla. (Fernando Madeira)

É o que Lais busca dia após dia. “Acho que quanto mais dificuldade a gente passa, mas a gente aprende. Por outro lado, conheci muitas pessoas que adoeceram e não mudaram. Deus me abençoou com uma sensibilidade, de estar aberta a olhar outras coisas e tentar ser uma pessoa melhor a cada dia. E a Páscoa é isso. É um momento de fé, de união. Não podemos deixar esse sentimento passar. Tem que ser levado para o dia a dia”.

"A fé da gente é como um remédio"

A Páscoa é uma época especial também para o sapateiro Cristiano Rangel, 45 anos. Ele diz que sempre foi uma pessoa de fé, e é graças a esse sentimento que ele está contando sua história hoje.

Oito anos atrás, quando trabalhava como motorista de ônibus do sistema Transcol, ele foi diagnosticado com esclerose múltipla lateral primária, uma doença neurodegenerativa fatal caracterizada pela perda progressiva da força, dos movimentos, da fala.

“Lembro do dia em que a neurologista me contou o que e u tinha. Ela falou que eu viveria no máximo mais dois anos. Falou que era da muleta para a cadeira de rodas, da cadeira de rodas para o leito e do leito para o caixão. Mas eu nunca aceitei o diagnóstico de que eu ia morrer”, conta Cristiano, que é evangélico.

Pois ele não só recusou a sentença médica como resolveu lutar contra ela. “Um dia, fui a um culto, onde recebi uma oração. Eu estava de joelhos e depois voltei para meu lugar. Ainda usava muletas. Acredito que a cura veio naquela noite. Não tomo mais medicação nenhuma e deixei as muletas de lado.”

Cristiano diz que voltou à médica que fez o diagnóstico e teve que encarar a incredulidade dela. “A médica se espantou. Mas disse pra mim que não acreditava em Deus, e sim na Medicina. E disse mais: que eu tinha esclerose e que, mais cedo ou mais tarde, iria procurá-la novamente”, relatou o sapateiro, que diz ter uma fé inabalável.

“Se fosse pela previsão dela, eu já estaria morto. Para mim, a última palavra não é de médico, é de Deus. Hoje trabalho o dia inteiro, sustento minha família, não tenho nenhuma dificuldade para andar, piloto minha moto, dirijo meu carro. Acredito que a fé da gente em Deus é um remédio, e médico nenhum controla isso”.

A cada dia, ela busca se tornar uma pessoa melhor

“Hoje acordei com saúde, já vi a cor do céu, minhas pernas estão firmes, nada dói e por isso já sou feliz. Meus entes queridos e uma meia dúzia de amigos de verdade estão sempre por perto. Nada mais é necessário na minha vida”, escreveu, outro dia, em uma rede social, a servidora pública federal Mônica Pretty Haynes, de 54 anos.

Para Mônica Haynes, datas como a Páscoa devem servir de inspiração. (Marcelo Prest)

Mãe de um casal já adulto, cristã e blogueira nas horas vagas, Mônica garante que busca, diariamente, ser uma pessoa melhor. Por isso, a Páscoa é uma época inspiradora para ela, que procura dar valor à fé, à gratidão, à justiça, à solidariedade.

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Dona de um perfil no Instagram com 36 mil seguidores, Mônica admite que essa busca não é tão fácil. “Não sou perfeita. Mas já fui pior quando abria mais a minha boca na hora de opinar sobre algumas questões. Hoje tenho mais cuidado. É preciso que haja mais tolerância. Tento defender a justiça, dar um testemunho melhor a cada dia. Busco esse crescimento como pessoa, como cidadã”, comenta a servidora.

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