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Treta na relação: três problemas comuns de casais e como resolvê-los

Treta na relação: três problemas comuns de casais e como resolvê-los

De tantos problemas comuns no dia a dia dos casais, três especialistas ouvidos pelo Gazeta Online selecionaram os principais desafios da vida a dois

Publicado em 3 de setembro de 2018 às 12:23

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Uso de celular, interesses diferentes e frequência sexual. De tantos problemas comuns no dia a dia dos casais, três especialistas ouvidos pelo Gazeta Online selecionaram os principais desafios da vida a dois. Claro que não são os únicos - você, leitor, deve ter muitos para listar -, mas a maioria dos casais já esbarrou em algumas dessas dificuldades. 

Além de apontar os problemas, a psicóloga Adriana Müller, a sexóloga Virgínia Pelles e o terapeuta familiar Júnior Fanticelli indicam as soluções para enfrentar esses dilemas. E uma palavra faz parte de todas as repostas: diálogo. 

A rotina também entra na lista tanto como solução, quando o casal tem interesses diferentes, e como desafio, quando se fala em frequência sexual.  

Sobre como lidar com o dinheiro, outro grande impasse, vamos falar durante a semana de maneira separada em uma reportagem do Gazeta Online.

1 - USO DE CELULAR

(Arabson)

Está aí uma queixa comum e atual entre os casais: o uso exagerado de celular. Geralmente, um é muito conectado e, o outro, nem tanto.

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Quando atendo em terapia de casal, a mulher reclama que o marido não larga o celular o dia inteiro. Já o marido diz que, na hora de deitar, ela fica rindo para o telefone, conversando com as amigas, e ele acaba dormindo sem que o casal tenha relação sexual ou algum diálogo. E muitos casais conversam melhor por aplicativo do que pessoalmente

Virgínia Pelles, sexóloga
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A dificuldade de relacionamento também se estende com relação ao uso de redes sociais. Quando o casal tem filho pequeno, tira foto da criança o tempo todo e fica postando. Mas acaba não tendo tempo de qualidade com o filho, porque não prioriza, passou o tempo todo escrevendo texto, postando foto e respondendo comentários.

Os casais reclamam que um faz declaração de amor na rede social, mas, pessoalmente, não. 'Eu quero que demonstre amor na rotina', dizem. No meu consultório, todos os casais se queixam do uso de celular.

A verdade é que as pessoas perderam o bom senso de expor a vida íntima em rede social, sem necessidade, por exemplo, de expor uma discussão banal.

O Facebook tem uma ferramenta que diz se estou me sentindo triste ou feliz. Eu tenho ouvido, principalmente dos casais acima de 30 anos de idade que, após uma briga, um dos dois publica que está se sentindo triste, decepcionado. Até que ponto ficar remoendo esses sentimentos é válido?

SOLUÇÃO: BOM SENSO

- Não exponha a sua vida íntima nas redes sociais. Se o casal chegar a um consenso, tudo bem. Mas, geralmente, não é isso que acontece. Conversar e fazer um combinado sobre as fotos e sentimentos postados é o caminho ideal.

- Sempre antes de postar alguma coisa, se perguntar: 'Eu preciso?' 'Vai ajudar em quê?' 'Estou expondo o outro?' É importante sempre se colocar no lugar do outro, ser menos egoísta, pensar menos em você. Quando o assunto é rede social, pensar em que margem essa foto pode dar. 'Está me expondo muito?' 'Vendo muito a minha casa e a minha intimidade?' São pequemos detalhes que fazem toda a diferença. 'Eu conversei com o meu parceiro (a) sobre o que ele quer que eu exponha ou não?' 'Essa exposição que estou fazendo dos meus filhos tem acordo?' Precisa ser algo acordado entre os dois. Do contrário, começa uma série de brigas.

- Ponderar o uso do celular. A pessoa usa o celular o dia inteiro no trabalho. Chegou em casa, tem um filho. Deixe o celular em uma caixa da família, para que fique o smartphone e o tablet. Assim, a família prioriza o tempo em comunhão. Nós somos exemplos para os filhos. Se a gente não sai do celular, nossos filhos também não vão sair. Ter um horário para toda a família se desconectar.

- O ideal é não levar o celular para a cama. Enquanto o outro estiver acordado, priorizar o tempo de estar junto, conversar e não mexer no telefone. Criar um horário limite para o uso do celular. Desliga a internet, se alguém precisar falar, vai ligar quando o assunto for urgente. Se levar o celular na cama, tenha a sensibilidade de olhar o outro. Às vezes, o outro está sentando olhando para você e você está olhando para o aparelho.

- Uma máxima muito utilizada hoje em dia é que tudo que você foca, expande. As pessoas estão reclamando que o casamento não vai bem, que o filho não está obedecendo, mas a pessoa está tendo foco? Virá um ciclo da procrastinação. Ponderar o uso de rede social é fundamental. Estabelecer um número de horas ou quando a gente estiver junto, a gente não olha. Volto a dizer: controlar o uso de celular faz toda a diferença. Afinal, não podemos cobrar o que não somos exemplo.

Virgínia Pelles é sexóloga, terapeuta e colunista do Gazeta Online  

2 - INTERESSES DIFERENTES

(Arabson)

É um problema comum de casais casados há pouco tempo (2 anos, por exemplo), ainda sem filhos, jovens, vivendo aquele momento do relacionamento em que a rotina evidencia os interesses diferentes e eles passam a se isolar, cada um fazendo aquilo que lhe agrada.

Antes de viverem juntos, o casal dedica seu tempo a estar um com o outro. Sempre que podem, ajustam suas vidas para aproveitar as oportunidades de estarem na companhia um do outro, felizes porque estão juntos.

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Quando vão morar sob o mesmo teto, a convivência se torna frequente e a rotina faz com que os interesses diferentes comecem a aparecer. Ela gosta de comida fit, ele gosta de hambúrguer caprichado. Um gosta de ir para a academia, o outro gosta de dormir até mais tarde. Um gosta de ir à Igreja, o outro quer viajar nos fins de semana

Adriana Müller, psicóloga
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Nada disso era propaganda enganosa, simplesmente não aparecia porque o relacionamento acontecia para além das diferenças. A convivência evidencia as diferenças e essas diferenças podem afastar um do outro. Fazer com que as diferenças sejam conciliáveis é um desafio dos casais.

SOLUÇÃO: DESCONSTRUIR IDEIAS

- De que ser casal significa fazer tudo junto. Lembrem-se: ser casal é ter objetivos em comum, respeitando a individualidade de cada um. Fazer o que se gosta (individual) e ter tempo para o casal, essa é a equação ideal.

- De que precisamos apontar os erros do outro. Atenção: focar nos erros e criticar o outro sempre é a melhor forma de destruir um relacionamento a dois. Foco no melhor do outro, demonstrando admiração, reconhecendo o melhor do outro, mencionando as qualidades.

- De que um dos dois tem a verdade e sabe o que deve ser feito. Isso costuma gerar conversas impositivas que afastam ainda mais um do outro. O melhor a ser feito é dialogar: dizer o que espera, ouvir o que o outro pensa e encontrar pontos de tangência onde os interesses diferentes sejam conciliáveis. O diálogo é a melhor forma de encontrar o equilíbrio.

- De que a rotina destrói a vida a dois. A rotina vai evidenciar os interesses individuais e a habilidade do casal em encontrar formas de seguir em frente respeitando-se mutuamente, sem usar as diferenças como instrumentos de ataque, mas como andaimes que levam o relacionamento para outro patamar. A rotina pode ser uma grande aliada quando o respeito mútuo está em ação.

Adriana Müller é psicóloga, terapeuta familiar e comentarista da Rádio CBN Vitória

3 - SEXO

(Arabson)

Nas pesquisas feitas pelo 'Casados para Sempre' - curso para casais realizado por pastores evangélicos -, com mais de 5 mil casais de alunos, em 2017, obtivemos as principais causas de divórcio no Estado: sexo, comunicação e dinheiro. Esses temas se conectam com outras pesquisas realizadas no Brasil, quando o tema é casamento. Na área sexual, a maioria dos casais tem problema com a quantidade (semanal, quinzenal ou mensal).

É muito comum sermos procurados por casais em fortes conflitos conjugais, insatisfação de um dos cônjuges no que diz respeito a quantas vezes transam na semana. O mais comum são os homens reclamarem, mas, de uns anos para cá, vem crescendo o número de reclamações femininas. Entre os diversos fatores, o mais utilizado como justificativa para o "baixo" rendimento semanal é o excesso de trabalho, ocorre que nem sempre essa justificativa é verdadeira.

Observamos que mais que trabalho em excesso, tem a rotina, a prioridade, o jogo da conquista e os estímulos que muitos casais deixam ao longo da jornada da vida a dois. Um dos casos mais emblemáticos que atendemos foi de um casal que chegou a se separar por reclamações mútuas de quantidade, mas os dois não falavam um com o outro do desejo "reprimido", ou seja, eles não conversavam sobre o tema.

SOLUÇÕES: ENTENDER AS DIFERENÇAS E DIALOGAR

- Diferenças. Primeiro, homem e mulher devem compreender que o desejo sexual não é igual para todos, cada um tem um tempo diferente. Se como homem imagino que meu nível de desejo diário ou semanal é o mesmo que minha esposa, estou sendo imaturo, do mesmo modo, as mulheres. Temos que voltar a discutir sobre as diferenças entre homens e mulheres quando falamos de sexualidade. Nunca fomos iguais e jamais seremos.

- É necessário conversar abertamente sobre o assunto. A maioria dos casais que enfrenta crise motivada pela saúde sexual tem um problema ainda maior como pano de fundo: a falta de comunicação. Pode até parecer estranho, mas com o advento da internet, milhares de casais conversam pouquíssimo ao modo olho no olho, quando muito trocam mensagens ao longo do dia e se encontram no limite do cansaço ao final da noite. 

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Infelizmente, os smartphones aproximaram os que estavam longe e afastaram os que estavam perto, e isso é um suicídio para um relacionamento

Júnior Fanticelli, pastor e terapeuta
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- Não conversem com a luz do quarto apagada. Dialoguem olhando um no olho do outro, às claras, com maturidade. Deixe claro o que você gosta na hora do sexo, respeite o limite do outro e leve para sua vida sexual ideias que edifiquem um ao outro e não os transformem em mero objeto sexual. Importante que o casal equalize verbalmente suas expectativas entre o ideal e o real e encontre o que for melhor para os dois.

- É preciso renovar e investir sempre. Todos sabem que a tendência da vida a dois é a rotina, logo temos que ser inteligentes e estar sempre um passo à frente. Sexo de hora marcada também, ninguém merece, e isso é um de nossos principais pecados. Quase que já sabemos que no mesmo “bat-horário, bat-canal” vai acontecer. Surpreenda um ao outro, quebre a rotina de vez em quando. Já pensou em economizar ao longo da semana e ir a um hotel dentro da cidade, de surpresa, como se estivessem em viagem? Quem sabe, estimular ao longo do dia com mensagens, imagens românticas e dicas para o que ocorrerá à noite?

Ter coragem de olhar para dentro de si também é um caminho, para ajustar nossos sentidos para uma vida sexual que agrade aos dois.

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Júnior Fanticelli é terapeuta familiar, pastor e diretor nacional do curso 'Casados para Sempre', juntamente com a esposa

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