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Tanorexia: vício em sol também é doença

Tanorexia: vício em sol também é doença

Entenda os riscos de se buscar um bronzeamento exagerado

Publicado em 3 de março de 2019 às 21:42

Gizelly Bicalho faz sessões de bronzeamento em uma clínica, mas evita exageros Crédito: Marcelo Prest

A advogada Gizelly Bicalho, 27 anos, exibe com orgulho suas marquinhas, conquistadas com muitos dias de praia neste verão. Mas não é só isso. Para chegar a esse grau de “morenice”, ela teve trabalho e precisou de diversas sessões de bronzeamento em uma clínica especializada.

“Adoro praia, só que não vou sempre. E não gosto de ficar torrando na areia, esqueço de passar o filtro solar... Na clínica, faço com segurança, com acompanhamento. Fico bronzeada, mas não queimada. E a cor fica uniforme e dura mais”, conta a jovem.

Apesar de adorar o tom dourado na pele o ano inteiro, Gizelly sabe que não pode exagerar como algumas pessoas fazem. O vício no bronzeamento é tão comum que ganhou status de transtorno, com o nome tanorexia.

Marca

“Temos clientes que querem vir toda semana. Ainda estão com a marca intacta e querem fazer mais”, diz a empresária Élida Torezani, dona de uma clínica de bronzeamento em Vila Velha.

Gizelly gosta de retocar o bronze no máximo uma vez por mês. Não se considera viciada na cor: “Eu gosto, mas não tenho vício”. Já na tanorexia, a pessoa não tem limite e fica obcecada em se bronzear, exagera na exposição sem se preocupar com a saúde e tem até sintomas de abstinência quando sente que está “desbotando”, algo parecido com os sintomas comuns em dependentes de álcool e drogas.

Além da necessidade de estar sempre bronzeada, essa pessoa fica frustrada por não ter o resultado que deseja, mesmo quando ela já está com a pele muito bronzeada, segundo Élida. Também é comum que essa pessoa fique irritada em períodos de ausência de sol ou impossibilidade de passar pelo bronzeamento artificial. “Uma cliente relatou uma vez que viajou para um lugar onde não tinha como se bronzear e ficou meio deprimida, nem curtiu a folga”, relatou a empresária.

Na clínica, há sessões de bronzeamento natural, em que a pessoa se expõe ao sol por um curto período, após a aplicação na pele de um produto com filtro solar. “É um autobronzeador, mas já vem com proteção solar. A sessão dura uma hora, uma hora e meia no máximo”, afirma.

É o preferido da Gizelly. “A equipe não deixa a gente ficar além do tempo necessário. E tem cuidado com a hidratação. Molham nosso corpo o tempo inteiro, servem frutas, água”, conta.

Mas outra opção é o bronze a jato, no qual uma substância líquida é aplicada no corpo, que ganha uma “maquiagem” morena por 10 a 15 dias.

É um dos métodos mais seguros, segundo a dermatologista Patrícia Friço. “Se a pessoa não tem alergia ao produto, não fará mal”.

Informação

A médica lembra que hoje em dia todo mundo tem informação sobre os efeitos nocivos do sol, diferentemente de pacientes com idades na casa dos 50, 60 anos, que hoje procuram ajuda para tratar as consequências de uma exposição solar exagerada na juventude. “Estamos na era da informação. Então, as pessoas têm consciência dos perigos do sol, mas não se preocupam com os efeitos disso a longo prazo, com o futuro, só com o agora”.

Às pacientes que não dispensam um bronzeado, Patrícia faz um alerta: “Sempre oriento que evitem o sol nos horários de pico, pois isso pode deixar uma pele flácida, manchada e, principalmente, com um risco maior de desenvolver câncer de pele”.

O câncer de pele é uma doença grave, que pode levar à morte. No Brasil, a estimativa é de 165,5 mil novos casos para o biênio 2018/2019.

Entenda

O transtorno

A tanorexia é um transtorno psicológico reconhecido pela Associação Americana de Psiquiatria e caracterizado pela obsessão pelo bronzeamento do corpo, independentemente da época do ano. A pessoa sempre está insatisfeita com a cor e fica deprimida se não tem os resultados que deseja

Sem limites

O vício leva a pessoa a se expor ao sol, sem proteção adequada e sem limites de tempo, sem preocupação com a saúde. Ela procura métodos inseguros e se submete a sessões de bronzeamento em pequenos intervalos

Perigos

A exposição exagerada ao sol causa envelhecimento precoce da pele, que fica manchada e mais flácida antes da hora. Além disso, as chances de desenvolvimento de um câncer de pele no

futuro aumentam significativamente

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