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Presidente Bolsonaro faz vasectomia pela segunda vez. Entenda os riscos

Presidente Bolsonaro faz vasectomia pela segunda vez. Entenda os riscos

Intervenções contínuas aumentam chance de fibrose na região, segundo urologistas

Publicado em 6 de fevereiro de 2020 às 16:18

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Presidente da República, Jair Bolsonaro . (Foto: Isac Nóbrega/PR)

O presidente Jair Bolsonaro se submeteu, no último dia 30, em um hospital de Brasília, a uma vasectomia, procedimento de esterilização feito em homens que não querem mais ter filhos biológicos. Esta foi a segunda vez em 20 anos que Bolsonaro fez a cirurgia.

A primeira vasectomia foi realizada após o nascimento de seu quarto filho, Renan Bolsonaro, hoje com 22 anos. Depois, o presidente  desfez a vasectomia para que a sua atual mulher, Michelle Bolsonaro, pudesse engravidar de Laura, que tem já nove anos de idade.

Intervenções desse tipo estão cada vez mais comum por causa das mudanças nas configurações familiares. A vasectomia é considerada ainda um dos mais seguros métodos contraceptivos. Ela torna o home estéril, mas não interfere na sua produção hormonal ou seu desempenho sexual. Além do mais, é algo que pode ser revertido. E aí, muitos podem volta a buscar o procedimento pela segunda vez.

Nova vasectomia

"A nova vasectomia é um pouco mais difícil do que a primeira, mas não é impossível", afirma o urologista Gabriel Moulin.

De acordo com o também urologista Bruno Baracho Rodrigues, a cirurgia consiste no corte dos ductos deferentes, que são aqueles que levam os espermatozoides dos testículos até a próstata, de modo a evitar que eles saiam no ejaculado. "Esse procedimento normalmente é fácil e de poucas complicações, porém reabordagens são sempre mais trabalhosas pelas possíveis cicatrizações com fibroses", explica o especialista.

Vasectomia: presidente Bolsonaro fez procedimento pela segunda vez após reversão. (Shutterstock)

Quando o homem decide que quer voltar a ter filhos, ele pode tentar reverter a vasectomia. Esse tipo de cirurgia não é coberto pelos planos de saúde e pode custar em torno de R$ 30 mil. Além disso, deve ser feita por um bom profissional para evitar sequelas. "O sucesso da reversão depende da técnica cirúrgica do cirurgião. O ideal é que seja feita com microscópio e que use fios muito finos, mais finos que fios de cabelo. Se forem usados fios muito grossos, eles podem obstruir o espaço do canal deferente", diz Moulin.

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O sucesso da reversão depende da técnica cirúrgica do cirurgião. O ideal é que seja feita com microscópio e que use fios muito finos, mais finos que fios de cabelo. Se forem usados fios muito grossos, eles podem obstruir o espaço do canal deferente

Gabriel Moulin
Urologista
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A reversão pode acontecer também de forma espontânea. "É muito raro de acontecer. Quase a mesma chance que a de um avião cair. Seria muito azar mesmo da pessoa.E não tem como detectar isso. A pessoa teria que fazer um espermograma por dia para saber se voltou a ter espermatozoides vivos no ejaculado. Ninguém faria isso", destaca Gabriel Moulin.

"Imagina que um ducto foi ligado, ou seja, foi cortado e amarrado. Mas na cicatrização, esses cotos podem se encontrar novamente e voltar a permitir a passagem dos espermatozoides, que voltam a chegar à próstata, o que tornaria o paciente novamente fértil. Isso pode acontecer em uma a cada 2 mil vasectomias. Na prática, no entanto, é muito raro", reforça Bruno Baracho.

A reversão

Existem técnicas para se minimizar a recanalização espontânea, segundo Baracho, como a ressecção de parte do deferente ou a eletrocauterização dos cotos. "Essas técnicas de eletrocauterização dos cotos do ducto deferente e ressecções de parte do deferente podem dificultar muito ou impossibilitar a reversão da vasectomia, mas não se existem estatísticas, podendo uma vasectomia clássica ser impossível de reverter ou, da mesma forma, uma vasectomia com essas técnicas impossibilitar a reversão . Mas a regra é que essas técnicas dificultam muito a reversão", comenta o médico.

Gabriel Moulin destaca ainda que a reversão pode ter sucesso, tecnicamente falando, mas não significa que o homem consiga ter filhos naturalmente. "Quanto mais tempo passa entre a vasectomia e a reversão, menor a chance de dar certo. Isso porque após a vasectomia o testículo vai produzindo cada vez menos espermatozoides com o passar do tempo".

As recomendações

Para fazer a vasectomia, a legislação exige que o homem tenha no mínimo 25 anos ou pelo menos dois filhos. Ela pode ser feita em ambiente hospitalar, com sedação geral, ou em consultório médico, com anestesia local. Dura em torno de 40 minutos, e o paciente é liberado no mesmo dia.

Já a cirurgia de reversão, segundo Gabriel Moulin, é feita com anestesia geral em hospital. "Os fios são muito delicados. Se o homem tossir, por exemplo, pode atrapalhar. O corte também é um pouco maior do que na vasectomia. E o paciente fica um dia internado". 

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Tanto na vasectomia, quanto na reversão, o paciente precisa esperar entre 10 e 14 dias para os pontos caírem e para ter relações sexuais.

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