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Peyronie: a doença que deixa o pênis torto

Peyronie: a doença que deixa o pênis torto

Problema acaba levando a uma disfunção erétil. Urologista explica os sintomas e tratamentos

Publicado em 4 de março de 2019 às 22:53

Assim como é para algumas mulheres, falar sobre a intimidade sexual é algo ainda nebuloso e angustiante para muitos homens, que acabam sofrendo calados sobre certos problemas de saúde.

É o que costuma acontecer com boa parte dos pacientes que têm uma doença chamada peyronie, caracterizada por uma deformidade no pênis que o deixa torto.

“O problema gera uma curvatura no pênis e a formação de uma placa de fibrose. Dependendo de onde está essa placa, pode gerar uma curvatura para cima, para baixo ou para os lados”, explica o urologista Fernando Ferreira Chagas.

A doença, segundo o médico, acaba levando a uma disfunção erétil, ou seja, atrapalhando o sexo satisfatório. Existe até um fator psicológico que surge para prejudicar ainda mais a vida sexual do paciente.

“Ele pode ficar ansioso diante da situação, de estar com o pênis torto, e evitar o sexo. Além disso, a formação do tecido fibroso pode levar a uma diminuição do tamanho do pênis, de um a dois centímetros. Isso também gera vergonha. Sem falar que causa dor”, comenta o urologista Gabriel Moulin.

SOLUÇÕES

O desespero pode levar algumas pessoas a buscar soluções nem sempre eficazes e até perigosas na tentativa de aumentar o pênis. Moulin destaca, porém, que não há técnicas boas para o problema.

A peyronie costuma se manifestar a partir dos 40 anos de idade, mas pode ocorrer em homens mais jovens também. As causas nem sempre são fáceis de serem identificadas. Em boa parte das vezes, a doença está relacionada a microtraumas ocorridos durante a relação sexual que podem resultar em cicatrizes e interferir na ereção.

“Quando a pessoa tem ereção parcial, o pênis fica dobrando sempre na mesma posição, causando lesão. Mas uma relação sexual muito intensa pode causar lesão também. E alguns homens não percebem, pois é algo que no início não chama muito a atenção”, observa Moulin.

Em 20% dos casos, a doença desaparece espontaneamente. “Pode ser necessário um tratamento com anti-inflamatórios e repouso, por exemplo”, diz Chagas.

Gabriel Moulin ressalta que para a fase inflamatória, que é a fase um, as medicações orais não têm eficácia tão boa. “Mas há novos medicamentos surgindo. Nos Estados Unidos, já foi aprovado o tratamento com uma injeção de uma enzima que quebra o colágeno, tecido predominante em processos cicatriciais”.

O medicamento ainda não chegou ao Brasil. Enquanto isso, muitos homens veem a doença progredir. E quando ela chega à fase dois, de acordo com os médicos, a medida indicada pode passar a ser cirúrgica.

“A maioria dos casos progride para a fase dois, que é quando o paciente não tem mais dor e a curvatura do pênis é maior que 30 graus. Essa fase é quando a doença está estabilizada”, aponta Chagas.

A operação nem sempre é indicada. “A cirurgia só é indicada quando a doença está na fase cicatricial, quando o homem tem dificuldade de penetração. A gente só opera quando a curvatura atrapalha a penetração”, diz Moulin.

CORREÇÃO

Mas quando é necessária, a cirurgia tem resultados satisfatórios, como afirma o médico: “Fazemos a correção da curvatura e implantamos uma prótese, que fará a ereção dele voltar ao normal, o suficiente para ele ter orgasmo”.

A cirurgia, garante, é simples. “O paciente opera de manhã e volta para casa de tarde. O procedimento também é coberto pelo plano de saúde”.

SAIBA MAIS

O que é

É uma disfunção caracterizada pela formação de uma placa de fibrose em uma camada do pênis que pode provocar distorções na forma e inclinação do órgão, comprometendo a função sexual.

Incidência

Ela se manifesta principalmente depois dos 40 anos, mas pode acometer os jovens.

Causas

Na maior parte dos casos, está relacionada com um traumatismo ocorrido durante a relação sexual.

Sintomas

Além de uma curvatura anormal do pênis, a doença provoca, na fase inicial, dor durante a ereção e dificuldade de penetração.

Tratamento

Em 20% dos casos, o problema desaparece sozinho, podendo requerer ajuda de anti-inflamatórios e repouso. Nos demais casos, a doença evolui para a fase dois, em que a dor some e o pênis para de se curvar. Se a pessoa tem dificuldades de manter relações, o tratamento passa a ser cirúrgico, com necessidade ou não de prótese peniana.

A cirurgia

A cirurgia costuma ser rápida e simples. Ela corrige a curvatura e o tamanho do pênis, permitindo uma boa função erétil.

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