Publicado em 23 de julho de 2018 às 12:08
Outro dia, o assistente financeiro Cristiano Arndt, de 26 anos, sentiu-se mal e foi parar em um pronto atendimento. Com febre, dor no corpo, achou que poderia ser dengue. Teve que colher sangue, e o resultado mostrou que estava com a taxa de PCR alterada.>
O que é esse exame, cada vez mais pedido pelos médicos? Trata-se de uma análise de sangue, a partir de uma coleta simples, para verificar a dosagem de proteína C reativa, que é produzida no fígado e, quando elevada, pode indicar que há um processo inflamatório ou infeccioso.>
O problema é que o PCR indica apenas isso. Não consegue identificar se há, de fato, uma doença. No caso do Cristiano, por exemplo, o teste só serviu para deixá-lo com uma pulga atrás da orelha.>
O médico disse que o PCR estava alto, mas que não dava para saber o que era. Não era possível afirmar que era dengue. Ou seja, é um exame muito inconclusivo, comentou o jovem, que saiu do consultório com uma receita de paracetamol, soro e um antibiótico.>
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Rotina>
Se o PCR é tão inespecífico, por que é solicitado na rotina? Ele é indicado para qualquer pessoa e deve ser pedido junto dos exames de rotina. Mas é um exame geral, ou seja, quando ele está elevado é necessário fazer outros exames para saber o que há de errado e onde está o problema, explica o cardiologista Schariff Moysés.>
Segundo ele, o exame pode ser uma pista para a descoberta de doenças como pancreatite aguda, apendicite, doenças inflamatórias no intestino, tuberculose e até um risco de AVC. Ele é um indicativo muito importante e eu costumo pedir para todos os pacientes. Não vai apontar diretamente para essas doenças. O PCR estando elevado o médico deve investigar, porque pode ser que o paciente tenha algum desses problemas ou até outros.>
Coração>
O médico Michel Assbu ressalta que o PCR é um marcador precoce de doença vascular no coração e no cérebro. Quando tem valores aumentados, pode avisar que o paciente tem chance de ter problemas cardiovasculares.>
O infectologista Aloísio Falqueto concorda que o exame não tem especificidade, mas que tem utilidade para diversas especialidades médicas. Os médicos usam o PCR de maneira genérica, para identificar foco de inflamação no organismo, que pode indicar uma inflamação no coração por febre reumática, por exemplo. Doenças reumáticas em geral aumentam o PCR. Além disso, ele aponta para uma infecção, que pode ser por bactéria, vírus, fungo, destaca ele.>
Mas, ao contrário do que já foi alardeado, o PCR não é utilizado para diagnosticar o câncer. Não é um método que utilizamos na rotina, para obter diagnóstico ou prognóstico da doença. Mas estudos mostram que pacientes com PCR alto têm mais chance de desenvolver câncer no futuro, observa o oncologista clínico Cristiano Drumond.>
O cardiologista Schariff Moysés lembra ainda que é importante que a interpretação do exame seja feita por um médico.>
FIQUE POR DENTRO>
O que é>
PCR é uma proteína (proteína C-reativa) produzida no fígado e que está presente em pequenas quantidades no sangue de pessoas saudáveis. Em casos de inflamações ou infecções agudas, os seus níveis no sangue podem aumentar até mil vezes>
Para que serve>
O exame da PCR ultra sensível é pedido pelo médico quando quer avaliar o risco da pessoa ter problemas cardiovasculares, como infarto ou AVC. Pode indicar outros problemas como: infecções bacterianas ou por fungo, apendicite, pancreatite, queimaduras, doenças inflamatórias no intestino, artrite reumatoide, sepse (infecção generalizada), tuberculose, entre outros>
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