Publicado em 26 de outubro de 2018 às 17:21
Que tipo de roupa merece estar na passarela? Na maioria das vezes uma bem feita, que transmita alguma mensagem interessante e que renda imagens impactantes ou inspiradoras. Nesse sentido, na quinta-feira, 25, o penúltimo dia da São Paulo Fashion Week, nenhuma coleção brilhou tanto quanto a do estilista Luiz Cláudio para a marca Apartamento 03.>
Conhecido por misturar decorativismos barrocos com modelagens minimalistas sempre em tons sóbrios, Luiz decidiu se arriscar numa coleção altamente colorida. Mostrou looks lindos em degradês do verde para o vermelho e do pink para o azul cobalto, decorados com babados de ondulações delicadas e franjas, que conferiam leveza e movimento às peças. Estampas florais, quase abstratas, geométricas, em cores primárias e secundárias renderam vestidos e conjuntos de alfaiataria igualmente sublimes.>
"Comecei a desenhar a coleção e as estampas a partir do feedback do inverno: as clientes me pediam cor", diz o estilista. "Resolvi terminar o desfiles com vestidos que remetem a flores", diz ele sobre a sequência de longos de seda em tons vibrantes de amarelo, rosa, verde e laranja, com aplicação de pequenos babados que remetiam a pétalas. O casting todo de modelos negras foi outro gesto significativo.>
Outra boa surpresa foi a Cotton Project, que fez um desfile mais maduro e estreou oficialmente sua linha feminina na passarela. Já era hora. Há algumas temporadas que a marca parecia acomodada em discursos sofisticados de coolness que não se materializavam.>
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Desta vez, o mote da coleção é um documentário da BBC sobre hiper-realidade (Hypernormalisation, de Adam Curtis) e como ela vem borrando a apreensão do que é verdadeiro e falso, de real e ficção. Mais pertinente impossível.>
Na coleção, a alfaiataria ganha destaque em criações de leitura tropical, informal e suave, que emulam uma elegância acessível e possível para as altas temperaturas do verão.>
Se Apartamento 03 e a Cotton Project foram pontos altos entre as apresentações de ontem, não faltaram também pontos baixos. A passarela não perdoa. Com todos os holofotes e olhares voltados para os modelos, o talento se sobressai e a falta dele também se amplifica. Principalmente nesta temporada, na qual poucos têm orçamento suficiente para montar cenários e investir em artifícios que tirem o foco da roupa.>
Como o próprio nome sugere, a principal plataforma da grife Two Denim é o jeans - o que gera uma certa expectativa em relação às interpretações dadas ao material. A roupa mostrada na SPFW, no entanto, não trouxe o frescor que se espera em uma semana de moda, com lavagens e modelagens comuns e óbvias. Apesar de algumas peças metalizadas e com aplicações de cristais trazerem (literalmente) algum brilho à passarela, a sensação é de que o desfile deixou a desejar.>
Projeto estufa. Na incubadora de talentos promovida pelo evento, o carioca Victor Hugo Mattos mostra adereços de cabeça e colares maximalistas, assim como as roupas com aplicações de pedrarias que passeiam por um território que mistura etnia, street e glamour noturno.>
Formado em moda na Bélgica e estagiando na Louis Vuitton Paris, o mineiro Fernando Miró, da marca Mipinta, fez um mix de aviação, sportswear e cultura queer. Na sua passarela, entram em cena macacões esportivos com náilon de paraquedismo, calças assimétricas, bombers, saias e capas desconstruídas infladas de ar.>
As informações são do jornal >
O Estado de S. Paulo.>
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