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Pais dormem mal por seis anos após ter filhos, diz pesquisa

Pais dormem mal por seis anos após ter filhos, diz pesquisa

com 5 mil pessoas mediu impacto no sono do casal. As mães são as mais afetadas. Ouvimos especialistas em sono infantil aqui do Estado. Confira

Publicado em 27 de fevereiro de 2019 às 13:28

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Mãe dormindo com filha no colo: casais têm sono prejudicado por até 6 anos após filhos. (Shutterstock)

“Esqueça suas noites de sono” é o tipo de alerta que todo casal que vai ter uma criança ouve dos que já passaram pela experiência. Agora, uma pesquisa inglesa quantificou o tamanho do problema: o sono interrompido dos pais tem sua pior fase nos três primeiros meses de vida do infante, atinge mais as mulheres e dura por pelo menos seis anos.

Publicado no periódico “Sleep”, o estudo, da Universidade de Warwick, acompanhou 2.541 mulheres e 2.118 homens da Alemanha que estavam esperando seu primeiro, segundo ou terceiro filho.

De 2008 a 2015, eles foram questionados anualmente sobre a quantidade de horas que dormiam e tinham de dar notas de 0 a 10 para a qualidade de seu sono.

As mulheres são as mais atingidas: na média, elas relataram dormir 40 minutos a menos a cada noite no primeiro ano de vida do bebê, em comparação com o período pré-gravidez. Nos três primeiros meses da criança, foi relatada uma média de uma hora de sono perdido por noite.

A nota que atribuíram à qualidade dessa dormida caiu 1,7 ponto nessa fase, para as mães de primeira viagem – para as que estavam em seu segundo ou terceiro filho, a queda na nota foi de pouco mais de 1 ponto. Já para os homens, a média foi de 13 minutos a menos de sono, mesmo no primeiro trimestre de vida do filho.

As condições dos pais para dormir melhoram gradativamente após os primeiros três meses da cria, mas não atingem os níveis pré-gravidez por pelo menos seis anos.

Responsabilidade

“Não esperávamos esse resultado, mas acreditamos que haja muitas mudanças nas responsabilidades dos pais (nesse período)”, afirmou o doutor Sakari Lemola, co-autor da pesquisa. Apesar de as crianças tenderem a parar de chorar à noite à medida que envelhecem, diz ele, ainda podem despertar na madrugada por pesadelos ou doença.

As preocupações associadas à maternidade e à paternidade também contribuem para a queda na duração e qualidade do sono.

A consultora de sono infantil Monalizza Erlacher concorda e diz que essas preocupações podem interferir no sono da criança. “A qualidade do sono infantil tem muita relação com a qualidade da conexão da criança com os pais. É interessante notar que sempre que essa conexão falta durante o dia ela será exigida durante a madrugada, que é exatamente o horário em que a mãe estará à disposição do bebê e nada vai tirar a sua atenção. Para uma criança dormir bem ela precisa se sentir acima de tudo segura e acolhida. Mães ansiosas, que duvidam das próprias habilidades como mãe geram sentimentos e estresse no bebê. Por outro lado, mães mais tranquilas, mais calmas, dificilmente têm crianças que não dormem”, pontua.

Monalizza salienta que, de fato, como atestou a pesquisa, é notável que impacto maior do nascimento de uma criança recaia sobre a figura materna com mais intensidade. “A mulher acaba querendo absorver todos os problemas e não busca ajuda, não busca empregada doméstica para ajudar nas atividades do lar, por exemplo. Mas ela não precisa dar conta de tudo para ser uma boa mãe”.

Desarranjos

A questão de que é uma fase, que vai passar, é algo muito controverso. “Existem algumas crianças que, com a maturação neurológica, passam a dormir melhor. Mas há aquelas que convivem com problemas ligados às relações da família, como clima muito pesado, um casal que briga muito, que tem vários desarranjos familiares. Isso repercute no comportamento da criança, principalmente na hora de dormir”, destaca Monalizza.

Silvana Cordeiro, que também atua como consultora e especialista em sono materno-infantil, também acredita que o velho ditado “desde que filho pari nunca mais dormi” não passa de mito. Na visão dela, assim como pais e mães se preparam para o parto, deveriam se preparar para essa outra fase, que é o dia a dia com o bebê em casa. “Em geral, o que vemos são pais, principalmente os de primeira viagem, muito perdidos, sem informações sobre como lidar com o sono do bebê e sempre achando que é uma fase. Mas essa fase pode durar a infância toda!”, comenta.

E um bebê que não dorme vira um problema para toda a família. “Restrição de sono é algo complicado. Depois de acordar tantas vezes à noite para fazer o filho voltar a dormir, a mãe até fica muitas vezes sem energia para brincar com a criança no dia seguinte. O pai também fica cansado. E o casamento pode ficar bem abalado, o casal sem paciência um com o outro... É uma bola de neve”, diz Silvana.

Claro que a criança, assegura Monalizza, pode ter um sono mais tranquilo. Mas nem sempre é algo simples de resolver. “Uma boa noite de sono da criança depende de uma série de fatores. Não é um método mágico, nada que vá resolver o problema de todas as crianças. Cada família vai se adequando, fazendo ajustes. O plano é para a família, e não para a criança”.

(com informações de Paula Stange, e de O Globo)

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