Publicado em 25 de setembro de 2019 às 16:25
É sempre saudável lembrar que a educação está ligada à competência de restringir e limitar. É necessário que os pais desenvolvam a habilidade de frustrar o desejo da criança de querer ser o rei da casa. Educação consiste em destronar os filhos e castrar os impulsos onipotentes e megalomaníacos deles. Mas, infelizmente, há adultos oprimidos diante das exigências de seus filhos. Pai e mãe que acabam se sentindo culpados por não conseguir satisfazer TODOS os seus desejos.>
Pais sem função de pais, o que acaba gerando filhos educados com uma visão obtusa e pervertida da realidade:>
1. Possuem uma percepção exagerada do que lhes pertence - nunca pedem, exigem!>
2. Baixa tolerância à frustração - respondem com birras, raiva, insultos ou violência na frente de familiares e amigos.>
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3. Não tem empatia - não sentem remorso quando gritam, ameaçam ou agridem fisicamente. Freud, em O mal estar da civilização (1909), afirmou: Estamos enviando nossos filhos pra expedições polares com trajes de banhos. Uma afirmação bem atual, não acham?>
Nossos filhos estão preparados para a vida? A saúde mental deles está assentada sobre a capacidade e competência dos pais em colocar ordem, restrições e limites nos impulsos infantis? A restrição tornará nossos filhos humanos sofisticados, evoluídos e felizes. Acredito que há um hiperinvestimento na infância.>
Queremos nossos filhos sempre felizes, mas não se pode escapar da relevante crítica da nova família all inclusive que vivemos hoje: singular, autossuficiente, umbilical e fundada da díade mãe-filho ou pai-filho (este, poucas vezes representado).>
Atentemos para isso. Muitas vezes com aparência de normal, mas nos cheira disfuncional. Não raro, um dos pais prefere o filho ao parceiro, alternando assim o eixo da relação modelo. Quão grave é essa constatação: que hipoteca cara e desastrosa colocamos sobre os ombros das nossas crianças?>
Por fim, acho bom lembrarmos do conceito de parentalidade, ele deriva de responsabilidade e não de propriedade. Ser responsável pelo outro não é servir-se dele. O filho não é alguém que virá para nos salvar, nos curar e nos reassegurar. Nós, pais, é que devemos ofertar tudo isso a eles.>
Gina Strozzi é psicóloga Doutora pela PUC-SP e especialista pela Faculdade de Medicina da USP.>
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