> >
O que é TDAH? Entenda o transtorno que o cantor Fiuk revelou ter

O que é TDAH? Entenda o transtorno que o cantor Fiuk revelou ter

O transtorno mental é caracterizado por uma alteração na intensidade de como se expressam funções normais do comportamento humano. Pessoas com TDAH têm mais chances de sofrerem com outros transtornos psiquiátricos

Publicado em 3 de fevereiro de 2021 às 02:00- Atualizado Data inválida

Ícone - Tempo de Leitura min de leitura
Fiuk
Fiuk contou que foi diagnosticado com TDAH quando era criança. “Fui crescendo e quis saber o que era isso que eu tenho, fui ficando inquieto”. (Reprodução/ Instagram)

O ator e cantor Fiuk contou no “Big Brother Brasil” a sua luta contra o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). Durante uma conversa com Projota, Fiuk contou que foi diagnosticado com TDAH quando era criança. “Fui crescendo e quis saber o que era isso que eu tenho, fui ficando inquieto”, contou o brother. Segundo a Organização Mundial da Saúde, a condição afeta cerca de 5% das crianças, que podem carregar os sintomas para a fase adulta caso o quadro não seja tratado ainda na infância.

O psiquiatra Fábio Olmo, da Clínica Aube Cuidados da Mente, explica que o TDAH é um transtorno mental caracterizado por uma alteração na intensidade de como se expressam funções normais do comportamento humano. "A combinação de fatores genéticos e ambientais resultam numa alteração na estrutura e no funcionamento das áreas do córtex cerebral, fazendo com que o transtorno se manifeste. O TDAH é considerado um dos transtornos psiquiátricos com maior influência genética, mas fatores ambientais também são muito relevantes (pessoas expostas intrauterinamente à nicotina, ao álcool ou a outras toxinas, pessoas que nasceram abaixo do peso ou prematuras, ou pessoas que cresceram em ambientes muito estressantes, por exemplo)", diz. 

Aspas de citação

O TDAH é considerado um dos transtornos psiquiátricos com maior influência genética, mas fatores ambientais também são muito relevantes

Fábio Olmo
Psiquiatra
Aspas de citação

O diagnóstico é feito por meio da consulta. Exames não identificam o transtorno, mas podem ser pedidos para auxiliar no diagnóstico, eliminando outras causas para os sintomas. "Para se realizar o diagnóstico de TDAH, é observado se as alterações cognitivas e comportamentais estão presentes de maneira crônica, ou seja, há um longo período, e em diferentes situações na vida da pessoa, resultando em sérios prejuízos e sofrimento, impactando os estudos, o trabalho e as relações afetivas", ressalta Fábio.

A psicanalista Bianca Martins explica que é importante verificar se os sintomas se manifestam em pelo menos dois contextos da vida cotidiana. No caso de crianças, as principais queixas são nos ambientes doméstico e o escolar. "Pode predominar a desatenção ou a hiperatividade, ou os quadros podem ser mistos. Alguns dos sintomas já estariam presentes antes dos sete anos e não se apresentariam exclusivamente associados a outros transtornos mentais", diz.

SINTOMAS

A psicanalista diz que outras condições podem produzir sintomas semelhantes aos do TDAH, como a ansiedade. "Há uma epidemia de medicalização da infância. E o TDHA, assim como os autismos nos últimos anos, passou a englobar uma série de outras sintomatologias, que antes eram descritas como retardo leve, entre outras condições. Uma criança pode apresentar-se com quadros de dislexia, de ansiedade mais expressiva, de depressão e luto, bem como déficits visuais ou auditivos, e esses serem erroneamente tratado como TDHA. Por isso é necessário a destreza do médico na consideração diagnóstica na infância", alerta Bianca.

Ela conta que os principais sintomas do transtorno, de acordo com a American Psychological Association (APA) são a hiperatividade e a falta de atenção. "Com relação ao comportamento ele pode se apresentar agressivo, hiperativo, impulsivo, inquieto, irritadiço e sem limites. Em relação à cognição os sintomas vão de encontro às dificuldades de concentração, o esquecimento ou falta de atenção. Já com relação ao humor, observa-se a ansiedade, a excitação ou a raiva. É muito comum verificar questões depressivas bem como dificuldades de aprendizagem", diz. 

Aspas de citação

Com relação ao comportamento ele pode se apresentar agressivo, hiperativo, impulsivo, inquieto, irritadiço e sem limites

Bianca Martins
Psicanalista
Aspas de citação

Fábio Olmo ressalta que a impulsividade é um dos sintomas mais importantes do transtorno. "A dificuldade de controlar respostas comportamentais faz com as pessoas que sofrem com o transtorno apresentem sintomas como intromissão na conversa dos outros, respostas antes que uma pergunta seja terminada e dificuldade de esperar em filas. Muitos desses sintomas são frequentemente mal interpretados pelas pessoas, afetando as relações afetivas do indivíduo".

TRATAMENTO

Para Bianca, geralmente os pais se atentam para os sintomas de que algo não vai bem com seus filhos quando a criança deixa de brincar ou apresenta-se agitada em demasia. "Ou no ambiente escolar, quando ela não consegue acompanhar as demais nas atividade propostas. Muitas vezes ambas condições são verificadas tardiamente. Desde a pequena infância (0 a 3 anos) pais, cuidadores e familiares, devem estar atentos aos humores da criança".

Ela explica ser importante que a criança não seja rotulada a partir do diagnóstico do adoecimento. A infância é a época de grande plasticidade cerebral e quanto menor a criança, mais chances há de reorganizar os inúmeros aspectos de sua vida que podem estar desencadeando os sintomas de hiperatividade e desatenção. "A intervenção precoce, com psicoterapia, fonoterapia ou psicopedagogia com intuito de trabalhar as questões emocionais, cognitivas, ambientais, escolares e familiares, tendem a promover melhora significativa e até menos anular o 'diagnóstico'".

O tratamento é feito por meio de técnicas ou intervenções psicoterápicas e farmacológicas. "A Terapia Cognitivo-Comportamental e a Psicoeducação são muito utilizadas para o tratamento do transtorno em todas as idades, visando aumentar a capacidade de organização dessas pessoas e ajudar a diminuir sentimentos de desvalia decorrentes dos prejuízos causados. A psicoeducação também é indicada para os pais, cônjuges e filhos de pessoas que têm TDAH, para que compreendam melhor as ações peculiares do ente querido", diz Fábio Olmo.

Este vídeo pode te interessar

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta

Tags:

A Gazeta integra o

The Trust Project
Saiba mais