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O poder da mentira

O poder da mentira

A mentira é tão poderosa que tem até classificação

Publicado em 28 de abril de 2018 às 22:58

Pinóquio: personagem de ficção, o boneco de madeira vê o nariz aumentar toda vez que conta uma mentira Crédito: Divulgação

Com o avanço da tecnologia, ficou muito fácil divulgar áudios e vídeos falsificados e ainda não existe um jeito seguro de impedir, de forma eficaz, o surgimento e a disseminação destas notícias.

Estas notícias falsas (em inglês se tornou muito conhecido o termo fake news) decorrem da distribuição deliberada de boatos, através da televisão, rádio, ou, ainda, online, como nas mídias sociais. São escritas e publicadas com a intenção de enganar, a fim de obter ganhos financeiros ou políticos, que chamam a atenção através de manchetes sensacionalistas, exageradas ou evidentemente falsas, provocando uma desordem informacional.

A capacidade de disseminação das fake news está relacionada com aspectos característicos da comunicação atual que faz com que sejam divulgadas com velocidade e capilaridade, ou seja, elas possuem os elementos fundamentais que favorecem a sua grande capacidade de disseminação.

O fato é que notícias falsas circulam muito mais rápido e de maneira mais abrangente do que as notícias verdadeiras, atingindo um maior número de pessoas, pois atraem mais a atenção e o compartilhamento.

A mentira é muito rápida. Se fosse numa corrida, partindo do mesmo ponto, enquanto ela roda o mundo, embora tenha “pernas curtas”, a verdade ainda nem se levantou para começar a caminhada.

Mas, por que a mentira, muitas vezes, prevalece sobre a verdade? Já ficou constatado que a mentira usa linguagem simples e direta, apelando para sentimentos como medo e raiva.

Pode-se dizer, ainda, que é porque as pessoas parecem não querer a verdade, mas a mentira que mais lhes agrade; ou que a verdade só tem um jeito de ser, enquanto a mentira pode vir acompanhada de uma infinidade de combinações.

A mentira é tão poderosa que tem até classificação, podendo ser quantificada e qualificada: mentira suja, bela mentira, meia mentira, pequena mentira, grande mentira, maior mentira, mentira deslavada, mentira vergonhosa e outras. Uma coisa é certa: assim como a verdade que é uma só, mentira é sempre mentira.

Uma mentira pode se manifestar como uma declaração falsa, como uma verdade seletiva ou por omissão.

As mentiras ditas no meio social são consideradas inofensivas, aceitáveis e conhecidas como mentiras sociais, uma necessidade de mentir ou mentir por uma boa causa, para agradar, como, por exemplo: desculpar-se para evitar ou encerrar um encontro social indesejado, perguntas insinceras sobre a saúde de pessoa pouco conhecida, dizer a um moribundo o que ele queira ouvir e outras coisas que se fala, quando, na verdade, o pensamento é outro.

Mentir pode ter o objetivo de evitar, piorar um conflito ou tirar proveito dele, porém, de uma maneira geral, é considerado um comportamento antiético. Às vezes, as mentiras são ditas apenas para dar ênfase e não são vistas como tal, mas como um exagero. Também, podem estar sendo repassadas, provenientes de informações falhas, consideradas, então, como um erro honesto.

Dependendo do indivíduo ou do grupo social onde está inserida, a mentira pode ser considerada um desvio moral ou um pecado. A Igreja Católica classifica algumas mentiras até mesmo como pecado mortal. Alguns filósofos consideram a mentira como uma situação permissível, outros não.

Frequentemente, as mentiras são vistas como necessárias para auxiliar a diplomacia ou para ocultar uma posição estratégica, desta forma parece ser bastante improvável que, algum dia, a mentira seja eliminada da política, da diplomacia, da guerra ou da nossa vida cotidiana.

Nos tribunais, onde se jura que só se falará a verdade – e, quando o indivíduo mente, diz-se que “faltou com a verdade” –, o processo antagônico e o padrão de evidência que é aplicado restringem as perguntas de maneira que a necessidade da testemunha mentir é, teoricamente, reduzida, permitindo que a verdade seja revelada mais facilmente.

Fala-se que é mais fácil que as pessoas acreditem numa grande mentira, dita muitas vezes e com convicção, do que numa pequena verdade, dita apenas uma vez. O indivíduo que mente habitualmente sobre determinada coisa, acredita tanto no que está falando que aquela passa a ser a sua verdade. “A mentira dita cem vezes, torna-se verdade um dia”.

Diz-se que o tempo é o senhor da razão e as verdades são transitórias e têm prazo de validade, de acordo com o contexto no qual estão inseridas.

A verdade é dura e, às vezes, dói. A mentira bem maquiada, pode ter uma boa aparência e ser mais fácil de ser aceita. A verdade pode até machucar, mas é sempre mais digna. Infelizmente, a maioria das pessoas prefere ouvir as mentiras; elas, geralmente, são mais atraentes. Há quem diga que a História é um conjunto de mentiras sobre as quais se chegou a um acordo.

Enfim, por que mentir? Pra que mentir?

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