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Na alegria e na tristeza: amigas completam 35 anos de amizade

Na alegria e na tristeza: amigas completam 35 anos de amizade

Grupo de mulheres ainda mantém os laços desde a adolescência

Publicado em 25 de novembro de 2018 às 01:13

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Data: 20/11/2018 - ES - Vitória - Josiane Ramos Ferreira, Maria Eunice Pádua de Moura, Gisele de Oliveira Santos, Luciana Lugon Cacciari, Adriana Rezende Fernades e Maria Elizabeth Pádua são amigas há mais de 30 anos. (Bernardo Coutinho)

Ter um amigo é bom, dois é ótimo... e sete, então? Melhor ainda! É o caso de um grupo de mulheres que se conhece de longa data, desde a adolescência. Lá se foram 35 anos de amizade e muitas, muitas risadas.

Quando Cláudia, Josi, Giselle, Beth, Paula, Nice, Adriana e Luciana se juntam, nunca faltam motivos para rir. Sempre há também, claro, histórias para relembrar. Essas oito amigas passaram por muita coisa e continuaram juntas.

“É na alegria e na tristeza, na saúde e na doença. A gente acompanhou casamentos, nascimentos dos filhos, crises financeiras, divórcios, doenças, mortes de parentes...”, comenta Adriana Fernandes, 53 anos.

Segundo as amigas, Adriana é a que tem melhor memória do grupo. “Lembro muita coisa da adolescência, mas não sei se tenho memória tão boa assim (risos). Mas elas sempre dizem que sou a mais palhaça”, diz ela, que é funcionária pública.

Aventuras

Os encontros da turma são sempre um pretexto para recordar as aventuras do passado, principalmente quando Cláudia, que mora em São Paulo, consegue estar presente. “Toda vez que a gente se encontra, lembra o que passou. Como uma vez que fomos a uma festa numa República em Ouro Preto, quando tínhamos por volta de 22 anos. Não sobrou lugar nos quartos e acabamos dormindo todas no chão da boate. O pior é que tinha muita pulga lá e todo mundo acordou se coçando. Essa história ninguém esquece!”, conta Adriana.

Alegria e humor, aliás, são palavras que definem muito esse grupo. “Tudo é motivo para a gente fazer piada, dar gargalhada”, garante ela. “A gente fala besteira o tempo todo e ri muito. Mantemos brincadeiras lá da juventude, criancices nossas”, concorda Maria Eunice Pádua de Moura, 51 anos, a Nice, administradora de empresas.

Outro ponto comum entre elas é a paixão por viagens. Na juventude, foram muitas. “Quando éramos jovens e solteiras, viajávamos muito. Era Minas Gerais, Rio, São Paulo... O tempo foi passando, umas foram se casando, mas nunca deixamos de nos encontrar. Pelo menos a cada seis meses ou no final do ano a gente se junta. E aí, é muita nostalgia, muita palhaçada. É gratificantes estar com elas”, comenta Josiane Ramos Ferreira, 52 anos, ou Josi, bancária.

Não podia haver forma melhor de comemorar essa amizade do que em uma viagem. Esta, aliás, demorou para sair do papel. Mas deu certo e, mês passado, lá foram as amigas para Buenos Aires, na Argentina. “Quando estávamos perto dos 40 anos de idade, queríamos fazer uma festa. Mas me divorciei na época, a mãe de outra faleceu e fomos protelando. Mas agora deu certo e passamos quatro dias juntas. Só a Luciana não foi por causa de um problema pessoal de última hora”, diz Josi.

Nem sempre é possível conciliar as agendas. Por isso, no dia a dia, segundo Josi, elas vão se falando pelo grupo do WhatsApp mesmo.

Também nem sempre é festa. Há momentos de dor, e mesmo assim, a turma se reúne. “A gente é muito parceira, respeita a dor da outra. Isso é que é bacana! É uma amizade de uma vida inteira! Elas são irmãs de coração, dessas em que se pode contar a qualquer hora”, comenta Nice.

“Mesmo nos momentos de tristeza, a gente se junta e torna aquilo algo alegre. É uma terapia em grupo! Tem gente que vai ao psicólogo, à missa, e sai leve. Eu saio mais leve quando encontro com minhas amigas”, diz Paula Pádua, 53 anos, comerciante.

E é assim, respeitando a dor de uma ou outra, e as diferenças entre elas, que essa amizade segue firme e forte. “Tem uma que é mais preservada, outra que tem um coração enorme, outra é enrolada, outra mais estouradinha... Nessas diferenças, a gente tem o equilíbrio”, destaca Josi.

“São temperamentos diferentes. Quando há uma divergência, a gente coloca nosso ponto de vista, aguenta e compreende”, complementa Nice.

Paula acredita que um dos segredos dessa amizade é a sinceridade. “Somos amigas a esses anos todos e nunca brigamos uma com a outra. A gente compartilha tudo”. Adriana assina embaixo: “Elas são amigas de dar ombro, poder contar. A gente se ajuda em tudo”.

"É FUNDAMENTAL TER AFINIDADE DE VALORES"

Amizades duradouras são raras. E mais ainda quando é um grupo grande, como o de Adriana, Giselle, Cláudia, Josi, Beth, Nice, Paula e Luciana.

“É muito difícil uma amizade durar tanto. Geralmente, quando chega na fase adulta, as pessoas seguem caminhos muito diferentes, vão construindo novas amizades, estabelecendo novos ciclos sociais... Uma se casa, outra não.. São ritmos de vida diferentes que às vezes afastam amigos da infância a adolescência”, comenta a doutora em Psicologia Social pela USP Angelita Scárdua.

E as dificuldades não param por aí, segundo ela. “Quanto maior o grupo, mais diferença vai ter. Mas em um grupo pequeno, mesmo se os amigos seguem caminhos diferentes, é mais fácil conciliar a rotina e os interesses”.

Então, o que as oito amigas conseguiram até agora é um grande feito, na visão de Angelita. Para isso acontecer, há alguns pontos-chave importantes. Um deles é a afinidade de interesses. “Ajuda se os amigos gostam das mesmas coisas, pois sempre terão algo para fazerem juntos. Ter um estilo de vida parecido também facilita a manutenção dessa relação”, diz a psicóloga.

Disposição

Além disso, continua ela, todos no grupo devem ter disposição para essa amizade. “Se querem que ela dure muito tempo, deverão ter tempo para dispor, para oferecer um ombro, colo ou abraço. Vale ter regras até sobre a frequência dos encontros. E aí, todo mundo se compromete a cumprir”.

Mas mais do que interesses comuns e disposição, é fundamental a esse grupo compartilhar os mesmos valores. “É preciso ter uma afinidade no que o grupo considera justo e injusto, certo e errado. Eles podem pensar diferente, mas têm que ter os mesmos valores fundamentais, que guiam ações e comportamentos. Esses têm que ser iguais”, aponta Angelita.

E entender que nem sempre tudo será cor de rosa. “O fato de estarem juntos, não significa que tudo é sempre tranquilo. Conflitos fazem parte dos relacionamentos e às vezes vêm à tona, podendo gerar momentos de tensão, afastamento. Mas quando há sinceridade e respeito, eles podem curar as feridas e se reaproximar novamente”.

SEGREDOS PARA UMA AMIZADE DURAR MAIS 

DEDICAÇÃO

Investimento

Para fazer uma amizade durar, é preciso estar disponível. Ter tempo para dedicar aos amigos, para ir aos encontros, comparecer aos momentos importantes, como datas comemorativas e períodos difíceis

AFINIDADES

Interesses e valores

Uma amizade só vai durar se as pessoas envolvidas tiverem interesses em comum e mais: valores fundamentais iguais. Tem que gostar de coisas parecidas para ter sempre algo a fazer juntas. E ter a mesma visão da vida, do que é importante, justo e injusto, certo e errado. Pode até ter opiniões diversas sobre alguns assuntos, mas o que é essencial é algo em comum, e o respeito sempre estará presente

ESTILO DE VIDA

 

Hobbies parecidos

Fica mais fácil se relacionar com pessoas que vivem de forma parecida. Não precisa ter a mesma condição financeira, por exemplo, mas ter hábitos de rotina e lazer semelhantes

SINCERIDADE

Confiança é tudo

Qualquer relação, para se manter a longo prazo, deve se basear na confiança. É poder se sentir confortável para contar alguma coisa mais íntima, compartilhar uma angústia, sem medo de julgamentos. Isso permite à pessoa ser ela mesma

REGRAS BÁSICAS

O que está em jogo

Todo relacionamento precisa ter regras. Regras sobre frequência dos encontros, sobre o que é importante para todos e deve ser seguido com comprometimento

SUPERAR CONFLITOS

Brigar é normal

Conflitos na relação não significa que ela não pode dar certo. É normal e saudável as diferenças surgirem, ter tensão, até certo afastamento ocasionalmente. O importante é manter o diálogo para resolver as divergências e mal-entendidos

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