Publicado em 21 de março de 2019 às 01:15
A Momo ataca novamente. Depois de viralizar, no ano passado, a boneca medonha de olhos esbugalhados voltou a tirar o sossego de pais de crianças pequenas. Agora, o alarde é porque a figura estaria aparecendo em desenhos e vídeos direcionados ao público infantil, induzindo os pequenos a praticarem atos violentos.>
O YouTube afirma que fez uma varredura e que nenhum conteúdo com a Momo foi encontrado dentro dos vídeos infantis da plataforma. No entanto, há quem garanta que o problema é bem real.>
Fake news ou não, o fato é que há escolas emitindo alertas e pais levando o assunto para dentro de casa. E é o melhor que podem fazer, segundo os especialistas. Com acolhimento e diálogo, é possível lidar com as atuais ameaças do mundo virtual.>
O que poderia ser um elemento fóbico, que tira o sono de pais e filhos, pode ser uma oportunidade para eles conversarem sobre o que assistem. Uma relação de diálogo aberta é a única opção possível para que as crianças sintam que podem confiar suas questões e que serão acolhido pelos pais, diz a psicóloga Bianca Martins.>
>
Essa abertura, segundo a psicóloga Adriana Müller, tem que partir dos adultos: Sempre que um filho vier falar algo, procurar ouvir, controlando o impulso de brigar, interromper, dar sermão. É preciso primeiro ouvir a criança, depois orientá-la. Assim, esse pai e essa mãe saberão que o filho vai buscá-los caso veja algo diferente diante da tela do computador ou do celular.>
CONVERSA>
Para Adriana, vale tocar no assunto mesmo se ele não surgiu em casa. Cada pai conhece seu filho. Pode achar que é melhor mostrar a imagem e orientar. Alguns podem preferir não mostrar a figura, apenas perguntar se ele ouviu falar dela. Outros nem vão citar o nome da boneca, só orientar de forma mais genérica. Com pré-adolescentes, a conversa pode ser mais lógica, sobre a valorização da vida, sobre o cuidado que ele deve ter consigo e com os outros, mostrando que a perversidade existe no mundo e que é preciso separar o que é bom do que é ruim.>
Bianca observa que há crianças que só tiveram contato com a Momo a partir do que disseram os colegas. Não é função dos pais dar respostas a todas as angústias dos filhos, mas sim permitir que eles exercitem sua curiosidade, possam perguntar, tenham um ambiente seguro e acolhedor para falarem sobre suas dificuldades e medos. Vale procurar saber o que a Momo realmente é. Explicar que se trata de uma escultura japonesa, portanto algo que foi criado pelo homem e não uma criatura sobrenatural.>
Limitar o acesso aos vídeos e voltar a priorizar o conteúdo da TV podem ser uma saída. Mas, sobretudo, é preciso ficar atento ao comportamento do filho. O medo sempre tem um impacto e isso muda o comportamento da criança. Se ela dormia bem, começa a ter pesadelo ou medo de escuro. Passa a não comer bem, fica mais quieta no canto ou mais agressiva, explica Adriana.>
Nesse caso, é hora de resgatar essa segurança. Os pais precisam ser as pessoas de referência para os filhos. Ter postura firme e constante, mostrando que nada de ruim vai acontecer.>
DICAS>
Acompanhe>
Saiba o que seu filho assiste e converse com ele sobre isso. Mostre-se sempre aberto para acolher e dialogar com a criança.>
Oriente>
No caso da Momo, a criança pequena pode ser orientada a chamar os pais caso veja algo estranho, feio. Com os mais velhos, a conversa pode abordar a valorização da vida, que é preciso cuidar de si e dos outros e entender que há perversidade no mundo.>
Observe>
Esteja atento a mudanças no comportamento da criança. Acolha e mostre que nada de ruim vai acontecer com ela.>
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta