Publicado em 13 de maio de 2019 às 11:37
O universitário João Lucas, 25 anos, passou pelo menos três anos de sua vida, na adolescência, sem saber a causa de seu sofrimento, o que penalizava toda a família. Ele tinha muitas cólicas, diarreia, anemia. Não se desenvolvia. Era tão magrinho que, aos 16 anos, parecia uma criança de 10, conta a mãe do jovem, a servidora pública Sirlene Dias Lima Monteiro, 46 anos, que acompanhou toda essa agonia.>
A razão para tamanho desconforto estava no intestino. Mas ele demorou para descobrir isso. Os médicos diziam que era verme, por exemplo. Até que procuramos um gastroenterologista, que deu o diagnóstico, que o meu filho tem a doença de Crohn, diz Sirlene.>
A doença de Crohn é um dos problemas intestinais mais comuns na população. Mas muita gente, como o João Lucas, custa a começar o tratamento por falta de informação. Por isso, foi definido o mês de maio para a conscientização sobre as chamadas Doenças Inflamatórias Intestinais (DII).>
A campanha Maio Roxo é realizada pela Sociedade Brasileira de Coloproctologia (SBCP), com diversas ações sobre o tema em todo o país.>
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CASOS>
No Brasil, as DII afetam 13,25 em cada 100 mil habitantes, segundo dados apresentados no I Congresso Brasileiro de Doenças Inflamatórias no Brasil (GEDIIB), realizado em abril, em Campinas (SP). Desses casos, 53,83% são de doença de Crohn, e 46,16%, de retocolite ulcerativa.>
Doenças que têm aumentado sua incidência no país, segundo o gastroenterologista Felipe Bertollo. E apesar de esses males não terem uma causa comprovada, eles estão relacionados aos hábitos de vida modernos. Essas doenças têm a ver com uma alimentação mais industrializada, rica em gordura, diz o médico.>
A herediariedade e até o uso excessivo de antibióticos na infância também são fatores de risco para as DII, que não têm cura e podem causar inúmeras complicações, das mais simples às mais graves, aos pacientes que adiam o início do tratamento.>
São vários os sintomas, e eles variam de uma pessoa para a outra, de acordo com Ana Paula Hamer Sousa, gastroenterologista e professora da Emescam que atua no ambulatório de doenças inflamatórias intestinais da Santa Casa de Misericórdia, em Vitória.>
Não dá para achar que todo paciente que tem doença inflamatória intestinal vai ter a mesma manifestação. Depende da região que a doença afeta e da intensidade. Ela pode causar uma anemia, e como a pessoa se sente sempre desanimada, cansada, ela acha que é outra coisa. Há casos de sintomas como alterações nos olhos e na pele também, cita.>
Em geral, os sinais mais comuns de DII são diarreia que dura mais de três semanas, associada com perda de peso e anemia. E quando eles surgem, é importante procurar ajuda o quanto antes. Muitos pacientes não procuram um médico logo por vergonha. Mas já tive paciente que sofreu por até dois anos, passando por vários médicos e ninguém descobriu o que era, diz a médica.>
COMPLICAÇÕES >
A falta de um diagnóstico cedo aumenta a chance de ter complicações da doença, como fechar o intestino, criar fístula na pele, causar perda de peso, desnutrição, infecção por outras doenças, entre outras. Quanto mais tarde o paciente ter o diagnóstico, mais irá lidar com essas complicações e terá menos chance de o remédio fazer efeito, observa Bertollo.>
O Maio Roxo serve para alertar a população sobre essas doenças. É preciso conscientizar as pessoas sobre o que é doença inflamatória intestinal. Muita gente nunca ouviu falar, ressalta Ana Paula.>
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