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Incontinência urinária: 'perder' xixi não é normal

Incontinência urinária: "perder" xixi não é normal

Problema é comum até em mulheres jovens, que sentem que a urina escapa após um simples espirro ou durante um exercício na academia

Publicado em 21 de junho de 2019 às 11:09

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Incontinência urinária: perda de urina não é normal. (Shutterstock)

Quando você sente vontade de urinar muitas vezes nem consegue chegar a tempo ao banheiro? Ou percebe que vaza xixi após um simples espirro ou durante um exercício na academia?

Esses são alguns sinais mais comuns da incontinência urinária, um problema que atinge milhares de mulheres jovens. Ele só não parece mais comum porque a maioria delas não comenta com ninguém. E pior: acha normal.

“Em cada dez mulheres com idades entre 30 e 40 anos, três ou quatro têm perda involuntária de urina. Nas mais velhas, após os 60 anos, esse percentual chega a 65% ou até 70%”, afirma o uroginecologista Fábio Leal.

Apesar dessa alta incidência, o médico destaca que esses escapes não podem ser encarados como algo normal. “Não é normal perder urina. Mas muitas mulheres têm vergonha de contar que estão passando por isso.”

Nem mesmo idosas deveriam se acostumar com esse quadro. “Com o envelhecimento, pode ocorrer uma certa frouxidão, uma fraqueza na musculatura do assoalho pélvico, porque nessa fase tem alterações hormonais e perda de colágeno. Mas não é para ser visto como algo natural”, afirma a fisioterapeuta pélvica Thaís Págio, que é especialista no tratamento de disfunções sexuais e uroginecológicas.

Fatores

A incontinência urinária pode ser origem genética. Mas há diversos fatores relacionados à disfunção. “O tabagismo é um deles, uma vez que diminui qualidade do colágeno do corpo inteiro, inclusive da região perineal, que tende a afrouxar. Além disso, o sobrepeso também influencia, já que aumenta o peso sobre a região”, cita Leal.

Mulheres que praticam atividade física de grande impacto também estão sujeitas a esse tipo de problema, a chamada incontinência urinária de esforço. “O períneo é como uma cama elástica. Durante uma atividade que exija esforço repetitivo, os órgãos ficam batendo nessa região e acabam afetando essa espécie de suporte que fica abaixo da uretra, causando a perda urinária. Já operei jogadora de vôlei profissional, por exemplo, que teve incontinência urinária”, cita o especialista.

Thaís cita um episódio que aconteceu com uma atleta de crossfit, nos Estados Unidos, que se urinou toda durante uma prova de levantamento de peso. “Ela comemorou, como se isso mostrasse a força que ela fez. Mas é preciso ter consciência de que não é normal perder urina, mesmo que em pouca quantidade.”

Há mulheres que nem percebem que o xixi vazou. “Essa perda pode ser em gotinhas ou jatos e ocorrer quando a pessoa tosse, espirra ou ri demais. Muitas só sentem a perda depois, ao verem que a calcinha ficou molhada”, afirma a fisioterapeuta.

Aí, exercícios na região pélvica podem ajudar. “Há exercícios de fortalecimento específicos que vão melhorar a musculatura, a elasticidade, evitando a perda da urina”, diz ela.

Há casos que necessitam de outras intervenções, como aplicações de laser e até cirurgia.

É importante não confundir com outro tipo de incontinência: a de urgência ou bexiga hiperativa. “Nela, a pessoa tem um aumento da frequência de ir ao banheiro, mas acontece de ela não chegar a tempo e se urinar antes. É detectada por um exame chamado urodinânica e tratada com medicamento”, destaca Leal.

Entenda mais

O que é a incontinência urinária

É a perda involuntária da urina pela uretra. O distúrbio é mais frequente no sexo feminino e pode manifestar-se tanto em mulheres acima de 50 e 60 anos de idade quanto em mulheres mais jovens.

Como ocorre

O escape pode ser em gotículas ou em jatos. Nem sempre a mulher percebe na hora. Mas mesmo em pouca quantidade, não é algo considerado normal.

Tipos de incontinência

De urgência ou bexiga hiperativa

É quando a pessoa tem vontade de urinar de maneira súbita, que fica incontrolável, fazendo com que a perda de urina ocorra antes de a pessoa chegar ao banheiro.

De esforço

Ocorre quando a pessoa tosse, espirra, ri demais ou faz algum esforço físico.

Mista

Quando a pessoa tem mais de um tipo de incontinência, como a de esforço e a de urgência.

 

Fatores de risco

Tabagismo

Fumar causa uma perda na qualidade do colágeno presente no corpo todo, inclusive na região perineal, que tende a afrouxar.

Obesidade

Estar muito acima do peso contribui para o problema, uma vez que aumenta o peso sobre o assoalho pélvico

Constipação intestinal

Pessoas com prisão de ventre costumam fazer muita força para evacuar. O esforço repetitivo pode prejudicar o períneo e provocar os escapes.

Gravidez e parto

Alterações hormonais e nos tecidos musculares locais podem afetar o mecanismo de continência de urina. Principalmente no parto vaginal, que pode contribuir para deixar os músculos da região mais flácidos.

Envelhecimento

Após os 60 anos, o problema se torna mais comum devido à perda do colágeno e enfraquecimento dos músculos pélvicos.

Tratamentos

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Exercícios fisioterápicos no assoalho pélvico podem tanto prevenir como ajudar a tratar. Há casos em que o laser é recomendado, para recuperar o colágeno na região. Ou a cirurgia, que consiste na introdução de uma fita de polipropileno abaixo da uretra, por via vaginal, com o objetivo de aumentar a resistência uretral e reduzir a perda de urina.

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