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Férias de inverno: um roteiro de viagem completo pela Patagônia Chilena

Férias de inverno: um roteiro de viagem completo pela Patagônia Chilena

Com visuais deslumbrantes, essa região do Chile tem atraído quem gosta de aventura, passeios diversos e gastronomia de alto nível

Publicado em 24 de agosto de 2019 às 05:49

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Cavalgada . (Divulgação)

Um lugar fantástico, de belezas incríveis e visuais de tirar o fôlego. Poderia ser qualquer canto do Brasil, é claro. Mas estamos falando da Patagônia Chilena, no Sul do Chile, onde estivemos durante 4 dias. A região atrai cada vez mais turistas de todo o mundo, inclusive os brasileiros – as estações de esqui e sua neve, Santiago/Valparaíso e o Deserto do Atacama ainda encabeçam a lista de preferências na hora de viajar ao Chile, mas é um panorama que vem mudando ao longo dos anos, já que a Patagônia não perde em nada no quesito turismo, inclusive o de luxo. Da aventura extrema ao conforto, dos tours de um dia inteiro por paisagens inacreditáveis a jantares espetaculares, tudo isso pode ser encontrado por lá, em uma única experiência.

“A procura pela Patagônia Chilena vem crescendo muito nos últimos tempos, se tornando um dos principais destinos no Chile. A região tem uma das melhores hotelarias da América do Sul e algumas das paisagens mais impactantes também”, pontua o empresário Bruno Vilaça, dono de uma agência de viagens capixaba que é referência no Brasil. Segundo ele, o destino é vendido o ano inteiro, exceto no alto inverno, entre maio e setembro, quando os hotéis fecham. “No verão é ótimo pelas temporadas mais amenas e pelo fato de ter voo direto de Santiago para Puerto Natales, não sendo necessário pegar a estrada de Punta Arenas até lá. Já na meia temporada, os hotéis oferecem promoções excelentes”, comenta Vilaça.

Nossa viagem começou numa segunda-feira, 16 de abril, em Santiago, onde fizemos uma conexão de uma noite (leia mais na página 15). No dia seguinte, partimos para Punta Arenas, a 3.100 quilômetros da capital chilena – um voo de cerca de 3h25 minutos. A cidade é capital da região de Magalhães e Antártica Chilena, uma das quinze regiões do Chile, e também porta de entrada para a Antártica Chilena, a 1.250 quilômetros ao Sul dali. Mas nosso destino final estava a 247 quilômetros ao norte de Punta Arenas, mais precisamente em Puerto Natales, onde ficamos hospedados no The Singular Patagonia.

Na saída do aeroporto, um transfer do hotel nos aguardava para pegarmos a estrada por cerca de três horas pela chamada Ruta del Fin del Mundo (em tradução literal, Rota do Fim do Mundo), uma extensão de belas paisagens, parques nacionais, monumentos naturais, glaciares e outras maravilhas da natureza pelo Sul do Chile. O caminho até Puerto Natales foi um verdadeiro cartão de visitas para o que nos esperava nos futuros passeios: animais como flamingos, ovelhas, guanacos, ñandús e vacas, habitantes dos grandes campos à beira da estrada, eram uma pequena mostra da fauna típica e diversificada da Patagônia Chilena a poucos metros de nós.

A Patagônia

Mística e de paisagens inigualáveis, a Patagônia Chilena começa na altura de Osorno, no Parque Nacional Puyehue (Região dos Lagos), no Norte do Chile, e sua extensão chega a Cabo de Hornos, no chamado “fim do mundo”. Mais ou menos no meio desse caminho está a região que visitamos. Com fauna e flora típica, a Patagônia possui as principais reservas de água doce do mundo e também é um dos lugares mais vulneráveis pelo aquecimento global. O local atrai vários tipos de turistas, mas principalmente os apaixonados pela natureza, pela pesca e pelos esportes de aventura.

Para quem se hospeda no The Singular Patagonia, como foi o nosso caso, há um leque de opções de passeios com guias que podem ser feitos por lá, dos mais tranquilos aos mais “extremos”, com diferentes níveis de dificuldade e duração. Fiordes, montanhas, geleiras e florestas estão entre os lugares a serem visitados, seja por meio de trekkings, passeios de barcos, de caiaques, mountain bike e cavalgadas, entre outros.

Aventura em Torres del Paine

Como chegamos em Puerto Natales na terça-feira à noite, nosso primeiro passeio, um trekking pelo Parque Nacional Torres del Paine, aconteceu na quarta-feira. Saímos por volta das 9h do hotel rumo ao parque, em uma viagem de uma hora e meia (147 quilômetros).

Eleito a oitava maravilha do mundo, o Parque Nacional Torres del Paine é um dos destinos preferidos para quem está em busca de aventura no Chile. Declarado Reserva da Biosfera pela Unesco em 1978, o lugar tem uma área de aproximadamente 242 mil hectares e possui, além de lagos, rios, glaciares, bosques e animais, muitos animais! Por lá, é possível fazer diversos tipos de caminhadas, das mais leves às mais complexas – estas, para quem quer explorar por completo as paisagens que a região oferece.

Independentemente do tipo de passeio escolhido, visualizar os Cornos del Paine (saliências na rocha que formam um visual deslumbrante do local) e as famosas Torres del Paine (as partes mais pontiagudas da formação rochosa do parque), além do voo dos majestosos condores (ave típica da América do Sul), está entre os objetivos finais de quem visita o local. Mas é preciso ter sorte: se o dia estiver chuvoso e nublado, pode ser impossível se deparar com essas belezas específicas, já que as partes mais altas ficam encobertas. Infelizmente, naquela quarta-feira não tivemos essa sorte, já que o tempo não colaborou.

No parque, optamos pelo trekking nível médio, uma caminhada de mais ou menos cinco horas – com uma parada de 20 minutos para o lanche que levamos na mochila – pela chamada “rota da água”, que nos oferece uma visão geral dos lagos de azul belíssimo que há por lá – com ou sem tempo bom, é possível ver essas paisagens maravilhosas, que fizeram valer a pena cada pequeno “sufoco” ao longo da jornada. Durante o percurso, chegamos a enfrentar uma temperatura de aproximadamente 5°C, muita lama por causa da chuva, ventania e até mesmo chuva de granizo nas passagens mais altas pelos picos. Se você não for do tipo aventureiro, opte sempre pelos trekkings mais fáceis e ou pelos passeios de carro pela base do parque. Outra dica é fazer a trilha num dia ensolarado, para que se possa ter uma visão por completo da exuberância de Torres del Paine.

Ao fim do trekking, um delicioso “banquete” nos esperava na van que nos levaria de volta ao hotel: vinho, chocolate quente, cerveja, queijos, presuntos e outros petiscos nos deram o aconchego necessário após caminhar debaixo de chuva e com vento forte por tanto tempo. Uma experiência única, com visuais deslumbrantes, que valeu a pena.

A beleza dos Glaciares

Após uma noite de merecido descanso, na quinta-feira acordamos bem cedinho para nosso segundo e último passeio na Patagônia Chilena: conhecer os Glaciares Balmaceda e Serrano e a Estância La Peninsula. Nosso programa dependia exclusivamente do tempo, já que navegaríamos por quase duas horas pelo Seno de Última Esperança, cujas águas banham a cidade de Puerto Natales. A sorte que não tivemos no dia anterior estava presente: já a bordo do barco, presenciamos um espetacular nascer do sol que indicava que teríamos pela frente um belo dia, apesar dos 8°C. Ah, aqui vale uma observação: na Patagônia, o sol nasce mais tarde, por volta das 8h, e se põe mais tarde também, por volta das 19h. Verdadeiros espetáculos no céu.

O trajeto de barco nos levou até o Parque Nacional Bernardo O’Higgins, a maior área de proteção ambiental do Chile, com mais de 35 mil km². Chegando lá, fizemos uma caminhada fácil de 45 minutos pela floresta até o imponente Glaciar Serrano, que surge brilhoso entre as rochas. Pelo rio em sua base, blocos de gelo flutuantes dão uma pequena noção das consequências do aquecimento global.

De volta ao barco, continuamos nossa navegação e passamos pelo Glaciar Balmaceda, que fica de frente para o mar. Assim como o Serrano, o Balmaceda também se impõe brilhoso e azul pelas rochas, em contraste com o verde da natureza ao seu redor. No trajeto em alto-mar, ainda nos deparamos com uma colônia de leões-marinhos, habitantes da formação rochosa daquela região.

Almoço típico da Patagônia

Logo depois de conhecermos os Glaciares Balmaceda e Serrano, seguimos para a Estância La Peninsula, um rancho onde tivemos a oportunidade de experimentar um almoço típico da Patagônia: cordeiro assado na brasa, cujo preparo vimos logo na chegada, acompanhado de purê de batatas, salada e uma taça de vinho. Foi uma experiência gastronômica simples, mas perfeita para aquela tarde. Ah, a carne de cordeiro é simplesmente sensacional, pelo menos para mim, que experimentei pela primeira vez lá no Chile.

Além de comermos, conhecemos também a criação de ovelhas do local, exclusivamente para produção de lã, e fizemos uma cavalgada de uma hora pelos arredores do rancho, admirando as belas paisagens e os picos cobertos de neve bem ao fundo, que formaram um belo contraste com o sol daquele dia. Para quem visita a La Peninsula, há outras opções de passeio além da cavalgada, como os trekkings pela região.

 

Spa e quarto do hotel. (Divulgação)

Uma experiência única 

Não só de belas paisagens é composta a Patagônia Chilena. Por lá, ficamos hospedados no The Singular Patagônia, um hotel de luxo localizado em Puerto Natales, que conecta o turista direto com a natureza e as belezas da região. Ele foi eleito oito vezes o melhor hotel de luxo no Chile pelo Travellers’ Choice 2018 do Trip Advisor, e ocupa a 9ª posição da mesma categoria na América do Sul, pela Reader’s Choice Awards 2017, da Condé Nast Traveler.

Em localização privilegiada, o The Singular foi construído em torno de um frigorífico desativado, o Puerto Bories, que data de 1915 e esteve em atividade por 70 anos. Sua construção foi declarada Patrimônio Nacional em 1996 e, em 2011, foi restaurada pela quarta geração de uma família tradicional da região, tornando-se um hotel de luxo. 

O local deu origem também a um museu com as máquinas industriais originais – o passeio pelo museu é um dos tours oferecidos pelo hotel, que ainda incluem expedições a glaciares, passeios a cavalo em ranchos, passeio a pé pela cidade de Puerto Natales e trekkings pelo Parque Nacional Torres del Paine, entre outros.

São 57 quartos, e todos eles possuem janelões com uma vista esplêndida para as águas que banham a cidade. Espaçosos, todos contam com banheiras, para quem não dispensa uma relaxada após um dia inteiro de aventura – para isso, também há um confortável SPA na parte subterrânea do lugar, também com uma vista incrível.

A gastronomia é um detalhe à parte: leva o turista para uma verdadeira viagem por iguarias chilenas produzidas de norte a sul do país. Guanaco, lebre e o famoso king crab (caranguejo gigante) estão entre os ingredientes utilizados nos pratos do restaurante. Sem contar, claro, a extensa carta de vinhos.

Outro charme por lá é o elevador/bondinho que liga o lobby à recepção principal: proporciona um mini passeio já na chegada ao hotel.

Singular Santiago e Adega

Uma noite em Santiago

Antes de seguirmos para a Patagônia Chilena, fizemos uma conexão de uma noite em Santiago, capital do Chile, onde ficamos hospedados no The Singular Santiago, no bairro Lastarria, um centro artístico e cultural de lá. Com boa localização, o hotel é de fácil acesso a vários pontos turísticos da cidade, então mesmo se você estiver por pouco tempo e a pé ou de metrô, é possível conhecer alguns lugares famosos, como o Museu Nacional de Belas Artes. Também dá para apenas caminhar pelas ruas encantadoras de Santiago, o que já vale a estadia-relâmpago.

Como chegamos à noite, saímos para jantar num restobar sensacional localizado a poucos minutos de carro do hotel, num bairro vizinho chamado Providencia: o 17° 56° Cocina & Bar. Para chegar até lá, fomos por meio de um aplicativo de transporte, que funciona muito bem em Santiago. Os números do estabelecimento são uma referência aos paralelos onde começa e termina o Chile, de Norte a Sul, uma mostra de que a cozinha é composta por produtos vindos de todas as partes do país. Por isso, todos os pratos também possuem nomes com paralelos de onde vieram seus ingredientes.

No 17° 56°, provamos uma espécie de menu degustação do lugar: com várias entradinhas e alguns pratos principais: costelas assadas e picantes de cordeiro acompanhadas de batatas chilotas, queijo e cogumelos silvestres; e o Crudo de Res (tartar de carne de vaca com emulsão de alcaparras, creme de cebolinha e beterrabas) foram os pratos destaque da noite. Os drinks exóticos também fizeram sucesso: o rum misturado a frutas variadas fizeram do Zombie o drink favorito em disparada. Mas também experimentamos o famoso pisco com o Mapuche: pisco chileno, pera e soda estão no preparo da bebida. Uma delícia!

Pela manhã, após um café da manhã dos deuses – deu vontade de experimentar de tudo! – e um tour pelo hotel (grandioso com seus luxuosos quartos e grandes salões), fizemos um leve passeio à pé pelos arredores de Lastarria, já que partiríamos de Santiago no início da tarde rumo à Patagônia Chilena.

A jornalista viajou a convite do The Singular e  Superviagem Turismo

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