Publicado em 23 de agosto de 2018 às 18:05
Nota de abertura: fazer a própria verdade nem sempre é fácil... O segredo talvez seja saber (meditar?) lidar com os momentos de dor, enquanto perseguimos aquilo que nos faça acordar com sentido.>
"A felicidade também é estarmos preocupados só com aquilo que é importante. O importante é desenvolvermos coisas boas, das de pensar, sentir ou fazer". Valter Hugo Mãe>
Então felicidade envolve ação! Simples: fazer pensamentos, sentimentos e coisas de filhos à obras de arte, passando pelo bolos e penteados. Seria fácil, se acaso não julgássemos e fôssemos julgados.>
Mas como se livrar do olhar do outro?>
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Olhar, no sentido de forma, cor, estilo.>
Livrar, no sentido de se libertar da comparação ao desejo de ultrapassar.>
Sabe aquilo de se espelhar, coisa que fazemos desde os primeiros que amamos com nossos pais, por exemplo? Pode cristalizar em nós o bom e velho mecanismo da imitação. Ora, se é natural ter o outro por modelo, então como se livrar dessa fórmula que, até certa altura parece prudente, sadia e tal, mas passa a ser uma espécie de autocomiseração no final?>
Eu, que sou mais para desorganizada, sem muito padrão e geneticamente indisciplinada, sofro de verdade. Vejo as pessoas capazes aquelas que seguem numa linha a vida-toda, na estética limpa, sem borrão, com perícia e destreza, elevando o padrão tento imitar, falho e me pergunto: por que eu não?>
Ser torta é um jeito. (Já entendi). Ainda assim... Às vezes duvido. De qualquer maneira, faço! (E torço para que dê certo). Invento que "desse jeito tá bom" e vou. E quando essa minha invenção cola, evito preocupações à toa... Fico feliz. Mas nem sempre foi assim.>
Certa vez, quando estudava moda, veio ter com a gente um artista. Seu nome era Ronaldo Fraga e ele parceria falar de um lugar denso, desde sempre dentro dele mesmo. E propôs um exercício de criação. Eu, que muito tinha me encantado pelas histórias daquele mestre, esqueci de fazer minha verdade e me fixei no desejo de ser aprovada quem sabe reconhecida, talvez elogiada... Pronto, bastou. (Você sabe, neste quesito basta tentar para não conseguir).>
Qualquer esforço para se ajustar ao olhar do outro, envenena a chance de atravessá-lo. Porque para penetrar o olhar (e o peito) alheio faz-se necessário desajustá-lo em algum sentido.>
Detalhe: pense comigo, é por isso que a paixão, certas pessoas, alguns filmes, poesias, a arte contemporânea, etc, etc, podem ser tão difíceis de compreender, quanto de serem ignoradas. Porque apesar de indecifráveis, deixam marca.>
Voltando ao caso, fiz um trabalho bem bonitinho, sem grande perícia, correto, provável, chato. O professor não só não aprovou, como também se irritou e disse, na frente de todo mundo, que esperava mais de mim. Nunca me esqueci. Foi difícil ouvir, mas absolutamente necessário. (Gratidão, Maestro).>
Resta que não viemos ser aprovados... Realizar é a grande tarefa. Explorar, experimentar, fazer, fazer, fazer até encontrar "o fazer" que nos realize (em troca) e, enfim, se torne nossa verdade.>
Nota de rodapé: o que chamamos de verdade não passa de uma interpretação que prevaleceu às outras. Disso a gente sabe.>
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