O câncer de esôfago é difícil de descobrir porque os sintomas são confundidos com problemas comuns, como azia e náusea. No Brasil, segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca), o câncer de esôfago (tubo que liga a garganta ao estômago) é o sexto mais frequente entre os homens e o 15º entre as mulheres, excetuando-se o câncer de pele não melanoma. É o oitavo mais frequente no mundo e a incidência em homens é cerca de duas vezes maior do que em mulheres. Abril é considerado o mês de conscientização deste tumor.
O tabagismo é responsável por 25% dos casos de câncer de esôfago. O risco aumenta proporcionalmente à quantidade e tempo de exposição ao cigarro e mesmo quem já abandonou o seu uso, as chances ainda permanecem elevadas. “O fumo é o principal fator de risco. O outro é a ingestão sistemática de álcool. Em especial, a associação do tabaco (cigarro, charuto ou cachimbo) à bebida alcoólica tem uma ação potencializadora no desenvolvimento do câncer de esôfago e ambos os hábitos devem ser abandonados”, diz a oncologista Luana Pescuite, da Samp.
Segundo a médica, o aumento dos casos de obesidade no mundo também atua como um importante fator de risco, já que pode proporcionar a doença do refluxo gastroesofagiano (DRGE), que a longo prazo pode evoluir para uma alteração chamada Esôfago de Barrett e consequentemente aumentar as chances de promover o câncer de esôfago. “O excesso de gordura corporal, o consumo de bebidas muito quentes e carnes processadas são outros fatores que contribuem para o aparecimento desse tipo de câncer. É preciso adotar medidas preventivas e hábitos saudáveis”, afirma a oncologista.
Além dos fatores citados, a oncologista Gabriela Siano Penna, do Cecon/Oncoclínicas, conta que a história familiar e prévia de câncer também deve ser considerada. "E as lesões de longo prazo em parede do esôfago causadas por refluxo, além de condições especiais como o Esôfago de Barret e acalasia".
Na sua fase inicial o câncer de esôfago pode não manifestar sintomas, mas à medida que ele vai progredindo o paciente pode apresentar dificuldades para engolir, primeiro os alimentos sólidos e posteriormente os pastosos e líquidos, sentir dor no peito em pressão ou queimação, azia, náuseas e vômitos, perda de apetite e emagrecimento. "O diagnóstico é feito por meio do exame de endoscopia digestiva alta que consegue examinar a parede do esôfago e realizar biópsias para confirmação", diz Gabriela Siano Penna.
A médica Luana Pescuite ressalta que, na maioria das vezes, a dificuldade de engolir já sinaliza uma doença em estágio avançado. "Por isso, a detecção precoce proporciona um maior sucesso do tratamento e possibilidade de cura. Como os sintomas podem ser ausentes ou leves nos estágios iniciais, a prevenção continua sendo nosso principal aliado”.
O tratamento geralmente inclui quimioterapia e radioterapia, combinadas, seguidas de cirurgia. "Apenas em casos muito iniciais é possível realizar uma ressecção local por meio da endoscopia. Enquanto em casos mais avançados, em que o intuito do tratamento é paliativo, o paciente pode realizar apenas uma radioterapia combinada ou não à quimioterapia", diz a oncologista Gabriela Siano Penna.
É possível se prevenir da doença aumentando o consumo de frutas e legumes e reduzindo a ingestão de carne vermelha e gordura, evitando o consumo frequente de bebidas muito quentes, alimentos defumados e bebidas alcoólicas. "Também pode ajudar na prevenção parar de fumar e não se expor ao tabagismo passivo, manter o peso adequado, realizar atividade física, identificar e tratar a doença do refluxo gastroesofágico", finaliza Gabriela Siano Penna.
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