Publicado em 6 de julho de 2018 às 18:08
O céu colorido no entardecer, a temperatura beirando os 12 graus durante a noite e, de surpresa, uma lua cheia. Os indícios são claros: está aberta a temporada de inverno em Pedra Azul, região serrana do Estado, e eles foram presenciados pela reportagem na última semana. A localidade encanta não somente casais apaixonados, mas também famílias que, ao avistarem a famosa pedra, tiram a primeira e tradicional foto e, em seguida, desfrutam de tudo o que a charmosa localidade oferece. A verdade é que a região sempre teve um quê de Europa e está com algumas novidades deliciosas que merecem ser conhecidas. E se capixabas e turistas de outros Estados já frequentavam o lugar na temporada fria, agora de mais motivos para subir a serra. O melhor a fazer é pegar um carro e desbravar a região, que conta com alta gastronomia, oportunidades de comprar produtos orgânicos do agroturismo e visual arrebatador. Não há como não se encantar com essa pequena joia, essa pedra preciosa acessível a todos. Se você se animar ao ler as páginas seguintes, vá em qualquer fim de semana desses, siga nosso roteiro e não esqueça de olhar para o céu durante a noite. Uma das surpresas pode vir de lá.>
Dia 2: a tradição>
É hora de desbravar e conhecer as novidades da Rota do Lagarto, a mais famosa da região e que sempre oferece surpresas. É no final do percurso que a chocolateira Mariah Abaurre acaba de inaugurar o Ateliê do Chocolate. Ela integra o Bean to Bar, movimento em que o investimento dos produtores de amêndoas especiais de cacau e dos chocolateiros partem da semente para produzir os seus chocolates. Essa é uma tendência que desde 2005 tem tomado conta do mundo.>
Nomeada bean-to-bar, (da amêndoa à barra, em tradução livre), essa cena vem acompanhada de inovações tecnológicas que permitiram a pequenos empreendedores iniciarem os próprios negócios. Fabricamos o chocolate desde a amêndoa. Nós torramos a amêndoa, descascamos, transformamos em liquor de cacau e, por fim, misturamos os ingredientes finais. Isso tudo para ter um chocolate especial. Um dos segredos é o cacau de Linhares, premiado em Paris como um dos melhores do mundo. Em breve também trabalhará com amêndoas da Bahia e do Pará.>
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Mariah conta que usa apenas quatro elementos para produzir todas as variedades de chocolate, sendo eles o liquor de cacau, manteiga de cacau, açúcar e leite. São 48 horas para produzir cada massa de chocolate. Produzimos barras de chocolate nos sabores: chocolate branco, ao leite, 50% e 70% e suas variações com recheios de castanhas e confeitos.>
A casinha com tijolinhos conta ainda com uma varanda onde funciona a cafeteria e é possível degustar vários sabores da bebida, além do chocolate quente. Brigadeiros, brownies, cookies e pães de queijo (feitos com queijos da região) também estão no cardápio. Seguindo a linha de explorar novos sabores, também produzimos um confeito de café, chamado cafene, onde substituímos o cacau pelo café e assim exploramos as variações de sabores café com leite, expresso e cappuccino, conta ela, que cresceu na fábrica de chocolate do pai na Grande Vitória.>
Novos sabores>
A região, que sempre foi conhecida por ter bons restaurantes, acaba de ganhar mais um. Sucesso há nove anos em Vitória, o DBem inaugurou sua filial na propriedade Fjordland, no espaço onde funcionava a Café Orgânico Heimen.>
O cardápio, totalmente diferente da casa de Vitória, foi criado pelo chef referência em gastronomia funcional orgânica, Renato Caleffi e o chef Kau Eduardo, que participa da história do restaurante desde a inauguração. Apostamos no conceito do locavorismo que estabelece uma rede de consumo para alimentos produzidos no Estado, valorizando os orgânicos e a agricultura familiar. Por isso, a casa vai oferecer pratos elaborados também com ingredientes de produtores locais, como forma de garantir a sustentabilidade em suas práticas comerciais, e prestigiar os fornecedores da região, diz Gaby Faiçal.>
O cardápio, que funciona no serviço à la carte, conta com o alho rubro da montanha, que leva alho cozido com pétalas de hibisco; arroz com galinha da montanha feito com arroz cateto orgânico e galinha caipira em lascas; fettuccine ao creme dCogumelos; cordeiro com jambalaya dHortelã, entre outras opções. A média do prato individual custa R$ 60.>
Queijos premiados>
Saindo da Rota do Lagarto também é possível degustar outros sabores. Basta seguir as placas. É em Alta Viçosa, em Venda Nova do Imigrante, que o italiano Amedeo Mazzocco prepara cinco tipos de queijos, todos premiados. O mais famoso é o Venda Nova, produzido com leite cru de vaca e maturação de 30 a 45 dias. É um queijo suave na boca e com boa acidez, equilibrado do início ao fim.>
Amedeo, que trabalhava com couro na Itália, começou uma história de sucesso no Estado há quatro anos. Veio à convite de um conhecido de seu pai e nunca mais voltou. Queríamos fazer um queijo diferente, já que a maioria dos laticínios fazem o queijo minas. Começamos com uma quantidade de 30 litros por dia, fazendo queijos caseiros. Atualmente a propriedade produz 500 quilos de queijo mensalmente.>
As receitas são todas italianas e os sabores diversos. Usamos 99% de leite de vaca, conta. Além do Venda Nova, o Orolatte Queijos Artesanais também produz o Robiola de Yogurte; o Santanna, cremoso feito com leite de cabra, de vaca e iogurte; o Robiola, receita de um queijo minas modificada e o San José, com textura cremosa cuja a massa é cozida a 44 graus. Todos eles já ganharam a medalha de bronze ou prata no prêmio Queijo Brasil, que avalia o desempenho na produção artesanal de qualidade nacional.>
Da horta para cozinha>
A 2,5 quilômetros dali, outro estrangeiro também faz sucesso com o paladar de quem visita a região. É o chef nova-iorquino Duaine Clements, radicado no Estado desde 2013, e que, após fazer carreira comandando a cozinha de um cerimonial de Vitória, resolveu investir na região ao lado da juíza aposentada Cida Gomes. No restaurante Quinta dos Manacás, em São José do Alto Viçosa, eles surpreendem os clientes mais exigentes. A proposta é do campo à mesa. Usamos a produção de nossas hortas nas criações dos pratos. É a valorização do produto local, conta o chef, que trabalhou com ícones da gastronomia como Joël Robuchon e Dan Barber.>
A casa, que tem capacidade para 94 pessoas, chama a atenção pelo clima europeu. No à la carte é possível pedir Truta da região, batata roxa, amêndoa beurre noisette; Cordeiro mil folhas, tomate seco e ora pro nobis; e o Ravioli de rabada, purê de tutano e emulsão de ervas. Mas é o menu-degustação que faz a fama do restaurante. O cliente tem a opção de escolher a opção de cinco ou sete etapas, com entrada, pratos principais e sobremesa, no valor de R$ 190 e R$ 270, respectivamente. Temos muitos ingredientes que são sazonais, então aproveitamos para criar pratos com eles. Não é um cardápio fixo, temos sempre surpresas, diz o chef.>
O sucesso do local é tanto que está previsto para 2019 a inauguração de uma pousada no local. Também plantaram 1.200 pés de parreiras de uvas (pinot, cabernet, entre outros tipos) para começarem a produzir os próprios vinhos daqui a cinco anos. Além dos 600 pés de oliveiras que também servirão para produzir azeite. Os turistas buscam a experiência com a gastronomia. Quando alguém quer mostrar a montanha capixaba, eles chegam aqui. Detalhe: se o seu bolso permitir é possível chegar em 15 minutos de helicóptero saindo da Capital, já que o lugar possui um heliponto.>
Conforto com uma vista daquelas>
Depois de passear durante todo o dia, é hora de descansar. Há várias opções de hospedagens na Rota do Lagarto, das mais simples as sofisticadas. Mas é saindo cerca de dois quilômetros da Rota que vem a surpresa. O Bistrô e Hospedagem Vista Pedra Azul tem, como o próprio nome diz, a vista da pedra como grande diferencial para os hóspedes. Ali é o hóspede quem dita as regras. E é ele também quem dita o horário em que vai pular da cama. Nossa equipe acordou as oito horas e tomou um café colonial reforçado. Bolo de cenoura com calda de chocolate, frutas, pães caseiros, iogurte, queijos, sucos e geleias. Mas as grandes atrações são as que saem da cozinha comandada pela paraense Elizângela Alves, como o suco de laranja com duas cores e a torrada com um mini-ovo no centro.>
Elizângela está há dez anos no Estado e criou seu próprio negócio ao lado do marido nascido na região. O bistrô, que funciona para o público em geral inclusive à noite, tem no cardápio Talharim de Ervas caseiras ao Molho Branco com Tiras de Filé Mignon e Cogumelo Paris; Ragu de Costela Suína e Linguiça com Polenta; e Risoto de Limão Siciliano e Tomatinho Cereja. A média do prato custa R$ 60. Na adega são cerca de 20 tipos de rótulos vindos do Chile, Itália e Espanha.>
Mas sãos somente três chalés, todos com suítes e diárias a partir de R$ 350 o casal. Se puder, escolha a Casa Amarela e terá a oportunidade de abrir a cortina do quarto, assim que acordar, e dar de cara com uma vista espetacular. A noite também poderá ter, quem sabe, a companhia de uma lua iluminada e o céu cheio de estrelas.>
Serviço:>
Bistrô Hospedagem Vista Pedra Azul>
Rodovia Geraldo Sartorio Sitio Sao Vitorio, Pedra Azul.>
Tel: (27) 99920-7123>
D'bem>
Rota do Lagarto, Aracê>
Tel.: (27) 99923 0905>
Quinta dos Manacás>
São José do Alto Viçosa, Venda Nova do Imigrante>
Tel.: (27) 99960-3440>
Ateliê do Chocolate>
Rota do Lagarto, Aracê>
Cervejaria Altezza>
Estrada do Vai e Vem, s/nº, São José do Alto Viçosa, Venda Nova do Imigrante>
Tel.: (28) 99989 3311>
Orolatte Queijos Artesanais>
São José do Alto Viçosa, Venda Nova do Imigrante>
Tel.: (27) 99724-0207>
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