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Conheça conheça o dia a dia das mulheres que malham pesado

Conheça conheça o dia a dia das mulheres que malham pesado

Conheça o dia a dia de mulheres que se dedicam à malhação. Elas treinam pesado diariamente, fazem dietas rigorosas e revelam seus segredos para se manter firmes e, acima de tudo, fortes

Publicado em 21 de fevereiro de 2019 às 19:01

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Uma barra de ferro, com dois pesos redondos gigantes, chegando a 84 quilos, tem lugar cativo no treino da médica Marcia Rocha, num box de crossfit de Jardim da Penha, em Vitória. É ali que ela se exercita seis vezes por semana, sempre às 6h. O peso faz parte da sua rotina. “Treino durante 1h30 minutos todos os dias. Faço exercícios de levantamento de peso, ginástica olímpica, funcionais e exercícios aeróbicos”, conta.

Ela, que fez musculação durante 25 anos, se rendeu à modalidade – que virou moda no país – há três. O crossfit mistura atletismo, ginástica olímpica e disciplina militar, prometendo grande perda de peso e músculos mais definidos. Músculos que são nítidos quando se vê o corpo da médica que tem 1,61 metro, 54 quilos e 11% de gordura corporal.

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Treino seis vezes por semana. O crossfit ajudou a diminuir meu percentual de gordura e me deu mais força muscular. Nunca sofri preconceito, pois acho que faço o tipo mais enxuta

Marcia Rocha
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Marcia faz parte de um grupo de mulheres que tem a força e um corpo muito sarado. Elas treinam pesado diariamente, fazem dietas rigorosas e abrem mão de alguns prazeres em nome da forma física. Tudo sem arrependimento. Também não tem traços brutos, desproporcionais ou masculinizados, nem voz rouca, típica de quem fez uso de anabolizantes.

A médica leva a rotina de exercícios muito a sério. Além do crossfit - que ajudou a diminuir o seu percentual de gordura e lhe deu mais força muscular - nos finais de semana corre, anda de bicicleta e surfa. “Meus pais sempre me incentivaram a praticar esportes desde criança, por conta disso acabei desenvolvendo o hábito da atividade física diária”, conta. Já a alimentação, ao contrário do que muitos possam pensar, não se resume a dúzias de claras de ovos, muita batata-doce e quilos de frango, ingeridos a cada três horas. “Como arroz integral e feijão todos os dias na hora do almoço. Ás vezes, troco o feijão por lentilha ou grão-de-bico. A alimentação não precisa ser de três em três horas, isso deve ser avaliado individualizado para o objetivo de cada pessoa”, explica.

A médica Marcia Rocha faz levantamento de peso, ginástica olímpica, funcionais e exercícios aeróbicos. (Marcelo Prest )

A alimentação também deve ser variada e conter carboidratos, proteínas e gorduras na forma de verduras, frutas, legumes, grãos e proteínas que podem ser de origem animal ou vegetal. “Costumo comer de tudo um pouco”, diz. As duas marmitas que são levadas para o consultório diariamente contém milho cozido, batata-doce, abóbora assada, pão integral, pasta de atum, iogurte proteico e, às vezes, o famoso whey protein, mistura de água com o suplemento alimentar à base de proteína”, conta. Quando a vontade de comer doce é incontrolável, ela come frutas.

Aos 45 anos, ela participa de competições de crossfit, e diz nunca ter sofrido preconceito. “O meu tipo de corpo é mais enxuto. E também nunca usei anabolizantes pois priorizo minha saúde, e sei dos males que o seu uso pode causar, como lesões no fígado, diabetes, infertilidade e infarto do miocárdio, entre outros”, diz a médica.

Mudança de hábito

Quem vê a empresária Evelin Ghidetti Forechi, de 33 anos, batendo ponto no treino todas as noites não acredita que ela já esteve acima do peso. “Já fui gordinha, não praticava esportes e bebia bastante, além de fumar. Perdia muitas noites de sono em farra. E esses maus hábitos me fizeram começar a brigar com o espelho quando tinha 23 anos”, lembra.

Aos 25 anos, insatisfeita com o corpo, a capixaba buscou a solução imediata através de uma lipoaspiração. “Todos acham que é fácil fazer lipo. Mas é caro e perigoso, tirando o pós-operatório sofrido. Voltei a engordar”.

A mudança de hábito aconteceu quando ela conheceu o crossfit. Evelin conta que aprendeu a gostar de um esporte de verdade. E que, com o tempo, passou a se dedicar a estar ali. Há sete anos, não troca os treinos de duas horas por nenhum outro compromisso. “Treino todo santo dia. Me sinto muito mais culpada em não ir treinar do que de fugir da dieta. Em épocas que eu estava mais envolvida com competição, cheguei a treinar até três horas por dia”, conta.

Atualmente, a empresária é a 10ª mulher mais bem condicionada do Brasil no crossfit, título recebido no torneio Brasileiro de 2018. Para fazer jus ao troféu, ela leva uma vida extremamente regrada. O pote de whey protein tem lugar reservado na sua cozinha. Todas as noites ela bebe a mistura de água com o suplemento alimentar à base de proteína. O uso do pó feito a partir do soro do leite faz parte da dieta rigorosíssima que ela segue há anos e que a ajudou a transformar o seu corpo. “Também tomo glutamina, creatina e Omega 3. Eles ajudam na recuperação muscular e me ajudam no meu treinamento. Acredito que também influenciam nos resultados estéticos”.

Tem tempo que Evelin não come batata-doce. Seguindo a dieta, o café da manhã costuma ter ovo mexido, mandioca, mamão e queijo. Já no almoço tem sempre arroz integral, feijão, salada e carne. “Lancho banana-da-terra ou pão integral, ambos com pasta de amendoim”, conta a atleta que sempre carrega uma mariola para comer durante os treinos.

Evelin se diz satisfeita com o corpo atual. “Eu já fui maior, muito grande. Mas prefiro como estou agora”, diz com seu 1,69 metro, 69 quilos e 16,5% percentual de gordura. Ao contrário da Marcia, a empresária já sofreu preconceito por ser musculosa. “Hoje não sinto tanto, mas quando estive maior me sentia uma estranha passeando na rua. Todos olham, alguns comentam, a maioria te olha estranho. É bem chato”. Ela também confessa que chegou a fazer uso de anabolizante e, tempos depois, compartilhou a experiência com seus seguidores no Instagram. “A verdade é que o atleta faz o que for necessário para o corpo aguentar o dia a dia corrido e o extremo dos treinos. Só quem é atleta sabe a dor e o sacrifício que é preciso para obter bons resultados. Tive mudanças físicas que não me agradaram, muita queda de cabelo, muita espinha, a minha ansiedade, que já é de outro mundo, ficou insuportável. Tive fases complicadas”, escreveu. Ela está há dois anos sem a utilização de hormônios e garante que não volta mais a utilizar.

Em busca de títulos

Para fazer parte deste time de mulheres cheias de força, é preciso malhar à beça. E abrir mão de muitos sabores. Faz exatos 54 dias que Anna Carolina Freitas não coloca um doce na boca. A última vez foi na noite de Natal do ano passado. “Comi um manjar extremamente sem culpa”, conta rindo.

Anna começou a praticar musculação em 2005, mas foi oito anos depois, assistindo uma competição de fisiculturismo em Vitória, que ela decidiu seguir por esse caminho. “Achei que, de alguma forma, o meu corpo poderia estar apto no momento. Aí decidir ir testar o meu limite e o do meu corpo”, conta a nutricionista. O campeonato feminino de fisiculturismo conta com quatro categorias – biquíni fitness, bodyfitness, women’s physique e welness –, nas quais as atletas são avaliadas conforme a proporção corporal e densidade muscular, sem perder as características femininas, como o rosto fino. A preparação exige muita disciplina e, definitivamente, não é para qualquer uma.

Tricampeã estadual na categoria bodyfitness, em véspera de competição, Anna controla inclusive o consumo de água. São apenas 50 ml nas 24 horas que antecedem a apresentação. “A preparação começa oito meses antes e a medida que vai aproximando faço um treino e uma dieta mais específica para ficar com a composição de gordura baixa”, conta ela, que treina com o marido. Atualmente seu percentual de gordura é de 6%, mas pode chegar a 4%. Os treinos são diários e ela procura dar ênfase a musculatura superior. “Treino muito o meu tronco, meu corpo é em forma de Y. O quadril é um pouco mais estreito e a parte de cima bem grande”, conta, orgulhosa.

A alimentação se resume a proteínas e carboidratos. Gosta de comer carne vermelha, ovos, peixe e frango. Quando as receitas começam a ficar repetitivas, ela acrescenta aveia. “Adoro panqueca, batata-doce, inhame e folhas em geral”, diz. Doces e frituras passam longe do seu cardápio. Anna Carolina não consome bebida alcóolica há sete anos. E, quando vai para festa na casa dos amigos, costuma levar a própria marmita. “As pessoas se incomodam mais do que eu. Elas têm a falsa ilusão de que estou com fome”.

Um dia típico em sua vida começa às 6h. Faz o café da manhã, dá comida para os cachorros e vai para academia. Trabalha no consultório cerca de 8 horas - e costuma levar ovos, frango e batata-doce. Focada no próximo campeonato brasileiro, que acontece em maio, ela diz que faz acompanhamento com especialista para os hormônios. “É para que os femininos não se sobreponham ao masculino. Também não tomo anticoncepcional e nunca usei anabolizantes”.

Para tentar um novo troféu, Anna Carolina não sabe mais o que é comer arroz com feijão já fazem dois meses. Para completar o treino de musculação, costuma praticar bicicleta ou corrida na esteira. Aos 37 anos, ela ainda não chegou no corpo ideal. “Quero colocar silicone. E também ter o tronco um pouco maior. Homem tem mais facilidade para desenvolver essa área, para mulher é mais difícil”.

Categorias femininas do fisiculturismo

Biquíni fitness

Avaliação: As atletas desta categoria são magras, belas e demonstram um leve aspecto de treinamento com pesos. Além da cintura fina, as atletas devem possuir os braços e ombros levemente destacados. Os glúteos precisam ser redondos e firmes, e o percentual de gordura, baixo, mas sem aspectos de desidratação. A modalidade é dividida por estatura.

Bodyfitness feminino

Avaliação: Nesta categoria, os árbitros avaliam a aparência atlética geral do físico, tendo em conta a figura, o tônus muscular desenvolvido simetricamente, a forma feminina e uma baixa quantidade de gordura corporal, assim como o cabelo, a beleza facial e o estilo individual de apresentação.

Women’s physique

Avaliação: Destinada a mulheres que querem elevar o seu nível de massa muscular e condicionamento ao máximo possível através de treinamento e dieta, porém respeitando-se a anatomia, volume e silhueta feminina. É dividida por estatura, sendo: até 1,63m e acima de 1,63m.

Welness fitness

Avaliação: São atletas que possuem os glúteos e coxas mais volumosos, porém desenvolvidos segundo a forma feminina natural, deixando o físico voluptuoso, mas que em nada lembre as atletas das outras categorias que exibem maior volume, mas, com mais densidade, separação e definição entre os grupos musculares. 

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