> >
Como viajar com filho pequeno sem passar apertos

Como viajar com filho pequeno sem passar apertos

Casais dizem que é possível conhecer qualquer lugar do mundo com crianças. Veja as dicas deles

Publicado em 16 de fevereiro de 2018 às 13:53

Ícone - Tempo de Leitura 0min de leitura
Maira MIranda com o pequeno Vicente em Amsterdã, em agosto de 2017. (Instagram Mãe no mundo | Reprodução)

Tem casal que sempre adorou viajar. Mas aí veio o filho, e os sonhos turísticos ficaram meio de lado. Afinal, é muito complicado sair com criança. Será? Ouvimos famílias que vivem passeando pelo país e mundo afora para mostrar que não é porque você se tornou pai ou mãe que precisa abrir mão de se divertir por aí.

Você vai descobrir que as viagens com os pequenos podem ir muito além da casa do parente no interior ou do resort na praia.

“Viajar com as crianças é muito menos complicado do que parece”, garante a publicitária curitibana Patrícia Papp, de 42 anos. Na casa dela, todos têm espírito aventureiro e muita história para contar na bagagem. Ela e o marido, Nuno Papp, de 42 anos, são a prova de que levar as crianças nas viagens dá muito certo. E olha que eles têm dois para carregar!

“Quando minha filha mais nova tinha um ano e o mais velho tinha seis, passamos um mês na Tailândia. As pessoas ficaram chocadas! Naquela época, o lugar era considerado ainda mais exótico. Foi a melhor viagem que a gente já fez em família”, diz Patrícia, que, na volta da Tailândia, escreveu um livro contar a experiência.

ALIMENTAÇÃO

Segundo Patrícia, autora do “Como viajar com seus filhos sem enlouquecer” e do blog “Eu viajo com meus filhos”, uma das principais dúvidas dos pais na hora de escolher o destino é quanto à alimentação. “Quando começamos a viajar, fui a um pediatra que me disse algo que virou meu mantra: ‘onde você for vai ter criança, e elas têm as mesmas necessidades que os seus filhos’”, relata.

Patrícia e Nuno Papp com os filhos Luisa e Pedro na Tailândia. (Blog Eu viajo com meus filhos/Divulgação)

E levar criança birrenta, dá certo? Para Patrícia, isso pode ser um problema, mas também uma oportunidade para educar os pequenos. “Criança que faz birra é chata em qualquer lugar, no supermercado, na casa de amigos... E ela tem grande chance de fazer fora. Talvez o tempo de qualidade juntos ajude nisso, melhorando essa relação entre pais e filhos”, opina.

Mas calma! Seu filho pode se revelar um aventureiro, como o pequeno Vicente, que, com menos de dois anos de idade tem um passaporte carimbado. “Na nossa primeira viagem, para o Nordeste, ele tinha dois meses de idade. Acho que ele nasceu com alma de viajante. Adora passear! Quando a gente faz as malas para voltar, ele reclama”, conta a mãe, Maira Miranda, 33 anos, mineira criada em Vitória e dona do “Mãe no mundo”, com mais de 33 mil seguidores no Instagram.

PELO MUNDO

No final do ano passado, ela, o marido e o Vicente ficaram um mês na Jamaica. “Lá, a alimentação foi a parte mais difícil, já que a comida deles leva muita pimenta. Mas vivemos tanta coisa diferente, deu tão certo que estamos organizando uma viagem ao redor do mundo que vai levar seis meses”, revela Maira.

Ela não esconde a satisfação ao poder proporcionar essa experiência ao menino. “Mochilão, desses de conhecer sete países em duas semanas, não recomendo. Não dá para seguir roteiro com criança. Melhor escolher uns passeios e ir fazendo de acordo com clima do lugar e humor do filho. Gostamos de passar um tempo maior em cada lugar, conhecer a cultura mais a fundo. Em Londres, passamos um mês. Tanto que o Vicente falou ‘bye-bye’ antes de ‘tchau’”.

Maira sugere pesquisar o local antes de ir. “Sempre checo se perto de um museu que quero conhecer tem um parquinho legal”.

Ela tem um conselho aos pais com receio de partir para conhecer novos lugares com a cria. “Não esconda o mundo do seu filho. Ele tem muito a aprender, e os pais, a se divertir. Não existe idade mínima para começar a descobrir novas visões e culturas. Expandir a cabeça e abrir o coração são ensinamentos que vêm com experiências de viagens”.

DEPOIMENTO

Gustavo Oliveira, designer, marido da Mariana e pai do Lucas, de 3 anos

Nosso projeto é dar a volta ao mundo com nosso filho, o Lucas, hoje com 3 anos. A faísca do projeto surgiu quando voltamos da nossa primeira viagem internacional com ele. Fomos para o Chile e fizemos um roteiro mais lento, nos adaptando às necessidades do bebê, que tinha um ano e meio na época. E foi maravilhoso! Nos fez perceber que viajar com uma criança pequena não era um bicho de sete cabeças. Só precisávamos de planejamento, e esse sempre foi um ponto forte do casal.

Mariana Magoga Cardoso Pereira, o marido,, Gustavo Augusto Oliveira de Almeida, com o filho Lucas, de 3 anos, em viagem para a Tailândia, em janeiro de 2018 . (Instagram Mais vida por favor/Reprodução)

Então quando voltamos do Chile, ainda no aeroporto, falamos brincando se não daria para viver de viajar. Dois meses depois, já estávamos falando sério sobre o assunto e iniciando um planejamento. Largamos nossos empregos, vendemos carro, computador, eletrodomésticos e colocamos o apartamento para alugar no Airbnb.

Começamos em maio de 2017 pelo Peru, e depois partimos para os Estados Unidos e Canadá por dois meses, ficamos na Europa por quatro meses, passando por Inglaterra, Portugal, França, Croácia e Alemanha, e seguimos pra a Ásia, onde visitamos a Tailândia, Hong Kong, Filipinas e estamos agora no Vietnã. Já foram 10 meses de viagem e pretendemos viajar por quase um ano e meio, mas quem sabe?

Tem sido uma experiência incrível. Vivemos cada momento da viagem tão intensamente, que um mês de viagem parece um ano de vida. Até agora o país mais desafiador foi as Filipinas. A infraestrutura de turismo do país ainda não é tão desenvolvida, e tivemos alguns perrengues. Lucas enjoou em um dos barcos que pegamos. Ficou doentinho e ficamos achando que poderia ser Malária / Zika / Dengue, porque estava cheio de picadas. Mas no fim era só um resfriado comum.

Achamos que o ponto principal é se adaptar a velocidade e rotina que os pequenos precisam. Passamos a viajar de forma mais lenta, que além de ser melhor para a criança, permite que conheçamos mais da rotina e costumes locais e ainda é mais econômico!

Hoje, depois de ter visitado 13 países com o pequeno, achamos que é possível levar crianças para qualquer lugar. O importante é estudar bastante o local, costumes, doenças e a alimentação. Se você se planejar bem, vai estar pronto para qualquer imprevisto e a viagem vai correr super bem.

PEQUENO MANUAL PARA VIAJAR COM CRIANÇAS

ESCOLHENDO O DESTINO

Pesquise: Os mais experientes garantem: é possível ir para qualquer lugar com as crianças. Mas antes de viajar, pesquise sobre o local, sua cultura, hábitos alimentares, sobre o clima, as opções de passeios para adultos e crianças

Satisfação garantida: Enquanto seu filho é pequeno, você escolhe o destino. Se costuma fazer trilhas, comece a incluir as criança nesse tipo de roteiro. Se quer acampar, acampe. Não adianta ir para um hotel fazenda se você queria estar na praia

Adapte-se à realidade: A família é grande, com dois, três filhos, e ficou caro viajar? Adapte-se à nova realidade, mas não deixe de curtir esse hobby. Nem que seja para economizar o ano inteiro para fazer uma super viagem ou ir fazendo viagens menores e mais baratas. Veja o que cabe no seu orçamento, mas não desista. Lembre-se que bebês com menos de 2 anos de idade viajam de graça de avião e não pagam hospedagem

Planeje: Se vai visitar mais de um lugar na mesma viagem, compre passagens e faça reservas da hospedagem com antecedência. Certifique-se se o hotel tem berço ou cama extra, quais os custos. Pesquise sobre hotéis ‘kids friendly’ e restaurantes que tenham fraldário, por exemplo

Veja outras opções de hospedagem: Vai passar mais tempo em um lugar e não quer gastar com hospedagem? Analise a possibilidade de fazer troca de casas, um intercâmbio de residências. Há sites com milhares de pessoas inscritas a fazer isso! Basta achar alguém disposto a oferecer a casa dele e a ficar na sua pelo mesmo período

Horário da viagem: Se for uma viagem longa de avião, prefira fazer à noite, para que as crianças possam dormir. Leve alguns brinquedos para distrai-las nos momentos de tédio e o voo não se tornar enlouquecedor

O QUE LEVAR ( E O QUE NÃO LEVAR)

Malas pequenas: Aprenda a levar apenas o essencial. Seja prático. Arrume tudo com antecedência para não esquecer o que é mais importante. Leve dois ou três brinquedos para seu filho, para aquelas horas de emergência, como longa espera no aeroporto, dias de chuva no hotel, um almoço com mais tranquilidade...

Farmacinha: Uma dica é ir ao pediatra antes da viagem, relatar as peculiaridades do local e pegar as receitas do que é preciso levar de medicamento para situações que podem ocorrer no local e evite perrengues

Alimentação: Se o bebê não está na amamentação exclusiva mais, uma dica pode ser levar na viagem papinhas congeladas, que podem ficar perfeitamente no frigobar do hotel. Outra dica é separar o primeiro dia para conhecer um mercado local e comprar frutas, começando ali a descoberta de novos sabores

EXPLORANDO O LOCAL

Sem correria: O menos indicado com crianças pequenas seja o tal do mochilão. Conhecer vários países em poucos dias pode não dar certo com os pequenos a tiracolo. Escolha dois lugares onde deseja mais ir e passe mais tempo neles. Vai ser menos estressante e mais prazeroso. Com filhos pequenos, o ritmo é outro! Não dá para sair de um canto para outro, pulando refeições, dormindo em qualquer lugar. A criança precisa se alimentar e dormir direito. Respeite isso e tudo correrá bem

Agradando a todos: Nos passeios, todo mundo tem direito de escolher aonde ir. Tem a hora de ir ao museu, tem hora de brincar no parquinho e tem a hora das comprinhas. Ensine seu filho desde cedo a respeitar o momento dos adultos nas viagens

Faça um roteiro infantil: Criança quer brincar, andar e correr. Entre um ponto turístico e outro, insira na programação parques, zoológicos, aquários ou locais que ofereçam infraestrutura para seu filho

Reveze: Enquanto o marido descansa no café, a mãe leva a criança para brincar. Se é bebê de colo, vale revezar nas caminhadas. E pode apelar para tio, avó, quem mais estiver acompanhando na viagem

Lidando com imprevistos: Alguns problemas que acontecem com crianças em viagens podem acontecer perfeitamente em casa mesmo. Se os dentinhos do bebê estão nascendo, ele pode ter febre, ficar sem comer. Em dias assim, pode não ser possível fazer os passeios. Prepare-se para isso para não se frustrar

Este vídeo pode te interessar

Conhecendo línguas, culturas e costumes: As viagens, principalmente para o exterior, são oportunidades de aprendizado para as crianças, que terão contato com outra língua, outros temperos culinários. Explore bastante com eles, seguindo os devidos cuidados, claro, e divirta-se

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta

A Gazeta integra o

The Trust Project
Saiba mais