Publicado em 31 de maio de 2018 às 18:21
Qual é a chance de encontrar um amor pelo caminho, durante uma viagem? Para a professora de educação física Sylvia Neves, hoje com 73 anos, era bem remota. Mas aconteceu.>
O ano era 2004 e ela decidiu fazer o Caminho de Santiago de Compostela - rota de peregrinação que chega até a cidade de Santiago de Compostela, na Espanha, e é considerado Patrimônio da Humanidade. Foi durante essa caminhada, de 30 dias e 800 quilômetros, que o francês François Piquet, hoje com 74 anos, se apaixonou à primeira vista por ela. Faltando cinco dias para terminar ele me viu. Estava sentado num bar, eu passei, e ele conta que ficou com aquela imagem gravada na memória, diz Sylvia com um certo sorriso nos lábios.>
Se encontraram mais algumas vezes pelo trajeto, sem trocarem nenhuma palavra. Eu não entendia e nem falava francês. E ele não falava português. No último dia, François me deu um cartão de visitas com seus dados e se despediu com um beijo na minha mão.>
Depois disso, ambos voltaram para seus países de origem. Só que o francês, durante os meses seguintes, ia na caixa dos correios todos os dias a espera de alguma notícia. Ele não sabia nem de onde eu era. Não sabia nada de mim, conta ela, rindo. Até que, na véspera do Natal, Sylvia resolveu mandar um cartão desejando boas festas. Nele estava escrito, em bom português: Foi bom te encontrar no caminho.>
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A filha traduziu a frase para François, que também decidiu mandar um cartão para a capixaba. E foi assim, por cartas, que começaram a conversar. Sylvia resolveu estudar francês e, tempos depois, acabou indo conhecer François na Europa. Com ele minha vida floresceu, diz, realizada. Há 11 anos eles estão juntos, vivendo um amor que nunca imaginaram. Passam boa parte do ano no Brasil e outra parte na Europa.>
Diante de um amor tão bonito, a história dos dois só poderia ser representada pelo filme Up Altas Aventuras, animação que faz rir, sorrir, sonhar e se emocionar. Como conter uma lágrima quando vemos um casal de velhinhos feliz ser separado por algo tão irrevogável quanto a morte. No caso da nossa história, o enredo é adaptado, já que o casal foi separado, durante um tempo, por um oceano. Mas se encontraram e vivem felizes.>
DIÁRIO DE UMA PAIXÃO>
Quem nunca viu um romance no estilo Eduardo e Mônica, sucesso da banda Legião Urbana? A história de Renata Spinassé e Bruno Penna começa assim: ela se formando e ele no pré-vestibular. Era uma segunda-feira, estava no meu estágio, e dei uma olhada no meu horóscopo, que dizia que eu encontraria uma pessoa que iria lembrar a vida toda.>
No mesmo dia, de tarde, a futura arquiteta foi malhar numa academia em Jardim Camburi e, na esquina, encontrou o estudante de terceiro ano do ensino médio. O amor estava literalmente escrito. A partir desse dia criamos o ritual de encontro que durou alguns meses. Até que as férias escolares chegaram e não nos vimos mais, conta ela.>
Ela namorou outra pessoa. Ele também teve outros casos. Até que o destino resolveu ajudar mais uma vez, só que sete anos depois. Fui comemorar a compra do meu primeiro carro com a minha mãe e o namorado. E o Bruno estava no restaurante. Lembrei de tudo e, no dia seguinte, terminei o namoro, diz Renata.>
Renata e Bruno voltaram a sair, namoraram, casaram e hoje tem duas filhas. O filme que representa a história deles é Diário de uma Paixão, que acontece na década de 40, na Carolina do Sul. No longa, o operário Noah Calhoun e a rica Allie estão desesperadamente apaixonados, mas os pais da jovem não aprovam o namoro. Quando Noah vai para a Segunda Guerra Mundial, parece ser o fim do romance. Enquanto isso, Allie se envolve com outro homem. Mas quando Noah retorna para a pequena cidade anos mais tarde, próximo ao casamento de Allie, logo se torna claro que a paixão ainda não acabou - assim como aconteceu com Renata e Bruno, sete anos depois. Nossa história também tem tragédia, já que meu pai morreu no mesmo ano que a mãe dele, e comédia, já que a gente casou no centro do Rio de Janeiro e comemorou na Sapucaí. Também embarcamos num retiro espiritual de uma semana e isso foi a conclusão do nosso casamento.>
AMOR DE CARNAVAL>
Era carnaval fora de época, em 2001, em Governador Valadares, Minas Gerias, e estava tudo certo na cabeça da Janaina Melo, hoje com 42 anos. Eu, fã da banda Chiclete com Banana, fui para me divertir atrás do trio elétrico. Tudo o que eu não queria era namorar. Não fui para isso, conta aos risos.>
Mas o destino reservou uma surpresa daquelas para a dentista. Foi na micareta que ela conheceu o marido Henrique Pelissari. Ele ficou me olhando, era um gato. Aliás, até hoje é. E veio falar comigo. Se beijaram e, desde então, nunca mais se desgrudaram. Estão juntos há 17 anos.>
Na volta para Vitória - após a folia - ainda teve uma surpresa. Convidada por ele para sair, descobriu naquela noite que moravam quase na mesma rua. Tivemos que viajar vários quilômetros para nos encontrar e descobrir isso, conta.>
A história de Janaina e Henrique, com final feliz (ela disse sim!), é única. Na temporada carnavalesca, aquele momento de sentimentos à flor da pele em que muitos iniciam suas histórias que só duram até quarta-feira de cinzas foi além. Nossa história é a prova de que amor de Carnaval dá certo e vira casamento, brinca.>
Tanto que eles escolheram o filme Orfeu para representar a história, por também se passar nos dias de folia. O filme brasileiro se passa na época do Carnaval e é uma história romântica sobre o amor impossível de Orfeu, um compositor de escola de samba, e a jovem e bela Eurídice. O que coincide é a parte da festa e a nossa paixão pelo Carnaval, conta ela. Tanto que, mesmo depois de casados, eles já foram para o Carnaval de Salvador e para outras micaretas. Somos muito parceiros. Conseguimos nos divertir em locais que não são para casais.>
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